Maria sorriu da forma mais linda possível ao ouvir minha resposta, minha declaração, mas em seguida sua expressão se tornou de dor enquanto sua respiração ficava a cada segundo mais profunda e urgente.
Passamos por duas horas de angústia naquela sala. O médico aguardava as construções aumentarem e Maria dizia o quanto doía. Meu coração estava esmagado segurando sua mão molhada e fria. Seu cabelo comprido próximo a testa estava escorrendo suor, os olhos marejados.
Depois desse tempo insistiram para que Maria conseguisse e aquilo me torturava. Ao mesmo tempo que eu queria sair do cômodo, eu queria e tinha que transmitir força à ela e permanecer do seu lado. O médico com as enfermeiras notaram que algo poderia acontecer de errado e fizeram um pausa, Maria assim como eu, acompanhou os movimentos deles. Então veio a notícia de que iriam fazer uma cesariana com nosso consentimento, ou senão eles continuariam tentando, mas a gravidez de dois bebês era em dobro mais delicada.
- Eu acho que não consigo... - Maria disse e começou a chorar. - Eu não consigo. - sussurrou.
- Ei, tudo bem, temos a opção da operação. - acariciei sua testa.
- Não... Pode acontecer alguma coisa...
- Maria, você não precisa ser o tempo todo forte, as vezes temos que nos render e aceitar algum socorro.
Depositei um selinho em seus lábios e fui até o médico.
(...)
Fiquei de costas para a barriga de Maria durante o procedimento cirúrgico que realiza o corte. Ela já não sentia mais nada, estava anestesiada. Nossas mãos ainda estavam juntas e nossos olhares na mesma direção.
Alguns minutos depois ouvimos um choro agudo ressoar pelo espaço, Maria abriu um sorriso enquanto começava a chorar de emoção, eu me virei e vi a enfermeira envolver o bebê, a pequena vida, em um tecido propício. Meus olhos quase me sabotaram enchendo-se de água e atrapalhando minha visão nítida.
A enfermeira me direcionou um sorriso e caminhou até nós. Abaixou-se próxima a Antônia que no momento conseguia somente mover a cabeça para o lado, e nos apresentou a nossa primogênita. Helen chorava de uma forma de doer, mas aquilo era um bom sinal, ainda coberta de sangue fez Maria sorrir segurando a pequena mão agitada.
Nossas atenções foram conquistadas por outro choro fino e desesperador, vinha da nossa outra menina que nascia. Hayley, como havíamos decidido, a última a nascer teria um nome americano, assim como a primeira um nome habitual do Brasil.
Outra enfermeira trouxe minha outra filha para perto de nós, não impedi que algumas lágrimas descessem por meu rosto, era a cena mais magnífica que eu já tinha visto em toda minha vida. Tão pequenas, chorando alto e saudáveis.
Maria e eu seguramos nas pequenas mãos e demos um selinho para completar aquele momento de conquista e júbilo.
- Precisamos levá-las agora. - a enfermeira disse. - Para fazermos os procedimentos pós-parto.
- Mas... - Maria já ia protestar mas eu a interrompi.
- Antônia, elas são suas, já estarão de volta. - as enfermeiras concordaram comigo.
- Tudo bem. - Maria disse.
Sorri e depositei um beijo em sua testa. Ela acenou para as bebês.
- São tão lindas. - Maria disse suspirando.
Concordei e sorri maravilhado. Finalmente minhas filhas estavam conosco, era uma sensação inexplicável que tomava meu peito, um amor imenso e inexplicável.
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Duas Vidas
RomanceJoseph Kutcher formado em música, tem 28 anos, nasceu e foi criado nos Estados Unidos por sua mãe e por seu pai brasileiro. Decidiu dar um novo rumo a sua vida, que para ele não era nada prazeroso ou satisfatório trabalhar de terno e gravata em um e...