Sonhadora

Anos mais tarde...

Papá realmente me embarcou para Florença na Itália, casa da minha zia Vittória, por causa meu comportamento e por terem contado à ele sobre eu e Apolo, até hoje, quando me pego pensando neste assunto, fico a pensar, quem será que contou à ele sobre nós e nossa fuga? Penso em como poderia estar a nossas vidas e tudo que planejamos naquela tarde em nosso esconderijo estivesse acontecido. Já havia passado um mês desde que tive aquela conversa com papá e para mim ele já havia esquecido disto tudo, e eu também estava cautelosa, sem fazer travessuras, apenas me encontrando às escondidas com Apolo em nosso esconderijo e depois da aula de dança.

Lá em Florença aprendi a controlar meu espírito livre com aulas de etiqueta com zia Vittória, ela tratou de me colocar no melhor colégio, de me corrigir sobre meu modo imprudente e impulsivo, além meu jeito selvagem e depois orientou a seguir na melhor universidade, além de me ensinar toda a cozinha italiana, quem diria que eu levasse para isto.

Papá foi bem rigoroso, não me deixava vir visita-los, dizia que não queria correr o risco de eu voltar a agir daquela maneira influenciada pelo lugar e Apolo, ele quase teve uma síncope, reclamou horrores no ouvido de mamma que nossa amizade acabaria nisso e ele avisou, então era eles que vinham me ver uma vez ao ano, as vezes mamma e papá, outras papá e Antonella, papá e Matteo, sempre papá mais alguém.

Sobre Apolo, perdi total contato, nossa ruptura foi tão inesperada e abrupta, sem tempo para despedida ou um ultimo beijo, ainda tenho a memória muito viva de nossa ultima tarde juntos e a minha ida adiantada e também inesperada, eu ainda mandei mensagens para ele depois de uns 7 meses aqui, foi quando consegui comprar um celular escondido de minha zia, mas nunca me respondeu.

O primeiro ano foi o mais difícil, senti falta demais da minha casa, minha adaptação não foi fácil, sofri por não saber muito bem italiano, por não conseguir fazer amizades de cara, por ter a supervisão mais rígida de zia Vittória, a principalmente, perder contato com Apolo, afinal, antes de tudo ele era o meu melhor amigo,  cheguei em algumas vezes perguntar por ele para mamma, Antonella e no desespero para Matteo, e todos diziam que não tinham notícias dele, que Eustáquio o mandou para um colégio interno, pois também estava dando um trabalho dobrado e que papá havia cortado a amizade com os Adrastéia. Depois de um tempo, recebendo as mesmas respostas, parei de perguntar.

Formada, eu estava decida a ficar por lá, minha vida toda lá, afinal, não tinha mais motivo para voltar.

Tive que voltar após receber o telefonema de mamma aos prantos avisando que papá tinha falecido.

Lá eu nunca tive muitas amigas, mas tinha Milena, amiga que acolheu quando cheguei lá meio que selvagem.
Tinha trabalho em uma loja de vinhos e até um namorado, que hoje é ex, terminou comigo quando disse que precisava voltar para assumir a fazenda e a loja.

Voltei, estive ao lado de mamma naquele momento difícil, e assumi o que é meu por direito e tradição de família.

Se é para tomar a frente, então vamos!