O passado

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 - Bom, já passa das dez. - Quebro o silêncio. - Eu preciso ir, mamma pediu para não chegar tarde. - Solto a minha mão da dele me levantando. - O jantar estava ótimo, obrigada. - Pego minha clutch da mesa e caminho passando por ele para pegar o corredor entre as mesas.

Ele se levanta rapidamente, e me pega pelo braço direto, vindo até mim.

- Geórgia, eu não quis...

- Eu entendo Apolo. - Interrompo ele. - De verdade, não precisa me falar nada. - Digo séria olhando ele.

- Geórgia! Meu Deus! Me deixa esclarecer as coisas. - Ele pede ficando levemente irritado.

- Esclareça então, seja lá o que tenha pra ser esclarecido. -Digo soltando meu braço da mão dele e cruzando no peito.

- Bom, eu só achei que você não fosse mais virgem, acho que me deixei levar pela garota do espirito livre, que segui o próprio instinto que conheço.

Ouvir isso me doí.

Doí, pois acabei de saber que ele está me julgando pela garota que eu fui um dia, e não pela mulher que eu sou hoje.

- Ela não existe mais! Quando é que você vai entender isso Apolo? - Digo ríspida, a minha voz é pura emoção. - E se você não é capaz de entender isso Apolo, eu sinto muito, mas para mim, a gente termina aqui, o que nem começamos! - Me viro saindo andando apressada em sentido a saída do restaurante.

Ele vem atrás de mim, me alcança e passa, ficando em frente à mim. E fala nervoso pela forma como falei com ele:
- Não se atreva a falar assim comigo, e me deixar aqui sozinho! - Ele fala alto na minha frente. - Se alguém aqui tem direito para isto, esse alguém aqui sou eu. - Olhando com os olhos semi cerrados fixamente para mim.

- Do que você está falando? - Pergunto confusa com a voz meio alta.

- Eu tô falando, que eu não vou ser deixado pela segunda vez Geórgia, não vou! - Sua afirmação é nervosa e cheia de dor. - Você acha que eu não sofri quando você me deixou? - Sua voz é cheia de emoção.

- Eu te deixei? Apolo, eu não tive escolha, eu não tive se quer a oportunidade de fazer alguma coisa. - Eu digo indagada, nervosa.

Ele solta uma risada irônica e fala:

- Geórgia, para! - Ele volta a ficar sério. - Para, que eu recebi a carta que você me deixou.

Me espanto com o que ele fala.

- Carta? Eu não te deixei carta nenhuma Apolo. - Falo nervosa tentando passar com ele na minha frente.

- Como assim? Eu recebi uma carta sua pela Antonella. - Ele diminui o tom de voz e fala um pouco confuso.

Isso me paralisa por uns instantes.

- Carta minha? Pela Antonella? Não, não, eu cheguei em casa aquele dia e encontrei mamma aos prantos fazendo a minha mala. - Digo nostálgica me lembrando daquela tarde assustadora que tive ao encontrar mamma naquele estado.

- Do que você está me falando? - Ele indaga cético. - Era sua letra.

- Eu tô falando que não escrevi carta nenhuma cáspita! - Exclamo nervosa. - Será que você não consegui entender isso, pense, nem que seja por um segundo, pense,  você acha mesmo que EU te escreveria uma carta? Depois de passar a tarde toda planejando fugir com VOCÊ caso papá não permitisse? Você realmente achou isso? - Me esforço para não chorar aqui e agora.

Ele para por um momento, respira cansado e me olha com um olhar cheio de mágoa.

- Eu achei. - Fala baixo. - Eu achei que tudo que estava escrito lá era verdade, era sua letra. - Sinto dor nas suas palavras.

Isso foi mais difícil de engolir do que eu pensei que seria.

Engulo em seco e falo seco:

- Eu preciso ir, poderia me dar licença.

Ele sai da minha frente, vai até a porta e abre para mim, passo por ele engolindo o choro e caminho até o meu carro.

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Capitulo curto, porém intenso né.

E aí, me dizem se estão curtindo.



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