Um Homem Ou Um Monstro

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Há dois lados para cada história, mas Vlad não sabia como o relato de sua vida iria terminar. Apenas Rosyln seria testemunha de suas perdas e o mapa em vida de onde seu cadáver seria enterrado. Ele sentia a guerra ocorrendo em sua cabeça, mas não iria ceder à aqueles pensamentos.

Naquela noite, no silêncio que se misturava com as sombras e rastejava junto com a neblina densa sobre a terra, Vlad caminhou sobre o solo em direção à floresta de pinheiros que que ficava no pico da montanha. Ele deslizou pela escuridão enquanto sentia aquela adrenalina do desejo da vingança se espalhando pelo seu corpo.

Vlad não cedeu as lembranças de quando conheceu Mirena ou Fleur. Ele desejava vigar a morte de sua filha e de seu amor para que não houvesse mais razão para lutar.

Vlad sabia que a sua força era a robustez do demônio e só havia uma maneira de deixá-lo enfraquecido o suficiente para que o fizesse retornar ao inferno em busca de força. Ele sabia que Baltazar não poderia ler seus pensamentos, apenas sentia quando o vampiro sentia fome ou alimentava-se de sangue humano.

Já se aproximava da madrugada quando Vlad chegou no pico da montanha e passou pela floresta de pinheiros. Ele afastou-se das árvores e assistiu Adam olhando para o rio abaixo de costas para a floresta.

- Quando você fecha os olhos, o que vê? - ele perguntou virando-se para olhar o vampiro. - Você ver um homem ou um monstro? - acrescentou.

Naquele momento, Vlad segurava a escuridão que o rodeava e sentia ela fundir-se a seu corpo e entregar o poder das trevas em sua mão. Ele sabia que Adam não era mais uma frágil sombra, mas o vampiro tinha a força necessária para matá-lo.

Ambos costumavam pertencer ao mesmo inferno, mas Adam havera quebrado as regras que o próprio vale dos mortos o obrigava a obedecer. Enquanto ele lutava para obter mais poder, Vlad continuava enfrentando suas novas origens pelo seu amor fantasma e sua recente filha que fora assassinada.

- É tão difícil responder de que lado você está, Vlad? - perguntou. - Você não é digno do poder e imortalidade que meu pai lhe concebeu. - acrescentou.

Vlad não podia recuperar as vidas perdidas ou reparar os danos a sua volta, mas poderia cessa-los. Ele não queria mais esconder-se de sua natureza, já havera aceitado o seu pior medo.

Quando o primeiro raio cortou o céu e o barulho ecoou por toda a floresta de pinheiros, Adam assustou-se. Ao notar que ele tentava se recompor do susto, Vlad perguntou:

- Tem medo de trovões, Adam?

- Chega de conversas. - ele fez uma pausa. - Vamos lutar. - acrescentou.

Vlad ficou na mesma posição, quanto ele retirava uma adaga do bolso e levanta no ar úmido. O vampiro notou que havia sangue na lâmina e o sorriso nos olhos de Adam o fizeram confirmar suas suspeitas.

- Você reconhece este sangue?

Silêncio.

- Pertencia a sua adorada Fleur.

Vlad libertou suas presa correu rapidamente na direção dele. Adam perfurou a adaga no plexo solar do vampiro e ele sentiu a lâmina perfurando sua carne. Aquele objeto cortante fora feito para matar os imortais viajantes.

Enquanto Vlad tentava livrar-se da mão dele que puxava seu corpo contra a lâmina. Ele assistiu mais raios cortando o céu negro e sentiu as lágrimas borrando sua visão.

Não há tempo para morrer. Vlad disse para si mesmo enquanto lutava contra a dor da facada. Ele olhou para baixo de seu queixo e notou o pescoço de Adam exposto e sussurrou próximo ao ouvido dele:

- Vou mostrá-lo a verdadeira dor que se esconde nas sombras.

Vlad segurou os ombros dele e cravou suas presas na carne. O grito da dor de Adam fora como música para os ouvidos do vampiro que continuou sugando o sangue do demônio mesmo com adaga em seu estômago.

Após sugar quase todo o sangue do demônio, Vlad jogou o corpo dele no chão. Ele retirou a adaga de seu estômago e jogou contra uma árvore de pinheiro.

- O que.. você... fez comigo? - perguntou.

- Vejo você no inferno.

Quando a vida de Adam esvaiu-se do corpo dele por causa do veneno que percorria no sangue do vampiro, Vlad o jogou no rio abaixo da montanha. Ele ajoelhou-se na beirada do penhasco e olhou para o céu escuro acima.

Os raios haveram cessado e dentro de quatro horas o sol iria nascer e atingir o pico da floresta. Vlad não saiu da montanha, apenas aproveitou aquelas últimas horas de vida para meditar através de suas memórias vividas no decorrer dos séculos. Ele não queria apegar-se a vontade de viver mais um dia, apenas queria transformar aquela dor em cinzas como as trevas fizeram com seu amor e sua filha.

Naquela noite Vlad aceitou as sombras que o rodeava apenas para vingar duas perdas, mas no dia seguinte, apenas queria que o amanhecer roubasse sua vida como levou Mirena e Fleur. Ele reviveu em sua memória cada lembrança que fez olhar para lua e superar que no dia seguinte seria arrebatado daquela dor.

Quando o sol despertou através das colinas e atingiu todo o pico, Vlad sentiu sua pele queimar e desfazer-se da carne. Assim que a vida esvaiu-se, o cadáver ficou começou a se decompor lentamente sobre o solo de terra.

Não demorou muito Rosyln chegar ao pico da montanha e observar um cadáver próximo a beirada do penhasco. Ela pegou a pá que tinha em mãos e cavou função próximo a uma enorme pedra.

Rosyln enterrou o corpo do vampiro mais fundo que sete palmos e cobriu com terra. Ela retirou o pequeno caderno de Fleur que estava dentro de seu sobretudo de cor pastel e leu:

- Para o meu querido, pai.

Eu ouço o fantasma cantarolando uma canção solitária que de alguma forma meu coração conhece e o enterra em um amor que sonhei.

Eles me disseram várias histórias sobre você e uma delas, meu pai havera abandonado minha mãe ao saber que eu viria ao mundo em nove meses. Mas aquelas palavras tóxicas não se comparavam a pessoa que você realmente se tornou.

Não um anti-herói, ou vilão do séculos. Mas um super-herói. Eu sonhei com dia em que o encontraria e a única coisa que peço é que o bom senhor proteja o meu salvador que caminha nas trevas.

Drácula - O Prometeu ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora