Capítulo 7

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Luca

Me sinto um merda. Faz semanas que Gio não fala comigo e nem olha na minha cara, e eu sei que mereço. Eu apenas surtei quando ela começou a desabotoar minha camisa. Giovanna ia ver minhas cicatrizes e olharia com nojo. Não estava preparado para ver seu olhar de pena e rejeição.

Me arrependi na hora quando gritei com ela. Vi seu olhar magoado, cheios de lágrimas e decepção. Aquele olhar me matou por dentro. Se eu não fosse um fodido, tudo poderia ser diferente.Queria me desculpar e voltar para como estávamos, mas todas as vezes que tentei me aproximar ela não deixou. E com razão.

Estou na academia, esmurrando o saco de pancadas. Estou socando com tanta força, puto comigo mesmo por ter sido um filho da puta com Gio. Mal tínhamos começado e eu já fiz merda.

E além disso, estamos com um problema gigantesco na organização. O chefe dos albaneses está nos atacando direto. Entretanto temos uma carta na manga. A filha dele, Lena, veio para nossos domínios e está nos ajudando. Ela está ficando na casa de Antônio e estou sentindo um clima entre os dois.

Sinto que estou sendo observado. Olho em volta e não vejo ninguém. Meu instinto está em alerta.

- Dia difícil? - Danilo, o caçula homem dos Manginello me pergunta e acabo me distraindo. Ele treina aqui todos os dias e sempre nos encontramos.

- Sim, um pouco.

- As vezes quando estou em dia não muito bom, eu sempre foco em outra coisa. Estudo, venho pra academia ou maratono uma série. Isso pode te ajudar.

- Grazie, Danilo!

- Pregò!

Ele se afasta em seguida, me deixando sozinho com meus pensamentos.

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Hoje será o casamento de Marina e Leonardo. Estou ansioso, porque irei encontrar Giovanna. Vou tentar falar com ela e implorar seu perdão. Conversei bastante com Fani e Linda, elas me bateram quando contei e depois disseram para eu ajoelhar aos pés dela. E também falaram para eu contar sobre meu sequestro e as cicatrizes.

Me preparei para esse momento. Vou contar tudo a ela, pois não quero perdê-la. E se para ter Gio preciso abrir meu coração, é isso que irei fazer.

Termino de me arrumar e vou para a igreja onde acontecerá o casamento. Leo foi meio que obrigado a ser casar com alguém, pois na máfia um homem casado é um homem honrado. Ele como líder tem que dar o exemplo. E ele deu a sorte de se casar com quem ama. Eu como subchefe, não tenho obrigação de casar e dar herdeiros. Assim como Antônio também não. Os outros irmãos, Paolo e Danilo, não se envolveram com a organização. Então são livres para fazerem o que quiserem.

Chego na igreja e vejo muitas convidados. Procuro um lugar na frente e vejo que tem um ao lado de Gio. Perfeito! Vou até ele e me sento. Ela não olha no meu rosto e está com a face neutra, não esboça reação, porém está ofegante.

- Precisamos conversar. - sussuro para ela.

- Não. Se quiser humilhar alguém, arranje outra pessoa, porque eu não vou ser ela. - diz com raiva.

- Por favor, Gio. Deixa eu me explicar para você.

Quando ia responder, o padre aparece e a cerimônia se inicia.

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Gio está dançando com Marina e Lena. Está dançando, rebolando aquela bunda, me atentando. Ela sobe e desce, vai até o chão. Quero ir até ela e beijá-la para mostrar que é minha.

- Posso me sentar? - uma mulher que me parece familiar senta, sem ser convidada, na cadeira ao meu lado. - Então você é o famoso Luca Marconi? O subchefe?

- Isso, sou eu. - continuo olhando para Gio dançando.

- Eu sou Kate. Quem sabe não podemos nos comhecer melhor?

- Não estou interessado. - ela não se dá por vencida e se aproxima mais. Coloca a mão na coxa. Quando vou tirar sua mão, ela puxa meu braço e me beija. Fico estático sem saber o que fazer. Escuto o barulho de um copo cair. Empurro a mulher e vejo Gio nos encarando. Ela está com lágrimas escorridas na bochecha. Giovanna sai correndo e vai em direção ao jardim.

