Chapter 31

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Sarah Carolline Vieira de Andrade

Eu poderia facilmente me acostumar com aquele sorriso ao me receber. Juliette acenou da mesa que estava servindo quando cheguei ao O'Leary alguns minutos mais cedo. Fazia menos de doze horas que eu estivera dentro dela e, mesmo assim, senti meu corpo reagir ao vê-la.

Charlie me cumprimentou no bar. Apertou minha mão com firmeza querendo chamar minha atenção.

─ Ela está flutuando por aqui. Acredito que seja por causa do que quer que esteja rolando entre vocês duas.

─ Se está perguntando se estamos saindo, a resposta é sim.

─ Você não é casada, é? ─ Ele estreitou os olhos.

─ Não sou casada, não.

─ Usa drogas?

─ Sem drogas.

─ Já foi fichada?

Estava basicamente sendo interrogada por um policial ─ não havia motivo para contar algo que havia acontecido há anos e a que ninguém mais tinha acesso.

─ Sem ficha.

Charlie formou um V com seu indicador e dedo médio e apontou para seus olhos, depois para mim.

─ Estou de olho em você.

Juliette apareceu ao meu lado.

─ Charlie, o que está fazendo?

Ele pegou um copo de um engradado cheio e começou a empilhá-lo atrás do bar. Ele me enfrentava, mas, com Juliette, era gentil.

─ Só conversando com a boa professora.

Ela semicerrou os olhos.

─ Só conversando, é? Sem interrogatório?

Charlie ficou me encarando.

─ Só estávamos falando sobre o Yankees. O terceira-base se machucou quando tentou completar a volta. Deveria ter ficado na terceira até o técnico permitir. Certo, professora?

Juliette pareceu desconfiada.

─ Claro, Charlie ─ concordei.

Não sei se ela acreditou na besteira de Charlie ou se escolheu ignorar. De qualquer forma, fiquei feliz por ter alguém que se preocupava com ela.

─ A mesa três está quase pronta para fechar ─ Juliette disse a Charlie. ─ Falei para eles trazerem a conta para você. ─ Olhou no relógio. ─ Lara ainda não chegou. Quer que eu espere? A mesa cinco pediu petiscos e ainda não decidiu o jantar.

─ Pode deixar. Vocês duas podem ir.

─ Tem certeza?

Charlie apontou para a porta com o polegar.

─ Vão. Saiam daqui. Não quero que as pessoas vejam sua amiga professora aqui e pensem que o lugar está sendo frequentado por patricinhas.

Dei risada.

─ Boa noite, Charlie.

A irmã de Juliette morava no Queens, e o trânsito ainda estava lento por causa do horário de pico. Quando nos aproximamos da autoestrada, percebi que Juliette estava mais quieta do que o normal.

─ Trabalhou muito hoje?

─ Não. Foi meio devagar, na verdade.

Permaneceu em silêncio conforme olhava para fora da janela.

─ Tem alguma coisa te incomodando?

Ela se mexeu no banco.

─ Preciso te contar uma coisa sobre a minha irmã.

Encontre uma moeda - Versão sarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora