Capítulo quatorze - De volta a loucura

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Fiquei olhando para aquela lingerie preta com spikes e uma meia 7/8, em cima da cama, eu faria mesmo isso? Eu deveria ter matado o Bryan.

Sai do meu quarto e me dirigi a um corredor que ficava entre a sala e a cozinha, havia algumas portas, ali ficava o quarto de Phil e Cristina o que tinha nos outros três preferia ficar sem saber. Fui até a porta azul, entrei e havia apenas um quadro, de suicídio, que minha mãe pintou.

Olhei atrás da porta, segundo piso é? Ergui o piso e lá havia um saco transparente, peguei e sai imediatamente do quarto, que me dava arrepios. Toda a minha vida me da arrepios.

— Droga, Phil! – Gritei, mas não havia ninguém em casa as oito pm.

Sentei novamente na cama, eu queria poder voltar atrás e não ter conhecido Bryan ou pelo menos mata-lo. Abri o saco e havia uma caixinha preta, eu já tinha ideia do que era, mas evitei abrir agora. Tinha um sobretudo preto e luvas pretas, sapatilhas. Uma bolsa também preta e a ultima coisa que tinha lá evitei tirar, enrolei o saco e coloquei dentro da bolsa.

Fui tomar banho entrei devagar no box e deixei que a água quente levasse o ódio por eu ser tão fraca. Sai e me enrolei em uma toalha branca. Sequei meu cabelo e o prendi em um coque bem preso.

— Por que estou fazendo isso? – Suspirei enquanto olhava meu reflexo cansado no espelho e treinava sorrisos falsos que teria que dar para aquele desgraçado.

Fui até meu quarto, coloquei a lingerie e a meia 7/8, eu estava parecendo uma genuína prostituta. Coloquei a peruca loiro claríssimo, que até era bonita, porém eu odiava usa-la agora, arrumei o sobretudo no meu corpo, apenas o fechando com uma cordinha, que já tinha nele, para ser mais fácil de abrir. Evitei qualquer tipo de maquiagem. Coloquei a caixinha, o saco plástico transparente, os papéis, uma camiseta, calça e sapatilha, álcool e um isqueiro tudo dentro da bolsa.

— Não vacile. – Disse a mim mesma, colocando as luvas de látex pretas, e respirando fundo.

Já estava caminhando a uns quinze minutos então o carro estava ali. A porta se abriu em um estalo e sem delongas eu entrei, o carro era preto e aparentemente normal. Eu não podia ver o motorista e nem ele podia me ver. Encostei-me no banco querendo que tudo fosse um maldito pesadelo, sentia meu peito doer ao pensar o que teria que fazer. Abri a bolsa e peguei a caixinha: uma seringa com algum tipo de veneno!

Então o carro parou, as 10h08min pm, e novamente a porta abriu em um estalo, respirei fundo, tão fundo que poderia me afogar com o ar.

Fui andando até a frente da casa que era enorme, toda pintada de branco e havia luzes, a porta branca se abriu e meu coração acelerou, não havia ninguém ali, eu sabia que teria que ir direto ao quarto. Passei por um corredor escuro e não podia ver nada, mas havia uma luz em um dos quartos, era lá que eu deveria ir.

Entrando no quarto senti minhas pernas bambas, e de costas para mim havia um homem grisalho fumando um charuto, aquele cheiro nojento do charuto.

Havia uma cama com lençóis vermelhos e a poltrona preta que o homem estava sentado.

— O banheiro é ali. – Apontou para uma porta, sua voz era grossa.

Dirigi-me ao banheiro e tranquei a porta, os azulejos azuis eram lindos e a bancada de mármore também, havia uma banheira gigante e alguns armários brancos. Tirei o que tinha dentro do saco plástico e deixei solta dentro da bolsa. Tirei o sobretudo e fiquei me encarando de lingerie no espelho.

— E essa cara de derrotada ai? – Me provoquei e senti uma lágrima escorrer, limpei-a.

Deixei o sobretudo ali na bancada, meu sangue fervia mas eu tinha que fazer. Verifiquei as luvas para ver se estavam rasgadas e estavam perfeitas em minhas mãos. Virei-me de frente a porta tomei coragem, a abri.

— Você é gostosa. – O homem me olhava com um olhar malicioso o que estava me causando ânsia. — Vem aqui! – Exigiu que eu fosse perto dele na cama.

Segurei a bolsa que estava com a alça no meu ombro e fui. Ele tocou a minha barriga e depois os spikes de meu sutiã, meu sangue fervia queria cuspir na sua cara.

Encarei a minha sapatilha em meus pés.

— Olha pra mim, Vadia! – Gritou fazendo meus ouvidos arderem, e puxou o meu rosto com força para ver seu olhos castanhos. — Como é seu nome?

— Número 38. – Sorri de ódio

Ele me deu um tapa forte no rosto. — O verdadeiro nome! – Exigiu

— Patricia. – O primeiro nome que veio a minha mente.

— Ótimo, senta na cama. – Jogou minha bolsa de lado e segurou meu pescoço com força, começou a lamber o meu rosto. Sentia repulsa e vontade de vomitar.

Então me lembrei daquele dia, era uma tarde linda eu estava na casa que moro agora, com Diego, eu fazia isso para protegê-lo, o único que falava comigo. Mas a algumas semanas eu vinha me recusando a fazer, e nesse dia Phil chegou bêbado, arrastou Diego até o quarto de porta azul eu tentei arranha-lo e feri-lo, mas o desgraçado passou vinte anos no exército, ele me ensinou a atirar, a usar facas, métodos de sobrevivência, como não deixar vestígios etc.

Eu lembro que quando o treinamento era cruel demais Cristina me dava cigarros ao fim do dia. Então Phil abriu a porta e me puxou para dentro, me prendendo em uma corrente. Pude ver as lágrimas em seus olhos, ele estava preso bem a minha frente.

Phil o torturou por incansáveis horas, depois gravou a letra "D" em minhas costas com uma faca e a riscou com força. Ele fez Diego escolher quem morreria, eu ou ele, e ele não fez escolha alguma. E a ultima coisa que ele me disse antes de o maldito cortar seu pescoço com a faca foi "Eu te amo" que não tive tempo de retribuir, depois fiquei presa por 6 horas com o seu corpo gélido diante de meus olhos sem vida, fiquei sabendo que nunca encontraram o corpo. A minha vida seria sempre essa tragédia?

Pedro me jogou na cama e colocou a mão na minha perna...

Apaixonada Pela TorturaOnde histórias criam vida. Descubra agora