Juliette Freire Feitosa
─Está com fome?
Eu havia debatido comigo mesma se faria ou não essa pergunta pelos últimos cinco minutos. Embora tivesse passado o dia todo com Sarah, não estava pronta para que esse dia acabasse. Mas queria que minha sugestão de jantar soasse casual.
Ela tinha me chamado para comer antes, mas, por algum motivo, quando era eu fazendo a
pergunta, sentia como se o estivesse chamando-a para um encontro.Sarah olhou para mim e depois de volta para a rua. Estava quieta e tive a sensação de que ela estava ponderando se nossa situação era apropriada antes de responder. Fiquei surpresa quando ela disse:
─ Morrendo. Pensou em quê?
─ Gosto de tudo. Tem um restaurante grego bom a alguns quarteirões da minha casa. Ou tem comida chinesa na Grand Street. Ou podemos ir ao O'Leary e será por minha conta de novo. ─ Sorri com essa última parte.
─ Que tal comida grega e dessa vez eu pago?
─ Por mim, tudo bem. Vire à esquerda na Elwyn Street. É logo à direita, se conseguirmos encontrar vaga para estacionar... Greek
Delight.Dentro do restaurante, a recepcionista nos colocou em uma mesa tranquila, no fundo, e nos trouxe homus e pedaços de pão sírio para
beliscar enquanto olhávamos o cardápio. Eu sabia o que queria, porém, Sarah pegou os seus óculos no bolso para ler o cardápio. Eles
a deixavam realmente sexy e não consegui me conter.─ Quantos anos você tem para precisar de óculos para ler?
Ela olhou para mim por cima do cardápio com suas armaduras Burberry elegantes.
─ Você usa óculos. Por que o fato de eu precisar de óculos para ler significa que seja velha?
─ Tenho astigmatismo. Preciso deles para ler desde quando ainda não usava sutiã.
Os olhos de Sarah caíram sobre o meu decote antes de retornarem ao cardápio. Ela resmungou alguma coisa que não entendi.
Continuei a encará-la, ela tirou os óculos e olhou para mim.
─ O quê?
─ Você não respondeu minha pergunta. Quantos anos você tem?
─ Idade suficiente para ser sua professora.
Molhei um pedaço de pão no homus e coloquei na boca.
─ Então, quantos? Uns sessenta?
─ Tenho trinta e dois, sabichona. Feliz?
Sorri.
─ Sim, agora sim.
Sarah recolocou os óculos e voltou ao cardápio.
Inclinei-me.
─ Não parece que você tem mais que trinta e um.
Ela balançou a cabeça e continuou a ler, mas flagrei o canto de sua boca se erguer.
Por que eu adorava aquele canto de boca erguido? Sentia como se fosse algum tipo de recompensa. Precisava seriamente que minha
cabeça fosse examinada quando o assunto era aquela mulher.Quando ela pareceu ter decidido, recostou-se.
─ Está fazendo um ótimo trabalho na sua pesquisa.
─ Obrigada.
─ É uma dinâmica interessante pra caramba que acontece ali.
Lembrei do quanto me senti esquisita ao me sentar com o trio pela primeira vez.
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Encontre uma moeda - Versão sariette
Roman d'amourEncarei a canalha que enganou minha melhor amiga, do outro lado do bar. Despejei meus xingamentos em cima dela e, ao final, percebi o grande equívoco. Ela entendeu como um flerte! Com vergonha, saí sem me desculpar e achei que jamais a veria novame...