Era noite quando Fleur flagrou a si mesma caminhando pela avenida parcialmente movimentada em direção ao ponto de táxi para voltar a cabana. Ela havera visitado a biblioteca e passou a tarde com Rosyln, mas precisava retornar antes que Vlad ficasse preocupado.
Enquanto esperava por algum táxi disponível naquela área, Fleur sentiu um calafrio percorrer sua espinha e fazê-la se arrepiar. Mas não demorou muito para ela sentir uma mão segurando um pano cinco contra seu nariz e boca fazendo-a perder o ar e desmaiar.
Quando um raio neon cortou o céu e o forte barulho ecoou por grande parte da floresta, Fleur abriu os olhos assustada. Ao sentir seu corpo imóvel, ela notou que suas mãos estavam amarradas por cordas presas na cama em que estava deitada e começou a gritar:
- Socorro!
- Ninguém irá te ouvir. - sussurrou uma voz masculina.
Fleur conhecia o som daquela voz, ele era familiar. Quando uma silhueta saiu do escuro de um canto daquele quarto e parou próximo ao pé da cama, ela conseguiu ver o rosto dele.
- Adam? - sussurrou incrédula.
Fleur sentiu ele observá-la como se a mesma fosse causa de algum caos que estivesse acontecendo ao redor dele. Mas naquela situação, ela era presa e o olhar que Adam transparecia a assustava.
Quando ele caminhou em frente a um espelho, Fleur percebeu que não aparecia o reflexo dele. Ela apenas via a cortina balançando no vidro, mas não havia vestígio de Adam nele.
- O que é você? - ela perguntou assustada.
- Eu sou parasita que vai destruir seu pai. - ele respondeu virando-se para olhá-la. - Mas não há um monstro pior do que seu pai. - acrescentou.
Adam não era um jovem mortal com ela, mas não deixaria que sua origem desconhecida a assustasse. Naquele instante, Fleur recordou da história que ele havera lhe contado sobre o viajante e o padre que praticava magia negra.
Adam havera presenciado a descida de Vlad ao inferno e o caminho que ele percorreu para retornar à terra. Ele quem acompanhou cada passo do vampiro, mas o perdeu quando voltou a vida.
- Você é o próprio gerente do diabo. - afirmou Fleur.
- Pior, minha querida. - gritou. - Eu sou o filho do criador de seu pai. - acrescentou.
Era nítida a falta de humanidade no olhar de Adam, mas ela não permitiria que as palavras dele a fizessem ter medo. Fleur era filha de Vlad e aquele parasita a sua frente não era nada perto de Drácula.
- Você pode ser o que quiser. - disse Fleur. - Mas não é pior do que o pesadelo com o qual venho sonhando. - acrescentou.
Adam não compreendeu o que ela estava falando. Ele pensou que talvez Fleur houvesse subido a cabeça porque era filha do Drácula. Mas a verdade, é que sempre acreditou que somente Baltazar era invencível e Vlad poderia ser morto facilmente.
O som do coração de Fleur batendo aceleradamente por baixo da roupa fez com ele percebesse que realmente havia nela. Mas o olhar não demonstrava pavor por Adam, então tudo o que fez, fora apagá-la novamente com o mesmo pano contra o nariz dela.
Era madrugada quando Adam passou pela porta da frente de uma casa no centro da cidade e assistiu o demônio folheando as páginas de um livro. Ao escutar o som da porta batendo e sem desviar o olhar das folhas, Baltazar perguntou:
- Vivendo como um mortal, Adam?
- Papai...
- Sabe que lhe permiti subir a terra para ficar de olho em Vlad. - ele o interrompeu. - E ainda assim continua correndo atrás de garotas como um moleque. - acrescentou.
O olhar assassino de Baltazar o fez arrepiar do pé a cabeça. Mas Adam tinha uma informação para dar ao demônio e isso faria com que ele o permitisse seguir por conta própria depois daquela missão.
- Vlad tem uma filha.
Baltazar fechou o livro e olhou para ele confuso.
- O que você disse? - perguntou o demônio.
- Uma garota com quem me envolvi. - ele fez uma pausa. - Eu descobri que ela é filha dele. - acrescentou.
Então é por isso que ele está estranho. Pensou Baltazar levantando-se do sofá. Mesmo que o demônio estivesse obcecado e feliz por encontrar o ponto fraco de Vlad, Adam sabia que havia algo que assustava Fleur.
Talvez, se eu roubar vontade de vive de Vlad ele veja meu potencial? Pensou Adam enquanto imaginava várias formas de fazer o vampiro sofrer e desta forma ganhar a atenção e o orgulho de Baltazar.
Quando o outro dia chegou, Adam saiu bem cedo de casa e escondeu-se na mata. Ele ficou à espreita, observando uma mulher loira sair e quando o entardecer aproximou-se, Vlad despediu-se da filha com um beijo na testa.
Fleur estava sozinha.
Antes que ele adentrasse novamente na casa, Adam saiu de trás das árvores e gritou:
- Fleur.
Adam assistiu ela aproximar-se lentamente e quando estava há dois passos dela escondeu suas mãos nos bolsos frontais de sua jeans. Fleur cruzou os braços e o olhou com frieza.
- O que você quer, Adam? - ela perguntou sem se importância.
- Sua vida. - respondeu.
Fleur revirou os olhos e assistiu ele avançar um passo em sua direção. Adam tinha algo em suas íris azuis, mas ela não conhecia aquele sentimento.
- Que tipo de brincadeira você esta fazendo agora, Adam?
Ele abaixou a cabeça e quando voltou a olhar para Fleur, sussurrou:
- Você não é imortal.
Fleur não compreendia o que ele estava dizendo, e sem esperar, ele aproximou-se rapidamente e perfurou a cintura dela. Ela notou a frieza e a maldade nos olhos de Adam enquanto assistia afastar-se de seu corpo com a mão ensguentada.
Fleur olhou para a adaga que ele havera enfiado abaixo de sua costela e retirou-a. Quando suas íris procuraram por Adam, observou ele sumindo mata adentro.
Fleur caiu no chão e rastejou-se lentamente pela terra granulada em direção a cabana. Ela precisava alcançar seu celular que havera deixado sobre o sofá e pedir por socorro.
Infelizmente, Fleur havera se afastando muito da cabana e temia não conseguir chegar na casa a tempo. Ela só queria encontrar Vlad antes que o inevitável acontecesse e não pudesse mais toca-lo.
Não demorou muito para Vlad aproximar-se da casa, mas antes que adentrasse na cabana, sentiu o cheiro de sangue fresco adentrar em suas narinas. Ele virou-se para a mata e ao notar Fleur caída no chão, voou no ar úmido na direção dela.
Vlad a segurou em seus braços e sentiu aquele momento doer como o inferno. Ele a amou e a perdeu.
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Drácula - O Prometeu Proibido
Mystery / ThrillerApós a morte de Natasha, uma nova chance de amar e encontrar a alma de Mirena é concedia a Vlad. Ele viaja para Londre em busca da única lembrança da primeira vida enquanto procura pela sua amada em outro corpo. Dentro de um lugar que armazena diver...