Esvair-me em letras

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Escrevo, pois foi o que me restou. Escrevo, pois preciso chorar com letras.

Estou tão frustrado que não consigo fazer outra coisa a não ser esvair-me em letras, palavras, expressões, frases e parágrafos. A muito tempo não escrevia tão cheio de humanidade e tristeza. 

Dizem os poetas que os melhores textos são os que escorrem lágrimas ou sangue de uma alma martirizada e açoitada pela vida. Jamais pensei na juventude que hoje eu estivesse produzindo tais textos. Minha imaturidade não me deixava ver que as dores mais profundas vem com o distanciamento das ignorâncias das coisas da vida. 

Até quando aguentarei minha humanidade sem cair em desespero? Até quando as cicatrizes ficarão abertas? Até quanto conseguirei resistir à loucura, preservando minha sanidade cada dia mais frágil? 

Não penso em tirar minha própria vida e nem a vida de ninguém; mas penso na justiça. Para defender os meus sou capaz de morrer. Se tiver que acontecer, que seja o mais indolor possível. Não sou chegado ao estado vegetativo e ao universo das dores crônicas. As dores agudas me bastam. 

Tenho Sede dos NadasOnde histórias criam vida. Descubra agora