Era uma manhã parcialmente nublada, as jovens do orfanato Westminster estavam vestidas com roupas de luto adentrando na Catedral de Santa Graça, localizada no coração da cidade. Elas não faziam ideia de quem havera falecido, apenas foram despertadas com uma fúria para se prepararem para o velório.
Fleur estava confusa com o que havera ocorrido e observando o quão a diretora permanecia desolada sobre o caixão, saiu da igreja. Ele caminhou em direção ao cemitério que ficava ao lado de Santa Graça e observou as lápides com nomes e datas.
- Está tudo bem? - perguntou uma voz masculina.
Ao virar-se para olhar que a espiava, Fleur avistou um rapaz que aparentava ser três anos mais velho e carregava um olhar doce. Ela observou o cabelo loiro escuro, olhos claros e pele translúcida.
- Desculpas, eu...
- Você conhecia a Margaret Sinclair? - ele perguntou referindo-se a lápide a frente dela.
Fleur olhou para a lápide onde estava escrito o nome da falecida e tinha a frase Mãe Amada. Ela voltou a fitar o rapaz e negou com a cabeça. Ele caminhou em direção ao túmulo, ajoelhou-se sobre a terra granulado e ficou em silêncio.
Quando forte frio assolou fortemente o cemitério, Fleur olhou as nuvens negras preenchendo o céu acima e ao voltar a olhar para o rapaz o viu levantando do chão.
- O que você está fazendo aqui? - ele perguntou com um tom de voz pesado.
- Eu só estava...
- Perdoe-me, pela grosseria. - ele a interrompeu. - É que hoje se faz um ano desde que ela partiu. - acrescentou.
Quando ele voltou a olhar para lápide, Fleur perguntou:
- Ela era sua mãe?
Silêncio.
Fleur estava pronta para sair daquele lugar e voltar para dentro da igreja. Quando ela recuou um passo para trás e disse:
- Ela estava caída no chão com os pulsos cortados e o sangue se espalhando tão rápido quanto...
Foi sombrio para Fleur que tentou imaginar a cena como ele descreveu, mas pensar naquele tipo de situação traria mais pesadelos quando a noite chegasse. Ela sentiu uma onda de negatividade querendo invadir sua cabeça, mas se dissipou o um relâmpago caiu e a assustou com o barulho estrondos.
Fleur olhou para ele novamente e assistiu uma lágrima escapar daquele par de íris azuis.
- Todos nós vamos partir. - ela fez uma pausa. - Ela partiu, mas você ainda está aqui. - acrescentou.
Ele virou-se para olhá-la com incredulidade. Fleur notou nitidamente os olhos transbordando em lágrimas e os lábios trêmulos.
- O que você sabe sobre perder alguém? - ele gritou.
- Tem razão. - Fleur disse secando as lágrimas dele com as pontas dos dedos. - Eu nunca conheci meus pais, mas sei que eles estão mortos. - ela fez uma pausa. - Acho que sua mãe quer você seja feliz na vida. - acrescentou.
Ele segurou a mão dela contra sua bochecha molhada de lágrimas e disse:
- Adam.
Ela sorriu.
- Fleur Valerian.
De alguma forma, ela acreditava que aquelas palavras serviram de consolo para o coração dele. Mas havia algo no olhar de Adam que provocava leves ruídos sinuosos no fundo na mente dela. No entanto, Fleur sentiu uma sensação diferente no toque dele.
Com o céu acima completamente cinza, ela apenas concentrou-se no olhar de Adam e esqueceu que a diretora do orfanato estava a metros de distância. Fleur apenas sentiu-se confortável e à deriva da realidade que queria tanto fugir. Mas não entendia porque ele e Vlad a faziam voar para um lugar onde poderia sonhar e os pesadelos desaparecessem.
Ambos sentaram-se sobre a terra com as costas apoiadas na lápide e assistiram o tempo passar e o clima obscuro se intensificar. Fleur disse para ele onde residia e que tinha apenas uma amiga no Westminster.
No retorno ao orfanato, a chuva caía fortemente e a neblina embaçava parcialmente os vidro do ônibus. Mas quando o veículo estacionou em frente ao Westminster Fleur avistou uma sombra escura ao lado do carvalho que sentou-se com Vlad e o silêncio em sua mente fora quebrado quando uma jovem disse:
- Tem alguém no jardim.
Ela não fora a única, todos notaram que havia alguém debaixo da chuva sobre a grama do Westminster e a diretora desceu rapidamente do veículo com um padre para verificar quem havera pulado os muros do orfanato.
Quando a noite caiu e o frio tomou conta de grande parte da cidade, Fleur caminhou em direção à janela e observou um carro de polícia em frente ao Westminster. Ela estava curiosa para saber que havera pulado o muro e ficou debaixo daquele temporal ao lado do carvalho.
Fleur olhou para a árvore e avistou novamente uma sombra afastando-se dela. Quando a silhueta aproximo da porta do orfanato, ela pode ver quem era e sorriu.
Fleur vestiu um casaco e saiu do quarto. Ela desceu os degraus silenciosamente para não acordar a diretora, o padre ou as freiras. Ao passar pela porta da frente, sussurrou:
- Olá, super-herói.
Vlad estendeu a mão para ela e disse:
- Vamos dar uma volta?
Ela olhou para dentro e para o carro da polícia com o intuito de negar, mas Vlad sussurrou:
- Não vamos sair dos muros de Westminster.
Fleur fechou a porta atrás de si e agarrou a mão dele. Ela permitiu que Vlad a guiasse para a parte de trás do edifício onde tinha um arbusto com rosas vermelhas, uma fonte e um enorme Salgueiro.
Vlad sentou-se debaixo do Salgueiro e ela deitou a cabeça no colo dele. Enquanto senti ele acariciar suas madeixas loiras, Fleur o observou terminar de contar a história de Frankenstein.
- É uma história triste. - comentou Fleur.
- O mundo é cheio de histórias como esta, Fleur. - ele fez uma pausa. - Cheio de promessas roubadas, lágrimas queimadas e vidas congeladas. - acrescentou.
- O seu nome é mesmo Vlad? - perguntou. - Como o Drácula? - brincou.
- Exatamente. - ele respondeu em um tom sombrio.
Ao avistar um sorriso surgir nos lábios nos lábios de Fleur, ele também sorriu.
É a luz da minha salvação? Pensou Vlad enquanto percebia que ela se divertia com tudo o que contava. Mas a verdade é que ele estava se perdendo na vida de Fleur, ou talvez estivesse puxando-a para sua trilha que um dia chegaria ao fim.
Por muito tempo Vlad não soube como era sentir-se bem, mas naquele instante, ela o fez entender que ninguém deve ficar sozinho. Fleur o tirava de um rio onde a água gelada congelava todos os seus ossos e ele sentia que a conhecia ou que o fazia lembrar de Mirena.
Durante todos esses séculos, Vlad fora muitas coisas e naquele momento, o homem bom renascia dentro dele. Antes da maldição, antes de matar Mirena, apenas quando era apaixonado por ela, e lá no fundo, ele ainda existia.
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Drácula - O Prometeu Proibido
Mystery / ThrillerApós a morte de Natasha, uma nova chance de amar e encontrar a alma de Mirena é concedia a Vlad. Ele viaja para Londre em busca da única lembrança da primeira vida enquanto procura pela sua amada em outro corpo. Dentro de um lugar que armazena diver...