Chapter 29

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Juliette Freire Feitosa

Sentia-me como a Cinderela.

Sem saber o que vestir, fiquei enchendo Sarah até ela me dizer aonde íamos. Nunca tinha ido a uma ópera e pensei que era gentil da parte dela querer me levar, sabendo o quanto aquilo significava para mim, por causa da minha pesquisa com Umberto.

Não tinha nada chique o suficiente para vestir, então peguei emprestado de Lara um vestido preto simples, transpassado na frente e que se prendia na nuca. O decote na linha do pescoço revelava muito mais do que eu normalmente mostraria, e fiquei feliz por ela ter se precavido e me mandado uma fita dupla face com o vestido.

Pontualmente às seis, o interfone tocou e, surpreendentemente, eu estava quase pronta.

Enquanto aguardava Sarah subir pelo elevador, fui para o banheiro terminar de passar lápis nos lábios. Pacote completo, pensei, enquanto passava um batom vermelho brilhante que eu nunca usava.

Havia deixado a porta do meu apartamento entreaberta depois que Sarah tocou o interfone e ela bateu antes de entrar.

─ Juliette?

─ Já vou em um segundo!

─ Fique à vontade.

Essa seria a resposta de uma pessoa normal e eu estava esperando um comentário sobre o meu atraso de sempre. Nos últimos dois dias, parecia que Sarah tinha parado com esse joguinho.

Não estava tão sarcástica como de costume e suas mensagens nem eram pervertidas. Só fazia quarenta e oito horas desde que ela tinha me levado para casa depois de nossa noite espetacular juntas, mas eu sentia falta da intimidade que já compartilhávamos.

Dei uma última olhada no espelho e gostei do que vi. Respirei fundo antes de sair para cumprimentar Sarah. Estava nervosa ─ fora
da minha zona de conforto e toda elegante para ir a uma ópera.

Encontrei minha namorada no lugar de sempre, em frente à minha parede de fotos emolduradas.

─ O que acha? ─ Fiz toda aquela coisa de rodopiar como uma menininha... também uma coisa diferente para mim.

A expressão no rosto de Sarah quando se virou não tinha preço. Ela ficou boquiaberta e precisou pigarrear para falar.

─ Você está linda.

─ Obrigada. Você não está tão mal também.

Ele vestia um terno feminino, com corte slim e escuro, que parecia ter sido feito sob medida. Ao ver a forma como abraçava seus ombros, seios e bíceps, percebi que provavelmente tinha mesmo.

Pura elegância. Estava em toda a forma como ela vestia o terno e o efeito que tinha em mim devia ser similar ao que uma mulher de lingerie causa. De repente, eu estava quente em meu vestido sem manga que mal tinha tecido na parte de cima.

Sarah ficou no lugar, seus olhos medindo todo o meu corpo, e esperou que eu fosse até ela. Com meu stiletto de quinze centímetros de altura, não precisei ficar na ponta dos pés para cumprimentá-la, para variar.

─ Gosto de você com terno formal. Provoca efeitos em minhas partes íntimas.

Ela sorriu.

─ Ah é? Poderíamos ficar em casa, e posso ficar vestida enquanto eu provoco efeitos em suas partes íntimas... com minha língua.

Caramba, esqueça pasta de amendoim e geleia. Não há combinação melhor do que uma boca safada e um terno sexy. Sarah segurou minha nuca e me beijou selvagemente, sem se importar que estivesse borrando meu batom.

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