- Sua filha da puta. Não entendeu que não quero você, porra. Achou que eu estava de cú doce? Acha mesmo que eu ficaria com uma mulher como você, que não entende um não? Se ficar no meu caminho de novo e não vou hesitar em acabar com você. Está claro? - ela acena com a cabeça e sai correndo assutada.

Saio voando da casa de festa a procura de Gio, vejo ela entrando numa casa que tem na parte externa. Corro em sua direção e entro no lugar. Ela está no sofá abraçando as pernas chorando.

- Sai daqui agora, Luca. - ela grita. - Eu não vou deixar você brincar comigo de novo. Vai embora.

- Espera, Gio. Deixa eu falar, por favor. Preciso me explicar.

- Não. Eu tô cansada de ser tratada como um lixo por você. Acabou. Chega. Tô cansada de tudo isso.

- Vamos conversar, por favor.

- Conversar? Depois de ter me iludido falando que queria um relacionamento, me expulsa da sua casa sem nem me explicar e depois beija outra mulher na minha cara. - ela levanta bruscamente e vai em direção a porta. Seguro ela e ajoelho na sua frente.

- Por favor, Gio. Deixa eu me explicar. Por favor, por favor. - lágrimas escorrem pelos nossos olhos. Depois de muita insistência, ela se solta de mim e senta no sofá.

- Pode começar. - diz séria. Respiro fundo e tomo coragem.

- Aquela mulher, não sei quem é. Ela sentou na minha mesa e deu em cima de mim. Eu a rejeitei e ela me beijou do nada. Eu juro pela minha mãe que eu não beijei ela. Eu só quero você, só penso em você. - ela parece mais tranquila.

- E quanto ao motivo de você ter me expulsado da sua casa?

- É uma longa história. Quando eu tinha dezoito anos, fui sequestrado por um grupo chamada La Resistenza. Eles odeiam a máfia, porque dominamos Chicago que antes eram deles. Ele mantiveram preso por dias e me torturam. Me deixaram desacordado em frente ao clube. Stefania me achou e chamou a ambulância. - agora a parte que mais me machuca. - Por conta disso fiquei com muitas cicatrizes na minha barriga, peitoral, costas e algumas nas coxas. - respiro fundo e não encaro seu rosto. - Eu sinto nojo do meu corpo, me sinto feio e deformado. Depois disso, me tornei celibatário. Fiquei dez anos sem ficar com ninguém, por vergonha de mim. Você foi a primeira e única em dez anos. Mas o que sinto com você, nunca senti com ninguém.

Vejo lágrimas nos olhos de Gio e há nos meus também. Ela limpa meu rosto e faz um carinho.

- Quando ficamos na minha casa e você começou a desabotoar minha roupa, eu surtei. Achei que você iria me olhar com nojo e pena. Me desculpa por ter feito isso com você. Eu entendo se você não quiser mais ficar comigo. Eu sou todo quebrado e deformado. Você é jovem, linda e não precisar se prender a um cara como eu...

Ela me cala me beijando e sobe no meu colo.

- Agora eu te entendo, Luca. Você tem muitas feridas que não foram cicatrizadas. Você não é deformado, você é um sobrevivente e essas marcas fazem parte da sua vida e história. Tenha orgulho delas, não nojo. Eu te perdoo, mas prometa que não vai fazer mais isso. Não me empurre para fora, vamos conversar e nos resolver. Se você fazer isso de novo, eu nunca mais olho na sua cara.

- Tudo bem, anjo. Eu prometo não fazer mais. - eu a beijo com todo meu ser. - Vamos para meu apartamento? Deixa eu fazer o que queria ter feito naquela noite.

- Vamos.

Ainda estou inseguro em mostrar meu corpo para ela, mas estou preparado para o que vier

Sempre fui Seu - Série Irmãos Manginello (Livro 2) / EM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora