Chapter 26

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Juliette Freire Feitosa

Eu não tinha o direito de ficar brava.

Embora não ter o direito de se sentir de um jeito e realmente controlar o que sentia fossem duas coisas diferentes. Tentei ao máximo disfarçar a minha amargura depois da aula no dia seguinte.

Como sempre, havia esperado que a sala se esvaziasse para descer e falar com Sarah. Eu tinha dado uma aula de plantão antes daquela e ela gostava de guardar a lista de presença para ver quem estava se esforçando. Entreguei a ela.

─ Você chegou atrasada.

─ Não cheguei, não. Cheguei na hora certa.

─ Estava me referindo ao plantão.

A aula nem tinha sido dada em um prédio em que Sarah lecionava.

E eu nem tinha me atrasado.

─ Cheguei, literalmente, dois minutos atrasada. E você está me vigiando?

Ela me encarou.

─ Não gosto de atrasos. Talvez você devesse planejar começar os plantões um pouco depois, se tem que trabalhar até tarde ou qualquer coisa assim.

Foi o "qualquer coisa assim" que me fez ver através da máscara neutra que ela usava.

Semicerrei os olhos.

─ Estava me procurando esta manhã por um motivo ou só estava me vigiando?

─ Apenas chegue na hora, Juliette.

─ Responda minha pergunta.

Sarah tinha se virado de costas para mim, enquanto guardava suas coisas, mas parou para me olhar. Seus olhos estavam escuros.

─ Aqui não. Essa não é uma conversa para se ter na minha sala de aula.

─ Certo. Então onde você gostaria de conversar?

Ela ergueu a maleta da mesa.

─ Prefiro não conversar.

Cruzei os braços à frente do peito e levantei a voz.

─ Está terminando comigo? É isso que está tentando me dizer? Porque prefiro que seja direta. Se estiver terminando, pode simplesmente dizer.

Nos encaramos por um breve instante e eu sabia que estava provocando sua paciência ao máximo. Também não dava a mínima.

─ Sete horas ─ ela disse. ─ Irei à sua casa depois da minha última aula.

─ Trabalho no turno do dia até as oito da noite hoje. Vou para a sua casa depois.

Não fazia ideia do que me fez dizer isso. Por que eu iria querer dirigir de Manhattan até o Brooklyn, chateada, no meio da noite? Mas meus sentimentos estavam tão descontrolados que me agarrei a qualquer coisa para ter uma ilusão de controle.

─ Combinado. Mas eu vou te buscar. Não quero que dirija à noite cansada.

Surpreendentemente, o resto do dia passou voando. O O'Leary estava cheio e trabalhar com Charlie em vez de Lara significava que eu não precisava falar da minha vida o dia todo.

Um pouco antes das sete, eu estava nos fundos do salão de jantar, conversando com um casal que ia sempre lá, quando minha atenção foi desviada. Vi Sarah entrando. Meu coração começou a acelerar.

Eu estava me enganando, tentando fingir que não me machucaria quando ela dissesse que o que tivemos foi puramente sexo. Toda a lógica do mundo não conseguia evitar que meu coração se apaixonasse.

Encontre uma moeda - Versão sarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora