Anedonia

3 1 0
                                        

De nadas eu tenho grandezas.

Certa vez pensei que estava depressivo. Descobri que para fechar um diagnóstico precisamos estar a pelo menos duas semanas, ininterruptamente, com os sintomas.

Já não queria mais nada, tudo que me trazia interesse não fazia mais sentido. Não tinha um pingo de motivação. Comecei a dormir tarde e demais. Já acordava com vontade de voltar para cama. Ficava irritado com muita facilidade. Perdi o interesse em tudo que me trazia qualquer centelha de prazer e satisfação. Pensei em parar de vez com tamanho sofrimento, mas não tive coragem; afinal aquele não era eu. 

Meu coração apertava no peito. Sofria de lágrimas represadas, de sonhos perdidos, de metas frustradas e de distancias inatingíveis. Obscuros dias de desprazeres vivi, buscando um eu que não mais existia. Ou pensava não existir. Mas resisti e recomecei.

Perdi, encontrei. Desconstruí, reconstruí. Desaprendi, reaprendi. Morri, revivi. 

Hoje a dor já não dói tanto. Algumas cicatrizes se fecharam, outras não. O que foi perdido, ficou para trás. Mas ganhei novo fôlego para seguir adiante. Cá estou, na jornada de uma vida que seria muito pequena se não fosse a esperança de tornar grande minha pequenez. 

Tenho Sede dos NadasOnde histórias criam vida. Descubra agora