Chapter 17

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Juliette Freire Feitosa

Um labrador preto gigante correu na velocidade máxima para me cumprimentar e quase me derrubou. Ajoelhei para falar oi.

─ Oi, grandão. Você é tão fofo. Qual é seu nome?

Sarah respondeu.

─ Esse é o Murphy. ─ Ela tentou fazer uma voz mais grossa. ─ Desça, garoto.

O cachorro a ignorou completamente e tentou se enterrar em meu corpo.

Fiz carinho atrás das orelhas de Murphy, enquanto ele me cheirava como um louco.

─ Ele te obedece bastante.

─ É sua culpa. Ele nunca vai me obedecer com o cheiro que você tem.

─ Que cheiro? ─ Não sabia muito bem se era um elogio.

─ Um cachorro sente o cheiro mil vezes melhor que os humanos.

─ E como, exatamente, é o meu cheiro?

Sarah foi até onde o cachorro ainda estava me cheirando e deu um puxão firme na coleira dele.

─ Vamos, Murphy. Dê um tempo, amigão.

Então, o cachorro se afastou o suficiente e consegui me levantar.

Sarah se inclinou e deu uma fungada exagerada em meu pescoço com os olhos fechados.

─ Verão. Você sempre tem cheiro de verão. Deu um passo para trás e piscou. ─ Minha estação preferida.

E lá se foi minha maldita pulsação de novo. A conversa que tivera comigo mesma no carro no caminho saiu voando pela janela.

Sarah deu risada, provavelmente pela minha cara.

─ Entre. Vou dar um petisco para Murphy, a fim de distraí-lo do seu cheiro bom.

Segui Sarah e rapidamente me esqueci de todo o resto assim que vi sua casa.

Nada a ver com o que eu esperava.

O apartamento de Sarah era incrível. Achei que fosse ser bonito, mas não tão bonito. No minuto em que entramos, as meninas
atravessaram o corredor em disparada para pegar um filme que queriam assistir e olhei em volta, admirada. Sem falar que ela tinha um hall. Um hall em Manhattan? Só aquela entrada devia valer uns quinhentos dólares por mês.

Sarah viu minha expressão.

─ Meu bisavô fundou uma empresa de investimentos. Todas as gerações da família Jauregui que vieram depois acrescentaram um zero à fortuna que ele tinha. Menos eu. Mas herdei vinte e cinco por cento da empresa do meu avô. Paga um pouco melhor que o salário de professora.

─ Humm... um pouco? Você tem vista para o Central Park, caramba. ─ Fui até a janela de vidro. ─ Este lugar é maravilhoso!

Quando me virei, Sarah estava em pé na cozinha, que era aberta para a sala de estar e olhando para mim.

─ Obrigada por vir hoje ─ ela disse.

─ Eu te devia uma, lembra?

─ Você teria vindo mesmo se me devesse uma ou se eu te devesse dez.

─ O que a faz dizer isso?

─ Porque você é assim.

As meninas voltaram correndo para a sala com uma mochila. Elas pulavam muito.

─ Podemos brincar de chá? ─ perguntaram para nós.

─ Acho que o Benadryl está causando o efeito oposto nela ─ Sarah resmungou.

Encontre uma moeda - Versão sarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora