Chapter 24

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Sarah Carolline AndradeVieira
Quinze anos atrás2

Ela não apareceu nasemana anterior e eu deveria ter ficado feliz por isso.

Depois de oito semanasme escondendo na igreja, eu finalmente tive meu sábado de volta.

Mas não fiquei. Isso me deixou ansiosa e a maldita semana passou se arrastando.

Olhei para cima, para a cruz da igreja, e resmunguei para mimmesma antes de entrar. Desculpe pelo "maldita", amigão.

Como de costume, a igreja estava vazia, e eu tinha uma músicapara aprender, então fui para o meu lugar de sempre para me distrair,
em vez de ficar esperando do lado de fora.

Novamente, Liam tinha escrito uma de suas músicas enquantoestava bêbado, depois de uma farra. Porém, depois do último fiasco, quando eleapenas conseguira se lembrar de metade de uma música legal, todos juntamosdinheiro e compramos um gravador digital portátil. A coisa era menor que umcelular e conseguia gravar vinte horas de música
apertando um só botão.

Deu muito certo. Quando ele apareceu de ressaca no ensaio naquela manhã, depois da típica sexta à noite de bebedeira ecomposição de música, não conseguia se lembrar de merda nenhuma. Mas tudo o que precisamos fazer foi um upload.

Ficamos felizes por Liam ter se lembrado de ligar a malditacoisa. Só que, infelizmente para nós – e para ele –, não tinha se lembrado dedesligar durante a noite toda.

Nós definitivamente teríamos que encontrar um jeito de colocarem uma faixa, no futuro, os grunhidos que ele emitia enquanto batia uma durantea noite.

Fiquei sentada no confessionário escuro por quase meia hora, comos fones no ouvido.

Embora ela não tivesse aparecido, pelo menos eu tinha aprendidoa letra que Liam havia escrito. Quando terminei, me afundei no assento develudo vermelho almofadado, fechei os olhos e coloquei Bob Dylan.

O som de "Blowin' in the Wind" bloqueava tudo aoredor, incluindo o som da porta se abrindo do outro lado.

Não sabia há quanto tempo ela estava ali quando abri os olhos ea vi.

Tirei um fone do ouvido, não entrei no modo padre e deixei minhapersonalidade de dezesseis anos tomar conta.

─ Oi. Achei que não fosse vir.

A música retumbava do fone pendurado.

─ O que está escutando? ─ ela perguntou.

Não poderia dizer a ela que estava ouvindo Dylan. Isso não faziamuito o estilo padre.

─ Uns louvores.

─ Parece Bob Dylan.

Sorri. A menina conhecia Dylan. Não era à toa que eu gostavatanto dela. Baixei a voz.

─ Shh. Não vamos contar nosso segredinho para os outros padres.

Não conseguia enxergá-la, mas sabia que ela estava sorrindo.

─ Ok.

─ Falando em segredos, o que tem para mim hoje? Tem sido uma boacordeirinha?1

─ Minha irmã voltou para casa.

─ Para te pegar?

─ Não. Ela se meteu em encrenca e a polícia a trouxe para casa.

Que bom. A polícia precisava estar naquela casa.

─ O que aconteceu?

─ Ela estava ficando na cabana de caça do pai de uma amiga delaao norte. Bebeu todo o uísque dele em uma noite, saiu andando para
encontrar um mercado e se perdeu. A polícia a trouxe para casa depois que elavomitou na parte de trás do carro deles.

─ Eles conversaram com seus pais?

─ Conversaram com Benny. Escutei da porta do meu quarto. Elementiu para a polícia, disse que ela bebe o tempo todo e foge com garotos e queela faz isso há um tempo.

Merda.

─ Eles não perguntaram mais nada?

─ Não. Eram dois policiais e um deles conhecia Benny da garagem.

─ Da garagem?

─ Onde Benny trabalha.

─ Benny conserta carro? É mecânico?

─ É.

─ Como sua irmã está agora?

─ Ela está triste.

─ Por que você não veio na semana passada?

─ Não podia deixar minha irmã sozinha. Benny estava muito bravocom ela depois que a polícia a levou para casa. Ele ficou bebendo e
gritando muito por dias.

─ Ele a machucou?

─ Acho que sim.

Isso não era mais um jogo.

─ Você precisa me contar. Machucou ou não?

Ela ficou quieta por muito tempo. Eu tinha resolvido que, se elafosse embora, ou eu a seguiria para casa ou nós duas finalmente nos
veríamos cara a cara.

O fato de eu ter violado a confiança da
pobrezinha nem importava. Ela poderia me odiar e fugir da igreja, contanto queestivesse segura.

Insisti, com um tom mais sério.

─ Fale comigo. Ele machucou ou não machucou sua irmã?

─ Ela não me conta. Mas eu o vi saindo do quarto dela de manhã eela me disse que eu tinha que trancar a porta à noite, porque ele tinha juradoque não me incomodaria se ela fosse legal com ele a partir de agora.

Porra. Porra. PORRA!

─ Precisamos ir à polícia. Eu vou com você.

─ Tenho que ir para casa agora.

Pude ver pela tela que ela tinha se levantado.

─ Espere! ─ gritei.

Ela ficou parada.

─ Por que veio hoje senão quer minha ajuda?

─ Porque me sinto segura aqui com você.

─ Você confia em mim?

─ Confio.

─ Então preciso que faça uma coisa por mim.

─ Ok.

─ Pegue sua irmã e volte aqui.

─ Não posso. Benny vai chegar em casa logo.

─ Então, amanhã. É domingo. O que você costuma fazer no domingo?

─ Benny geralmente vai trabalhar de manhã. Minha irmã e euouvimos música. Não podemos ouvir quando ele está em casa.

─ Quando ele sair para o trabalho, venham para cá. Quero falarcom você e com sua irmã. Juntas.

Ela ficou quieta por um tempo. Quando finalmente falou, sua voznão foi convincente.

─ Ok.

─ Você vai vir? E trazer sua irmã?

─ Vou tentar.

Esperei até ouvir a porta do confessionário e, então, a daigreja se abrir e fechar.

Provavelmente ela demoraria uns minutos para
destrancar sua bicicleta, e eu sabia a direção de onde vinha.

A última coisa que eu queria era assustá-la, quando a seguisseaté sua casa. Mas, se ela não aparecesse no dia seguinte, eu precisava saberaonde iria.

*******

Não me matem 😈 voltei e vou tentar finalizar a fic até sábado, se eu conseguir eu trago uma fic nova e DESSA VEZ POSTANDO OS CAP DIREITO NE, prometo 😀😀 bjo na cara

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