Capítulo um - A dor

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São 23h30min da noite, abro a porta da casa e entro. O local está tranquilamente calmo, me sinto um pouco exausta, tudo o que eu quero é deitar na cama e esperar. Minha alma se arrasta pelas escadas enquanto observo as lindas pinturas da parede, achei-as tão belas.

– Não tem ninguém em casa além de Nina! – falo em voz baixa para não incomoda-la em seu banho.

Nina sempre teve um ótimo gosto para a arte. Tão delicada e impecável, amei seu modo de ser desde o primeiro momento que a vi, por isso sei que ela será perfeita.

Daqui posso escutar a água molhar as belas curvas de seu corpo, como eu queria conhece-lo com mais propriedade.

Afago o travesseiro e me sento na cama a sua espera.

Ela sai de lá com seu corpo levemente molhado, abro um sorriso para ela ver que estou aqui. Nina se aproxima.

– M-mas quem é você? – ela me diz espantada.

Continuo a sorrir, e me aproximo dela, posso sentir sua respiração ficar ofegante enquanto ela se afasta até encostar-se à parede branca onde há um quadro que ela mesma pintou enquanto apreciava uma musica clássica.

– Alexia? – me encara com seus olhos amedrontados.

– Nina, Nina tão linda. – sorrio a ela

Então acaricio seus cabelos. – Sinto muito por não poder senti-la, elas luvas atrapalham. – falo enquanto a seguro pela garganta.

Ela não me diverte assim não posso me sentir melhor. A apunhalo com uma faca, de corte leve e suave. Sinto-me em êxtase.

– Vamos brincar um pouco! – sussurro em seu ouvido.

Nina tenta se livrar de mim, mas seus esforços é em vão, ela é muito fraca. Amordaço-a e arrasto até a cama, onde a deito gentilmente como se fosse a ultima peça de arte do mundo.

Nunca saia de casa sem se prevenir, sempre leve um guarda-chuva mesmo que esteja sol, mamãe sempre dizia. Então, trazer um pequeno kit de instrumentos seria necessário, nunca se sabe quando ira precisar. Abro-o em cima da escrivaninha ao lado da cama, um bisturi, um punhal, alguns tipos de lâminas, uma anestesia e um alicate com carinha feliz.

– Você é tão linda! – faço carinho em seu rosto. - vamos sentir sua falta, garota!

Pego o bisturi e corto sua barriga, não muito profundo. Seus olhos se arregalam, mas ela não consegue gritar, sei que a dor é dilacerante. Pego o alicate e balanço no ar...

– Ele esta sorrindo você vê? Ele quer seu sorriso Nina!

Enquanto ela se esperneia, tiro a mordaça e seus gritos parecem doces melodias aos meus ouvidos. Uma pena ninguém poder ouvi-los junto comigo, gostaria de compartilhar esse momento a alguém com insana loucura. Arranco três de seus dentes, a vejo chorar e sangrar, mas nada sinto de sua dor.

– Ah, Nina. Você não sabe brincar, terei que te matar! – dou um leve sorriso a ela.

Posso ouvir sua voz agora pesada implorar por sua vida, sinto nojo, ela era tão bela e agora está ai, como um saco de carne. Sua voz agora começa a me irritar.

Enquanto a observo quero poder lamber o sangue de seus lábios e dar a paz que ela tanto necessita. Meus dedos escorregam pelo cabo da adaga e sem hesitar enfio em seus pulmões. O golpe é de tamanha intensidade e certamente certeiro. O sangue escapa de sua boca e seus olhos viram ao ar, sua vida se esvaiu e agora ela não é mais nada.

Sinto nojo de mim mesma... Tiro aquelas luvas ensanguentadas e jogo dentro de minha bolsa onde coloco outra, que está limpa sem o sangue daquela pobre alma. Jogo minhas coisas na mochila e saio pela porta da frente.

Este bairro é tão calmo e a segurança aqui é mínima, a única câmera que constatei ter na rua é longe demais de sua casa. Na porta de sua casa coloco uma peruca loira, troco os sapatos, odeio usar sapatos maiores, mas é necessário e logo após me despeço desse doce antro de morte.

Ando até o ponto de ônibus, a rua tem uma boa iluminação, mas o local parece deserto. Será se algum maníaco atacara uma pobre garotinha?

O ônibus é pontual, sento ao seu fundo. Estamos apenas eu e o motorista, ele poderia ser extremamente cruel comigo?

Desço algumas quadras antes de minha casa, entro em um beco nada iluminado e jogo minhas roupas e luvas, queimo tudo até restar apenas cinzas, como meu coração é.

Caminho e chego a casa, meu pai está no sofá.

– Sua vadia onde você estava? – diz toma um gole a mais de seu doce veneno.

– Cale-se, não me incomode! – digo e vou para o quarto.

Abro a porta vermelha que da espaço a paisagem de uma cama grande e alguns armários, há também a frente da cama uma televisão. Ando alguns passos até uma porta branca com um grande circulo azul, meu banheiro tão espaçoso. Ali ando até perto do armário e desabo no chão, continuo exausta. Arrasto minhas mãos agora fracas pelo piso e tateio até achar uma pequena brecha e puxa-la assim dando espaço a um buraco, tiro dali mais alguns pisos de madeira e coloco a mochila lá dentro.

Arrasto minha alma até o chuveiro e lá deixo ser lavado pela água fervente, meu corpo fica levemente vermelho. Lembro-me dos olhos dela e de nada me dão prazer... A noite foi um completo desperdício, e logo mais amanha terei aula.

Apaixonada Pela TorturaOnde histórias criam vida. Descubra agora