Um Pouco Espantoso

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Os dias estavam passando tão rapidamente, eu estava aos poucos me acomodando a tudo, a Maria, Kaique, a ausência de Analu que por mais leve que fosse se fazia notar em frações de segundos, a Victória que fazia um ótimo trabalho, ao quase namoro dela e Samuel. Eles estavam conversando há alguns dias, ele até ia buscar ela na escola.

Maria Antônia finalmente havia aceito morar comigo. Embora uma grande mudança tenha ocorrido, não me sentia estranho com a situação, tudo parecia se encaixar. Ela quitou seus aluguéis atrasados com a venda de alguns móveis e trouxe pouquíssimas coisas para meu apartamento, mais mesmo foram os itens pessoais dela, do irmão e das bebês.

Antes disso nós tínhamos ido visitar sua mãe. Informamos sobre o nosso relacionamento e a decisão que tomamos de morarmos juntos. Cassia achou que fosse realmente o melhor, ela estava bem também, mas não se sentia segura de sair da internação. Ela e Antônia conversaram bastante resolvendo algumas coisas com relação aos pertencentes. Ela autorizou que fosse vendido ou doado e depois ia recomeçar com o dinheiro guardado.

Nos primeiros dias meu apartamento ficou em uma bagunça completa, mas pouco a pouco fomos ajeitando tudo. Contratei um "designer de interiores" para mudar os quartos de hóspedes. Um, foi feito uma decoração azul e do universo dos vídeo-games para Kaique, e o outro, decorado para minhas filhas. Nada de rosa, tudo na tonalidade creme, e com um toque vintage nos berços que Maria achou demasiadamente caros.

E ela passou a dormir comigo, não todas as noites, as vezes dormia com Kaique. Nada ia como as previsões de Samuel, não cobrávamos explicações um do outro, no entanto eu gostava de falar para Maria por qual motivo cheguei mais tarde ou mais cedo em casa, e ela fazia o mesmo.

Adaptamos nossas rotinas e fomos conhecendo mais e nos acostumando com o jeito do outro. Maria dorme com meias nos pés, não gosta que a chame de Mari, ama quando dormimos abraçados, o que aconteceu quase todas as noites.

Ela estava se preparando para sair do emprego, a obstetra já havia nos repreendido porque já era para Maria ter se afastado pois prestes a completar 30 semanas de gestação gemelar não era bom se esforçar e ela estava se arriscando.

Marcia sempre que ia em casa e Maria estava, executava seu serviço conversando com Antônia. Elas construíram um afeto muito facilmente, Marcia até disse que com Analu era diferente, a relação entre chefe e empregada era maior do que a... afetividade. 

- Joseph, você viu aquele meu vestido que tem três botões no busto? - Maria perguntou depois de procurar e não encontrar a peça.

- Não. Será que não está na lavanderia? - me virei na cama.

- Não, eu lavei ele já. - suspirou e se sentou na cama. - Nada mais me serve. - murmurou.

Me sentei e fui até ela colocando uma perna de cada lado do seu corpo.

- Fica calma. - pedi distribuindo beijos por sua nuca. - Vamos encontrar. Você só está tensa porque é seu último dia no trabalho.

- Nem me lembra. - se levantou.


Me levantei e fui ajudar a procurar.

- Você não tem outro? - perguntei tirando o violão da poltrona.

- Os outros estão sujos.

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