Noiva?

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- Noivos? - Matteo exclama alto.

A mesa, que antes estava agitada e com conversas paralelas, agora se transformou em um silêncio total, Matteo falou tão alto que todos da mesa voltam a atenção para mim.

Não era a minha intenção, deixar mamma saber dessa forma, mas cai na besteira de contar para o escandaloso do Matteo, o que me rendeu uma situação desconfortável.

Mamma praticamente engasga com o cálice de vinho que está bebendo, Antonella para a garfada no meio do caminho, seu esposo para de balançar Vincenzo no colo, o próprio Vincenzo me encara, o que chega ser engraçado, como se ele soubesse o que está rolando.

- Shiiiu - Cutuco Matteo com o pé por debaixo da mesa.

Mamma e Antonella trocam olhares, como se estivessem decidindo algo, e Antonella então fala:

- Apolo nunca deixou de perguntar por você, se quer saber, isso acabou irritando papá, ele me obrigou a escrever aquela bendita carta, não tive escolha e você bem sabe como ele era, ele só queria te proteger, mas percebemos ontem, no festival, como o papá estava errado, que Apolo e você, foram feitos para serem de vocês. - Ela "vomita" tudo em mim.

Isso me choca, fico paralisada, não esperava uma reação dessas e muito menos uma confissão.

- Geórgia, não vai falar nada? - Ela me questiona, vê que continuo sem reação, respiro fundo algumas vezes antes de falar.

Agora mais calma, olho para ela, e para mamma do outro lado da mesa.

- Antonella... - Respiro fundo, tentando deixar a minha mente menos paralisada possível do que já está. - Antonella, você sabia o quanto eu gostava dele. - Sinto um nó formar na minha garganta.

- Eu sei Geo, me perdoe. - Ela fala com lágrimas nos olhos.

Começo a chorar na frente de todos, o que mais queria saber, me foi dito assim, do nada, de forma espontânea, meu choro é de alívio.

- Mia figlia (minha filha). - Sinto os braços de mamma ao meu redor. - Não chore il mio fiore (minha flor), tuo papá só queria proteger você de você mesma. - Eu choro mais ainda. - E veja só, oggi (hoje) você é una donna (uma mulher) incrível, está fazendo un belo trabalho com a vinícola, cuidando de tua velha mamma, acredito que agora seja momento giusto (justo) de vivere (viver) esse amore.- Eu imediatamente olho para cima olhando em seu rosto, busco qualquer sinal de brincadeira ou olhar de reprova, mas só encontro o olhar de ternura de mamma.

- Mamma... está dizendo... - Ela me interrompe.

- Sim mia figlia, do la mia benedizione (dou minha benção). - Ela fala me vendo levantar e abraça-lá.

Levanto rápido da cadeira e a abraço em um misto de choro e riso.

- Obrigada mamma, grazie mamma. - Falo rindo misturando as línguas enchendo ela de beijo.

- - Calmate aí, vai derrubar tuo mamma. - Ela fala rindo.

- Desculpe mamma. -Peço me afastando e limpando os olhos.

Antonella se aproxima com os braços abertos e eu a abraço.

- Eu jamais fiz por querer Geo, jamais! - Ela fala chorando. -Me perdoe. - Me pede.

- Claro Nella - Digo chorando junto. - Só não minta mais e nem esconda nada mais de mim, ok? - Peço à ela e ela afirma com a cabeça.

- Bom, che questa storia termine aqui - Mamma fala voltando a comer.

- Quando vamos oficializar? - Matteo fala. - Ele ainda não veio me pedir a sua mão. - Ele fala sério.

- Pedir à você? - Pergunto confusa.

- Sim, papá pode não estar mais aqui, mas nesta casa ainda tem o homem da família. - Ele responde bem sério.

- E este homem no caso é você? - Antonella fala quase rindo.

- Claro, eu sou o homem da casa. - Ele fala e todas nós caímos na risada.

Antonella perde até o folego de tanto que ri, até mamma ri disfarçadamente e eu dou risada até doer a minha barriga, Matteo por outro lado, fica ofendido e bravo.

- Mamma diz pra elas que eu sou o homem da casa agora. - Ele pede apelando para mamma.

-  Sim mio figlio, você é o uomo di casa. - Mamma fala disfarçando o riso e deixando ele satisfeito.

- Viram só. - Ele fala todo cheio.

Troco olhares com Antonella e seguramos o riso.

- Ma allora (mas então), quando vamos fazer o almoço? - Mamma me pergunta.

- Almoço? - Pergunto sem entender.

- O almoço de noivado Geo. - Antonella fala voltando a comer.

- Eu não pensei em almoço de noivado na verdade. Não esperava por isso. - Falo dando um sorriso fraco.

- Bene, avise aos Adrastéia que faremos o almoço sabato prossimo (sábado que vem). -  Mamma fala voltando a comer também.

- Sábado que vem mamma, está muito em cima da hora. Temos que planejar tudo. - Antonella fala empolgada.

- Gente, calma. - Falo barrando elas que já iniciaram em uma conversa intensa.

- Como calmate? Não me diga che cosa farò lì(que já vão fazer lá)? 

- Não...

- Allora (então) estão decidido, fazermos qui (aqui) se tuo volere (você quiser). - Mamma me fala olhando.

- Quero sim mamma; - Respondo sorrindo.

Um almoço de noivado? Aqui? Por essa eu não esperava, faz anos que os  Adrastéia não vem almoçar aqui, pelo menos foi o que Matteo me disse, e agora mamma quer fazer um almoço de noivado para mim. Isso, só pode ser um sonho, estou dormindo ou alucinando acordada, só pode.

Me levanto, vou até a cozinha, coloco meu prato na pia e volto.

Na volta, Vincenzo joga os bracinhos gordinhos para cima de mim.

- Está querendo o colo da tua zia meu amor? - Digo pegando ele do colo do meu cunhado.

Ele agita as perninhas quando eu o pego no colo, rapidamente, coloca a mão na minha boca, como se estivesse procurando por algo, eu fico tirando a todo momento.

- Bom, e i miei nipoti ( e meus netos) ? Terão figli né (filhos)? -  Mamma me pergunta vendo com Vincenzo no colo.

- Mamma, estamos falando de um casamento de gregos com italianos, é como cruzar duas raças de coelhos, a senhora tem dúvidas que Geórgia ficará grávida na lua de mel? - Matteo fala rindo entrando na conversa.

- Não é assim também, tenho apenas um. - Antonella rebate.

- E já está na ora de dare a me (hora de me dar) outro nipote (neto). - Mamma fala para ela séria.

- Calma sogra, esse aqui não fez um ano ainda. - Marido de Antonella fala um pouco assustado.

- Bom, teremos filhos sim, todos que Deus nos enviar. - Falo vendo mamma a me olhar orgulhosa.

- O papo está bom, mas preciso voltar para meus estudos, semana de prova, vim curtir o festival, agora preciso correr atrás do prejuízo, vou aproveitar que tenho tempo antes do voo e vou estudar. - Matteo fala a se levantar da mesa e pegar seu copo e prato e ir em direção a cozinha.

- Eu vou me encontrar com as meninas na cachoeira. - Falo entregando Vincenzo para Antonella. - Tchau me amorzinho. - Dou um beijo nele.

Passo por mamma e dou um beijo em sua cabeça e também saio.
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E aí, o que acharam do resultado dessa conversa? Será que esse almoço vai dar o que falar ou não?

SonhadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora