- Sob um céu cinza há uma colina na base do vale. - ele fez uma pausa. - É lá que muitas as almas ficam quando morrem. - acrescentou.
Fleur prestou atenção em cada palavra que saia dos lábios dele. Ela tentava imaginar em sua cabeça como seria o lugar enquanto Adam descrevia o barulhos relâmpagos cortando o céu acima drama trilha sonora daquela tarde cinza.
Ainda que ele estivesse contando algo sombrio, Fleur queria rir para que aquilo não penetrasse em sua mente e a fizesse repensar que era verdade. Mas ela notou que havia algo no olhar de Adam, uma coisa indescritível.
- Tem uma cidade atrás daquela colina e um segredo que os sanguessugas guardam como um escravo. - disse Adam. - E a cada badalada do sino invisível, os guardiões marcham pelo vale enquanto outras pobres almas se atiravam diretamente ao inferno. - acrescentou.
Ele virou-se para olhar nos olhos de Fleur e percebeu o quão estava atenta e horrorizada com aquele história. Adam engoliu um nó em sua traqueia e disse:
- Você marcha diversas vezes sobre seu próprio túmulo enquanto eles escolhem seu castigo.
- Adam...
- Mas há um viajante imortal passando por aquele vale e ele precisava retornar ao mundo dos vivos. - ele a interrompeu.
- Por que?
- Ele havia prometido que voltaria ha uma cidade em vida e em morte. - respondeu. - Mas a verdade é que quando isso acontecer... - ele fez uma pausa. - Traria o inferno consigo. - acrescentou.
Fleur perguntava a si mesma como um imortal morreria? Aquela história de Adam era tão sombria quanto saber que Vlad era um vampiro. Ela sentia aqueles mistérios provocar um anseio em seu peito, e curiosidade em saber os motivos de tudo aquilo ser real.
- Fala como se estivesse ido a este vale.
Adam lançou um olhar misterioso para ela e pensou que não deveria mais contar coisas daquele tipo. Fleur poderia pensar que não sairia viva daquele parque e teria medo dele.
- Acredita em vampiros e...
- Vamos falar de Crepúsculo? - Adam perguntou confuso.
Ela sorriu.
Adam roçou seu polegar no queixo dela e disse:
- Voce tem um lindo sorriso, Fleur.
Abaixo de um céu cinza com relâmpagos cortando as nuvens negras e o vento assolando toda aquela região cheia de árvores. Sob os enormes galhos do salgueiro, ambos permaneceram sentados no banco de madeiro e ela sentiu Adam escovar sua mão com as pontas do dedos. Fleur sentiu aquele par de íris azuis percorrer pelo seu rosto até pousar em seus lábios.
Adam aproximou-se lentamente daquele rosto angelical e depositou um beijo nos lábios dela. Fleur não estava com medo, apenas permitiu que ele a guiasse enquanto registravam a nota naquele velho salgueiro é algo era esculpido no coração dela.
Ainda que sentisse uma onda de calor percorreu pelo seu sangue, ela sentiu o frio dos lábios dele. Adam foi tão profundo e cheio de vida na forma como a beijava que camuflou seu instinto selvagem. Fleur abriu os olhos por breves segundos e observou as folhas do salgueiro caindo atrás dele.
O vento frio cantava uma melodia doce e assombrava o suficiente para ela lembrar que de acordo com as regras do orfanato aquela situação era erradas. Mas Fleur não queria ele se afastasse dela. Enquanto Adam a conduzia para um lugar onde a luz desvanece e não parecesse com o lar.
Era noite quando Fleur aproximou-se do orfanato e avistou uma silhueta vestindo roupas escuras e camuflando-se no escuro da noite.
- Vlad? - sussurrou ao aproximar-se dele.
- Sei que ainda está assustada com o que viu, mas...
- Aquela cena assustou-me. - ela o interrompeu. - Mas você nunca faria mal a mim. - acrescentou.
Ele sorriu.
Naquela noite escura, enquanto o vento uivante soprava os sussurros silenciosas para o sul do estado, Vlad sentiu que não poderia deixá-la. Enquanto fitava a luz indescritível que passeava pelas íris de Fleur, ele recordou do que Mirena disse na noite em que casaram-se escondidos:
- Todos nós somos feitos de naufrágios, e é por isso que devemos seguir adiante.
Pela primeira vez em muito séculos, Vlad sentiu seu coração reanimar os batimentos cardíacos como se houvesse voltado a ser mortal. Ele esteve afundando e tentando chegar a superfície por todos esses anos, mas Fleur o puxava para cima de um morro onde o vento poderia envolvê-lo e fazer seu corpo descansar.
- Não sabia que poderia sair do orfanato está hora da noite. - comentou Vlad
- Não posso. - ela fez uma pausa. - Eu estava com um amigo. - acrescentou.
Ele assentiu.
- Você nasceu assim? - ela perguntou curiosa.
- Não. - respondeu Vlad. - Eu tive que morrer para me tornar esse monstro. - acrescentou.
- Você não é um monstro. - ela fez uma pausa. - É apenas um temporal silencioso. - concluiu.
Vlad revirou os olhos. Ele sabia que Fleur estava sendo gentil ou tentando amenizar que realmente era.
Quando ambos sentiram a escuridão cair sobre suas cabeças e um vento doloroso assoar seus cabelos, Vlad a guiou para trás do orfanato e sentaram-se sobre a grama baixa. A quietude naquele jardim era tão elegante quando o sobretudo caríssimo que ele vestia, mas Fleur sentia uma tensão se aninhar a sua nuca e precisava saber de respostas.
- Por que quis se tornar um vampiro?
Silêncio.
Vlad recordou da pressão que sentiu quando caiu no chão e seus ossos começaram a esmagar seus órgãos. Mas logo em seguida, seu corpo havia sido coberto por um mando gelado e silencioso. Ele fora quebrado e vazio, e ao retornar a vida apenas Mirena e a vontade de beber sangue o lembravam de como era ser humano.
- As piores decisões que tomei foi por amor. - ele fez uma pausa. - Um pouco mais trágico que a história de Hamlet. - acrescentou.
- Hamlet? - ela perguntou curiosa.
- É uma obra de Shakespeare. - respondeu. - Um dia conto a você. - concluiu.
Aquele momento ficou congelado no tempo pelo frio que caminhava de mãos dadas com a noite e por mais que Vlad sentisse que a estava sendo despedaçado por dentro a cada ano sem Mirena. Ele continuou sentado ao lado de Fleur, com o desejo de protegê-la e torná-la feliz.
Isso é tão real, eu espero que dure. Desejou Vlad enquanto permitia que ela deitasse com a cabeça sobre suas perna e desejava que aquele momento não acabasse rápido. Porque lá fundo, algo sussurrava inconstante que nunca foi feito para durar.
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Drácula - O Prometeu Proibido
Mystery / ThrillerApós a morte de Natasha, uma nova chance de amar e encontrar a alma de Mirena é concedia a Vlad. Ele viaja para Londre em busca da única lembrança da primeira vida enquanto procura pela sua amada em outro corpo. Dentro de um lugar que armazena diver...