Sarah Carolline Andrade Vieira.
Quinze anos atrásOlhando para cima, em direção à cruz, naquela sala minúscula e pouco iluminada, inalei, inspirando profundamente, até a ponta da
brasa vermelha consumir o fim do papel dobrado, queimando o meu polegar e o dedo indicador.─ Você não pode pedir perdão por alguma merda enquanto está pecando de novo. É para se arrepender.
─ Demonstre um pouco de respeito com o seu linguajar. Estamos em uma igreja, por Deus!
Liam riu do outro lado do banco escuro.
─ É, tá bom. Você acabou de fumar maconha no confessionário e é meu linguajar que falta com respeito.
Ele tinha razão. E já que o meu cérebro meio cozido estava quase ficando totalmente bem passado, bati a cinza no chão e o guardei no
bolso que restava do cigarro enquanto ainda estava quente.─ Tô vazando ─ Liam disse.
─ É para a gente trabalhar até o meio-dia.
─ Que se dane essa merda. Diga ao padre Frank que fui para casa bater uma, se ele me procurar.
A janela de madeira pela qual estávamos conversando, que dividia o confessionário e cobria a tela de confidencialidade, se fechou. A
porta fez o mesmo logo depois que Liam saiu.Ainda restava meia hora para que eu fosse dispensada pelo padre Frank, então me ajeitei, encostando no tecido macio vermelho e
esperando tirar um cochilo. A cadeira do lado do padre era bem confortável, talvez porque eles ficavam horas escutando merda de outras pessoas todo sábado à tarde. Não tinha noção de como esses caras passavam a vida toda naquele lugar. Ficar ali nos últimos
sábados já foi suficiente para me deixar louca.Três semanas antes, minha mãe havia flagrado Liam e eu matando aula de novo. Era o nosso último ano, minha mãe normalmente era
bem legal e os pais esperavam algumas faltas. Não foi isso que fez Abadia Andrade, temente a Deus, ficar desesperada.Também não foi o fato de encontrar Julia Willis seminua e totalmente drogada de joelhos, prestes a me pagar um boquete no jardim, o que assustou minha mãe. Não.
O que a fez me inscrever involuntariamente por um mês para limpar a St. Killian aos sábados de manhã foi a minha música.
Meus pais detestavam que eu não tivesse a intenção de ir para a faculdade ou me tornar parte da empresa de investimento bem-sucedida e familiar que carregava o nome Jauregui.
Então, fui sentenciada a prestar serviços comunitários por querer tocar bateria e cantar.
Depois de uma longa conversa com o padre
Frank e minha mãe, ele também aproveitava toda chance que tinha para lembrar a mim e a Liam de que tocar música não era a forma
como alguém deveria construir a sua vida.Graças a Deus, eu só tinha mais uma semana ali.
Havia pegado no sono quando a porta do confessionário fez um barulho ao ser aberta.
Achei que fosse Liam de novo.
─ Pecou de novo, loser? ─ eu disse.
Com toda certeza não foi Liam que respondeu.
A voz era baixinha e trêmula de nervoso quando ela falou:
─ Me abençoe, padre, porque eu pequei.
Merda.
Havia uma menininha do outro lado e ela achava que eu era o padre. Pelo som da sua voz, imaginei que não tivesse mais do que
dez ou onze anos. O que ela poderia ter para confessar?Eu provavelmente deveria ter aberto a porta e saído antes dela começar a me contar seus segredos mais sombrios. Não, provavelmente não. Eu definitivamente deveria ter saído.
Mas... talvez fosse a maconha. Talvez fosse o som de sua voz trêmula que me deixou curiosa. Talvez eu apenas estivesse fodida da cabeça. Em vez de abrir a porta literalmente, acabei abrindo uma no sentido figurado. E isso mudaria minha vida para sempre.
─ Continue ─ disse a ela. ─ Me conte os seus pecados.
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Encontre uma moeda - Versão sariette
RomansaEncarei a canalha que enganou minha melhor amiga, do outro lado do bar. Despejei meus xingamentos em cima dela e, ao final, percebi o grande equívoco. Ela entendeu como um flerte! Com vergonha, saí sem me desculpar e achei que jamais a veria novame...