Cap 55 - Toda uma vida...

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CAPÍTULO 55


O Sr. X abriu os olhos e viu uma fileira de desfocadas linhas verticais. Grades? Não, pernas de uma cadeira. Estava estendido sobre um piso de madeira rústico. Deitado de bruços. Debaixo de uma mesa. Levantou o queixo, sua vista ficou borrada de novo. Meu Deus, a minha cabeça dói como se houvesse sido partida ao meio.. De repente, lembrou-se de tudo. A luta como Rei Cego. O golpe que  omega lhe dera com alguma coisa pesada. O momento em que desabara. Enquanto o Rei Cego lutava para se manter vivo, tentando estancar o sangue dos ferimentos causados pela espingarda, e o omega estava concentrado em seu Alfa, o Sr. X havia escapado se arrastando até Sua minivan. Afastara-se ainda mais da cidade, dirigira para as montanhas dos confins de Caldwell. Por milagre, encontrara sua cabana no escuro e, com muita dificuldade, conseguira abri-la e entrar nela antes de desmaiar. ignorava quanto tempo ficara inconsciente.

Os vãos na parede de troncos filtravam os primeiros raios do amanhecer. Era a manhã seguinte? Não estava muito convencido disso. Tinha a sensação de que vários dias haviam transcorrido. Movendo os braços com muito cuidado, tocou a parte traseira da cabeça. A ferida estava aberta, mas começava a cicatrizar. Com um tremendo esforço, conseguiu se levantar e apoiar-se na mesa. De fato, sentia-se um pouco melhor com a cabeça erguida. Tinha tido sorte. Os redutores podiam ficar permanentemente incapacitados por um golpe forte ou uma ferida de bala. Não morto, mas arruinados. 

Ao longo das décadas, encontrara muitos outros membros da Sociedade inutilizados, escondendo-se, apodrecendo, incapazes de se curar para voltar a lutar, e muito fracos para esfaquearem a si próprios e cair no esquecimento. Olhou as mãos. Estavam manchadas com o sangue seco do Rei Cego e o pó do celeiro. Não se arrependia de ter fugido de lá. Em determinadas ocasiões o melhor movimento que pode fazer um líder é abandonar a batalha Quando as baixas são muito numerosas, e a derrota praticamente certa, a manobra mais inteligente é a retirada, para lutar outro dia.

O Sr. X deixou pender os braços. Precisaria de mais tempo para se recuperar, mas tinha de encontrar seus homens. Os vazios de poder na Sociedade eram perigosos. Em particular, para o redutor-chefe.

A porta da cabana se abriu de repente. Ergueu a vista se perguntando como se defenderia, antes de se dar conta que pela hora do dia não podia ser um vampiro. O que ocupava a soleira fez com que seu sangue negro congelasse nas veias. O Beta.

- Vim ajudá-lo a se recuperar – disse, com um sorriso. Quando a porta se fechou, o corpo do Sr. X estremeceu. A ajuda do Beta era mais apavorante do que qualquer sentença de morte.


-A mansão da tumba. Estou lhes dizendo, é para lá que deveríamos ir - disse Suga, enquanto espetava um pedaço de rosbife da bandeja de prata que o mordomo lhe oferecia -O brigado, Fritz.

Magnus olhou para Alexander, pensando que se recuperara por completo, apenas um mês depois de ter sido atingido. Estava sadio e forte. Formidável como sempre. Arrogante. Adorável. Impossível e irresistível.

Enquanto ele se acomodava em sua cadeira à cabeceira da mesa, segurou-lhe a mão, acariciando-lhe a palma com o dedo polegar. Sorriu para ele. Estavam vivendo na casa de seu pai enquanto ele se recuperava, traçando planos para o futuro. E, todas as noites, a Irmandade ia jantar com eles. Fritz não cabia em si de contente com aquele entra e sai de gente. 

-Sabe? Parece-me uma excelente ideia – disse Mile. - Eu poderia cercar muito bem aquele lugar. É bem isolado, na montanha. E construido em pedra, de modo que não devemos temer incêndios. Se instalarmos umas persianas metálicas retrateis em todas as janelas, poderíamos nos movimentar durante o dia. Isso representa um ponto crítico nesta casa, quando.. - parou. -E não conta com enormes salões subterrâneos? Poderíamos utilizá-los para treinar.

Anjo Sombrio (MALEC)Onde histórias criam vida. Descubra agora