Reencontro Forçado Pelo Medo

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O avião que Maria e eu estávamos pousou no aeroporto de São Paulo, Guarulhos às 3:10. Maria estava com muito sono, bocejava sem parar. Depois de todos os procedimentos obrigatórios, pegamos nossas malas e fomos para o estacionamento onde meu carro estava. Quatro dias de estadia me custou caro. Ninguém havia ido nos esperar, porque tínhamos pedido. Era previsto chegarmos de madrugada, então podemos deixar para matar a saudade mais tarde.

- Você está tão calada. - disse a Maria assim que entrei no carro também.

- Tô com uma sensação estranha... - me olhou nos olhos.

- Acho que é a mudança de atmosfera. - peguei sua mão repousada na barriga e a beijei.

Enquanto dirigia para sua casa, ficamos em silêncio. A maioria das ruas estavam praticamente vazias ainda e estava escuro. Quando chegamos em frente a casa de Maria, saltei do carro e fui pegar suas malas. Entramos na casa tudo em silêncio. Coloquei sua bagagem em um canto da sala e fui até ela que estava sentada no braço do sofá.

- Chegamos... - disse mexendo em seu cabelo.

- Uhum... - disse com a cabeça inclinada para baixo.

- Você está assim por causa da minha mãe, ainda?

- Não, Joseph... - me olhou nos olhos - Eu nem fiquei tão triste com ela... tenho certeza que nunca vai gostar de mim mesmo...

- Então o que foi?

- Ah, aqui as coisas são diferentes de Seattle... Nós somos diferentes... - novamente abaixou a cabeça - Seus sentimentos podem ser diferentes...

Levantei seu rosto para mim e sorri.

- Vamos tentar ir com calma agora, sem atropelar tudo e todos como da outra vez... - a abracei.

- Oi! - Victória disse muito animada vindo do corredor.

Imediatamente Maria me largou e correu para abraçar a amiga. Ficaram um bom tempo abraçadas e conversando. Os olhos de Maria se iluminaram ainda mais para falar da viagem e a Tória ouvia atentamente a amiga.

- O Ka está dormindo? - Maria perguntou.

- Está, ele tentou ficar acordado, mas não conseguiu. - Victória a respondeu.

- Eu vou ver ele. - Maria disse e deu um passo em direção ao corredor, mas eu segurei em sua mão.

- Você já vai. - sorri - Me acompanha até o portão antes?

Me despedi de Victória e Maria me acompanhou até o portão. Chegamos lá e ela me olhou insegura.

- Depois conversamos. - disse me aproximando.

Ela assentiu e mordeu o lábio inferior. Me inclinei e beijei seus lábios com delicadeza. Maria deixou tudo mais rápido e o beijo se tornou algo voraz.

- Okay. - me desfiz do beijo e sorri - Agora eu vou.

- Tá. - sorriu levemente.

Enquanto dirigia pra casa fiquei tentando entender o que havia deixado Maria tão insegura de repente. Tão calada.

O sinal verde do semáforo onde eu estava parado acendeu e eu arranquei com o carro. Estava próximo ao meu bairro e tudo ainda estava sem grande trânsito. Não entendi muito bem o que aconteceu. Apenas vi uma luz acertando em cheio a lateral do meu carro.

(...)

Eu escutava vozes mas não as entendia muito bem. Muitas pessoas correndo a minha volta e então uma máscara de oxigênio foi colocada em meu rosto. Foi passado um cinto de segurança em minhas pernas e eu senti uma vontade imensa de gritar, mas não consegui, estava tudo escurecendo. Meu corpo foi levantado de uma vez e conduzido para uma ambulância. Reconheci por causa das sirenes. Uma dor insuportável crescia em minhas pernas e cabeça. Tudo escureceu de uma vez e eu apaguei.

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