Sarah Carolline Vieira de Andrade
Não tive coragem de contar a Juliette depois de ela ter desabado ─ pelo menos, era isso que eu dizia a mim mesma. Estava omitindo dela para seu próprio bem, não porque eu era uma babaca egoísta e covarde.
Porém, após passar uma semana meio presente e meio aérea, percebi que estava fazendo a mesma coisa que tinha feito quando ela era criança: dando-lhe corda, toda semana, e não tomando nenhuma atitude porque estava insegura sobre mim mesma.
Só que, no passado, eu era uma adolescente confusa e agora era para ser uma mulher. Com certeza não estava agindo muito como uma.
Tinha evitado Juliette quase todas as noites daquela semana, exceto na aula, quando eu não tinha escolha a não ser encará-la. Ela sabia que havia algo errado.
─ O que está havendo com você? ─ minha irmã perguntou quando pegou meu prato.
Ela tivera outra consulta com o médico naquela tarde, então eu tinha ficado de babá. Taylor deve ter ficado bem desesperada por me usar de novo, considerando que quase matei uma de suas filhas da última vez.
─ Nada de mais.
Ela foi até a cozinha e colocou meu prato na pia para voltar com seu interrogatório.
─ Mentira. Posso ver que tem alguma coisa errada.
─ Como?
Minha irmã me escaneou com o olhar.
─ Para começar, ainda está aqui. Normalmente, quando peço para ficar de babá, você vai embora no minuto em que eu chego, como se ter uma família fosse contagioso ou algo assim.
Acho que ela tinha razão. Tentei brincar como se não fosse nada.
─ Eu estava com fome, só isso. ─ Dei de ombros.
Ela me analisou.
─ Cadê a mulher que estava com você na última vez? As meninas falaram dela por uma semana. Juliette, não é?
─ Como vou saber?
─ Não me venha com essa. Sua cara mudou assim que toquei no nome dela.
─ Está imaginando coisas.
─ Sério? ─ Ela se inclinou. ─ Juliette ─ ela falou mais alto. ─ Juliette. Juliette. Juliette.
─ Acho que deveria adicionar um psiquiatra àquela lista de médicos a que está indo.
Levantei-me e comecei a tirar o resto da mesa para colocar um espaço entre a detetive e eu.
Minhas sobrinhas já haviam desaparecido com uma caixa de macarrão cotovelo e cola branca, e ficavam quietas de um modo incomum quando colavam comida em papéis-cartão na sala.
Onde estavam as duas matraquinhas quando se precisava delas para interromper uma conversa?
Minha irmã e eu limpamos tudo do jantar e, surpreendentemente, ela ficou em silêncio. Eu deveria ter percebido que ela estava ocupada se recarregando.
Ao fechar a lava-louças, ela se virou e se encostou nela, me encurralando na cozinha enquanto eu guardava os últimos pratos.
─ O que você fez?
─ Do que está falando?
─ Ou ela te deu um fora, ou você fez alguma coisa errada. Sei disso. Está se lamentando. E já que geralmente fica brava quando alguém ferra com você, vou arriscar e dizer que você ferrou alguma coisa.
Droga. Ela é boa. Suspirei.
─ Me meti em uma confusão.
─ Quer falar sobre isso?
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Encontre uma moeda - Versão sariette
RomanceEncarei a canalha que enganou minha melhor amiga, do outro lado do bar. Despejei meus xingamentos em cima dela e, ao final, percebi o grande equívoco. Ela entendeu como um flerte! Com vergonha, saí sem me desculpar e achei que jamais a veria novame...