Primeiro esvazio-me, depois começo o dia. Mas aqui tem um problema. Por vezes esvazio-me no fim do dia e daí o caos já tá instalado.
As palavras que não foram parar no papel, saem pela boca, pelos olhos, pelos gestos e pelos poros. Acredito que um cão bem treinado é capaz de detectar as altas doses de cortisol e adrenalina que me circundam o corpo.
Tudo e todos padecem pela minha falta de esvaziamento. Incompreendido, silencio-me diante dos feedbacks ásperos que recebo e pela falta de senso de nocividade. Não percebo que estou fazendo mal aos que amo.
Eles me sinalizam e eu cheio, promovo uma verborragia cruenta. Quando me dou conta, já vomitei palavras austeras cheias de sentimentos que cabe o papel receber e não as pessoas do meu convívio. Mas já foi. Já sentiram. Sinto depois que me dou conta. Já é tarde demais.
Não quero magoar, mas magoo. Não quero ferir, mas firo. Rancoroso e triste o faço, percebendo que continuo sendo melhor compreendido pelo papel que pelas pessoas.
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Tenho Sede dos Nadas
De TodoColetânea de Crônicas sobre os nadas da vida. LEIA E COMPARTILHE!!! #05 em CRÔNICA de 2,24K Histórias em 12/10/2022 #01 em DEVANEIOS de 672 Histórias em 28/07/2022 #03 em POETA de 1,88K Histórias em 29/05/2022