Quando eu estava deixando meu quarto, ouvi meu celular apitar com a chegada de alguma coisa. Voltei ao local onde eu estava sentado e o larguei lá, em cima da cama. Acendi o visor e percebi que se tratava de algo de Maria Antônia, uma mensagem:
" Ainda quer conversar comigo? "
Rapidamente escrevi uma resposta:
" Decerto, por quê? "
Antes de enviar fiquei no dilema qual "porquê" usar.
" Pode ser hoje.. "
" Em qual horário? "
" Eu pensei que se não estivesse ocupado, poderia almoçar comigo. "
" Depende do horário, por causa das aulas da escola "
" Meio-dia "
" Certo, então eu te pego a onde? Não foi trabalhar? "
" Eu tô na loja, é que a movimentação está fraca "
Depois Maria mandou seu endereço de trabalho e confirmamos o almoço. Estava para enlouquecer esses últimos dias. Necessitava conversar com ela, não gosto de viver passando por cima dos maus-entendidos e... também senti falta de seu carisma. Como senti.
Durante esses últimos dias conversamos o extremamente necessário por mensagens, retomei todas as minhas aulas na escola, não voltei a ver Analu, Samuel continuava não abrindo o jogo comigo, meu carro saiu do concerto, contudo estou cogitando em comprar outro. O meu é ótimo, todavia já penso em quando eu estiver com as minhas filhas, um veículo mais espaço será de grande valia.
Sai do meu quarto e fui para a cozinha. Preparei um café expresso e panquecas. Droga, esse apartamento nunca foi tão grande. Me sentando a mesa, sofá, qualquer lugar sozinho está me frustrando cada vez mais.
Quando estava com Analu, mesmo que passássemos dias longe e eu sozinho igualmente, era incrível porquê eu sabia que ela voltaria e então poderíamos colar um no outro. Agora, frustação é realmente o que me resta. Mesmo ficando com Maria, algo falta, talvez eu tenha que me desacostumar e aprender a ser sozinho, até que Maria e eu demos um passo à frente.
(...)
Me aprontei para ir pra escola rapidamente, vestido qualquer uma de minhas roupas batidas por desleixo de não ser consumista.
- Eu nunca usaria isso. - sorri e devolvi o cabide ao seu local com uma camisa estampada que Analu me deu.
Ela sempre me presenteava com roupas ou acessórios "extravagantes" ao meu ver.
Peguei meu violão e o restante das minhas coisas e desci para o estacionamento. Coloquei o instrumento no banco traseiro e depois tomei meu lugar de motorista.
Após alguns minutos longos no trânsito caótico e rotineiro cheguei em frente a escola. Estacionei na vaga "exclusiva", que é minha salvação aqui, senão provavelmente acharia outro lugar para parar a quase um quilômetro de distância do prédio.
Adentrei a escola e cumprimentei Kelly como sempre e depois me encontrei com Victória que iniciaria seu "estágio" já que ela aceitou fazer alguns dias de experiência. Andei pensando bem e resolvi que Victória não será apenas minha substituta e sim professora, com todos os seus direitos, se ela gostar do estagio e aceitar essa outra proposta, é claro.
Não é obrigatório um diploma de música para ensinar a tocar violão, mas como eu sou formado terei que supervisionar suas aulas, pelo menos por um tempo. Não significa que eu não tenha confiança pois isso tenho de sobra nela, o problema são os meus sócios que sempre querem protestar meus planos, então, obrigatoriamente lembro de ser o majoritário e "bato o martelo".
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Duas Vidas
RomanceJoseph Kutcher formado em música, tem 28 anos, nasceu e foi criado nos Estados Unidos por sua mãe e por seu pai brasileiro. Decidiu dar um novo rumo a sua vida, que para ele não era nada prazeroso ou satisfatório trabalhar de terno e gravata em um e...