Não Me Arrependo De Ter Me Entregado

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Por Maria Antônia*

Assim que abri os olhos notei que ainda estava erolada em apenas um lençol, depois olhei para o lado procurando Joseph, mas ele não estava na cama. Vesti minha lingerie e fui até o banheiro do quarto, mas ele também não estava lá. Então caminhei até a sala. Senhor! Que apartamento grande! Era sóbrio, de cores escuras, moderno e não tinha toque feminino.

Nunca tinha me sentido tão bem, mordia os lábios só de lembrar no que Joseph e eu fizesmos...

Quando cheguei na sala, Joseph estava deitado no sofá, usando apenas uma calça, que deixava a mostra sua cueca azul escura, ele me olhou de cima a baixo.

- Dá para vestir uma roupa? - disse se sentando.

- Estranho você dizer isso, porque ontem era exatamente o contrário que queria que eu fizesse. - respondi o encarando.

- Ontem eu estava bêbado, hoje estou lúcido, quero que se vista e saia. - parecia nervoso.

Talvez ele se sentisse culpado, mas mesmo assim não o entendia!

- Eu sabia que estava bêbado... mas não pensei que fosse algo só carnal. - disse já segurando as lágrimas.

- Não torne as coisas mais difíceis do que já são, por favor Maria...

Não tinha mais o que ser falado, ele nem ao menos conseguia me olhar direito.

Enquanto me vestia algumas lágrimas caiam, peguei minha bolsa no sofá e sai, exatamente como ele pediu, sem olha-lo.

Não sabia o que fazer, mas do que fiz não podia me arrepender, apesar de tudo, foi incrível, mas as consequências seriam horríveis.

Entrei no elevador e agradeci por estar vazio, não queria que ninguém me visse naquele estado, eu só queria chorar, me sentia tão sozinha e realmente estava. Tentei limpar as lágrimas, mas eram tantas que não adiantava.

- Como sou estúpida! - disse em voz alta, ainda chorando muito.

Logo cheguei no andar da portaria, queria ir embora o mais rápido possível. Sai do elevador e esbarrei com uma senhora muito elegante, ela usava óculos escuro e apesar de aparentar ter uma certa idade, era muito bonita.

- Ao menos se desculpe garota! - ela disse irritada.

- Foi mal... - tentei esconder o rosto.

Ela percebeu que tinha algo de errado comigo.

- Não quero ser inconveniente mas... Qual o motivo de tantas lágrimas? - me perguntou.

- Bom... eu dormi com o meu professor de música e agora ele me odeia, além de me desprezar, acho que não podia ser pior. - respondi.

Acabei falando tudo. Era uma desconhecida mesmo, que mal faria?...
- Pode me dizer o nome desse professor?

- Joseph... Joseph Kutcher. - acho que estava errada, faria muito mal me abrir com uma desconhecida - Você conhece ele?

- Sou a mãe dele. - respondeu sendo ignorante.

Antes que eu pudesse dizer algo, ela se virou, recolocou o óculos e entrou no elevador com um ar de indignação.

Se eu pensava que não podia ser pior, estava errada!

Ao sair do prédio, fui para o ponto de ônibus mais próximo. Estava um vento gelado, fazia frio e eu usava apenas a roupa da noite passada. Sentada esperando o ônibus não deixei de pensar em Joseph, na noite maravilhosa que aquela tinha sido e no seu desprezo.

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