Capítulo 1

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Luca

Dez anos se passaram e eu ainda não consigo esquecer o que eles fizeram comigo. Me levaram para o galpão e me torturam por dias, depois jogaram meu corpo desacordado na frente da boate. Stefania que me encontrou e me ajudou, sou muito grato a ela. Fani se tornou minha melhor amiga, ela e sua esposa Linda, que estão juntas até hoje e têm uma filha de quatro anos, Martina, minha afilhada.

Me olho no espelho sem camisa e tenho nojo. Não gosto do que me tornei, fisicamente e psicologicamente. Meu tronco e costas é coberto por cicatrizes e marcas da tortura que fizeram comigo. Minha cabeça é fodida, depois do que aconteceu, me afastei de todos, até do meu melhor amigo. Não o vejo faz muito tempo, nem sua família por quem tenho tanto carinho. Lembro de sua irmã, Giovanna, ela tinha uma queda por mim. Deve estar com uns dezoito anos. Passei um tempo longe de tudo e todos, completamente isolado.

Hoje é a cerimônia de Leonardo, para ele se tornar Don, eu o subchefe e Antônio consigliere. Estou mais nervoso por ver todo mundo do que para o evento em si. Reencontrá-los depois de anos fugindo de qualquer contato. Só conversei poucas vezes com meus amigos, Stefania, Linda, minha irmã e meus pais.

Nunca mais fiquei com ninguém, me tornei celibatário. Perdi a virgindade com dezesseis, mas ficava com poucas meninas e desde dos dezoito, quando aconteceu o acidente e fiquei deformado, não fiquei com nenhuma mulher. Apesar de Fani e Linda tentarem me colcocar em diversos encontros às cegas, não deixei. Tenho medo de tirar a camisa e a mulher me olhar com nojo. Prefiro não ter esse risco.

Após a cerimônia, tento sair mais rápido o possível para não falar com ninguém

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Após a cerimônia, tento sair mais rápido o possível para não falar com ninguém. Até que esbarro em alguém, seguro sua cintura, quando vou xingar essa pessoa olho para ela e vejo a mulher mais bonita do mundo. Olhos castanhos claros, lábios carnudos, cabelos lisos e castanhos, alta, magra com curvas nos lugares certos.

- Luca. - sua voz sai como um sussurro. É Giovanna, não sabia que estava tão bonita, cheirosa... Não, não posso pensar isso dela. Além de irmã do meu amigo, uma mulher como ela nunca se relacionaria com um homem como eu, deformado. - Desculpa, não te vi andando. Como está? Quanto tempo não te vejo. - ela fala meio nervosa. Quando vou responder, escuto Fani me chamar.

Sei que vou magoá-la, mas vou ignorar Gio. Não posso me envolver com ela. Vou em direção em Fani e deixo a caçula dos Manginello. Minha amiga me abraça e diz:

- Que bom te ver aqui, amigo. - olho para trás e vejo Gio com os olhos cheios de lágrimas. Ela sai correndo e me seguro para não ir atrás dela. - O que foi?

- Nada, vamos. Vou dar carona pra você e Linda. Vou ao clube também.

Tomo um gole do meu whisky

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Tomo um gole do meu whisky. Estou na minha sala no clube, que é ao lado da de Leonardo. Normalmente quando estou sozinho só penso no acidente e o quanto fui ferido. Entretanto, hoje não consigo parar de pensar em Giovanna e no nosso encontro. Hoje, eu e minha família iremos jantar na casa do Don. Meus pais acreditam que ele irá pedir Antonella, minha irmã em casamento. Eu acredito que não, Leo ficou deslumbrado com uma mulher no evento da empresa dele. Eles são bons pais, mas infelizmente criaram minha irmã pra ser esposa de Leonardo sendo que não teve acordo nenhum. E ela se iludiu completamente, porque o Don não tem interesse nenhum nela.

Recebo a notificação de que as drogas chegaram no galpão, vou a sala de Leo avisá-lo.

Quando chegamos na casa dos Manginello e o nos levam até a sala de visitas, a família está conversando e pegamos o final da conversa

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Quando chegamos na casa dos Manginello e o nos levam até a sala de visitas, a família está conversando e pegamos o final da conversa. Leonardo está dizendo que Marina Bianchi será sua esposa. Minha mãe e Antonella ficam de cara no chão, seguro o riso apesar de ficar com pena da minha irmã.

Olha para a sala e vejo Gio no canto. Ela mal me encara e sei o porquê. Não deveria ter tratado ela mal, mas tenho que manter distância. Estou quebrado tanto no físico quando no psicológico.

Depois do momento constrangedor, vamos jantar e tudo corre bem. Só que não consigo tirar os olhos de Gio, tento evitar, mas é impossível. É como se ela fosse um imã que puxa minha atenção pra si facilmente. Estou impressionado o quanto ela mudou, está com cara e corpo de mulher.

Para me distrair um pouco, peço licença e saio da sala de estar onde estamos tomando licor e conversando. Vou em direção a varanda que dá para o jardim e o gazebo daqui. A brisa fria em direção ao meu rosto e a noite estrelada fazem daqui o lugar perfeito. E claro não tem Giovanna para atormentar minha cabeça com sua beleza.

- Está tudo bem, Luca? - falando no diabo. Agora não posso mais fugir, tenho que encará-la.

- Sim, tudo certo. E com você? - digo meio ansioso.

- Tudo bem também. - ela pausa, respira fundo e diz. - Eu fiz alguma coisa pra você? Desculpe, perguntar, mas você me ignorou na cerimônia e foi até sua namorada. - rio mentalmente quando ela diz que Fani é minha namorada. Mas não vou desmentir, quero Gio o mais longe o possível de mim.

- Não fez nada, Giovanna. Só que Stefania estava me chamando. - digo meio grosso. Não queria ser assim com ela.

- Tudo bem. Só vim te chamar, porque seus pais estão indo embora. Desculpe incomodar. - ela fica claramente magoada e sai em seguida.

- Por que você está agindo assim com ela idiota? E ainda não desmentiu quando ela falou que sou sua namorada

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- Por que você está agindo assim com ela idiota? E ainda não desmentiu quando ela falou que sou sua namorada. Eca, Luca, toma jeito. Sou muito bem casada. - Estou no clube e Fani está trabalhando no bar. Estou sentado no balcão e comentei com ela a respeito do que aconteceu no jantar de ontem.

- Eu entrei em pânico, ok? Ela está muito diferente e isso mexe comigo. Vê-la adulta, linda, não sei lidar com isso. Se eu me aproximar não vou conseguir me controlar. Tenho que manter a distância.

- Luca, você merece ser feliz. Para de se auto punir, você não é culpado. Se ela gostar de você de verdade, não se importará com suas cicatrizes. Acaba com esse celibato logo.

- Ela não aguentará me ver por completo. Gio é muito inocente ainda, ela sentirá nojo das minhas cicatrizes e eu não quero ser rejeitado.

- Amigo, você não saberá se tentar. Suas marcas mostram que você é um sobrevivente. Com dezoito anos foi sequestrado e torturado por dias, e sobreviveu. Isso é motivo para comemorar. As cicatrizes fazem parte da sua história.

Apesar de Stefania me falar essas lindas palavras, não consigo tirar da minha cabeça o por quê não posso normal como todo mundo? Por que tenho que ser todo ferrado?

Se fosse em outra vida é provável que eu tentaria ter algo com Gio, porém não nessa.

Sempre fui Seu - Série Irmãos Manginello (Livro 2) / EM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora