Esse lugar me da um tédio extremo, crianças brincando em gangorras, felizes... Ah, que droga de lugar, o céu está iluminado, que dia horrível.
No caminho para a minha casa Bryan não disse absolutamente uma palavra, e eu também não. Agora me encontro aqui olhando essas crianças nojentas em um parquinho qualquer que eu nem sabia que existia na cidade...
— Você parece tão inocente olhando essas crianças. – A voz que vem de trás me assusta, mas continuo observando.
— Christian... – Volto meu olhar ao céu que me incomoda muito, o sol batendo em minha pele é como se um vampiro estivesse virando cinzas e sendo levado pela brisa do vento.
— Que bom que se lembra do seu irmão! – Ele senta ao meu lado. — Não vai nem me abraçar?
— Não tenho um irmão. – Respiro fundo. –... Não tenho um irmão a muito tempo.
— Você é cruel, sabia? – Ele ri enquanto olha para baixo. — Quer dar uma volta?
— Não!
Ele olha em volta, parece um pouco envergonhado. Nem chego a me importar, mas ele está diferente.
— Ah... Quer voltar depois de todos esses anos e agir como meu irmão mais velho? – O encaro.
— Alexia... – Sua expressão passa de envergonhado a extremamente sério. — Você sabe que eu não poderia continuar aqui depois do que aconteceu e...
O interrompi. — E eu podia, não é? Eu podia continuar com Phil enquanto você estava melhor em outro lugar...
— Eu estava estudando para poder cuidar de você e de seus estudos mesmo de longe... E, bem, há algum tempo eu sai e vim para cá... Estou trabalhando com a polícia...
— Quanto tempo está aqui? – Me levando meio indignada.
— Oito meses, mas... Ale... – Ele me olha como se suplicasse piedade, sinto tanta raiva.
— Eu volto para te buscar... ele disse. – Gargalho da forma mais sarcástica que posso. — O que faz aqui? Está trabalhando em qual caso?
— Por que esse interesse repentino? – Ele me olha com um misto de curiosidade e espanto. — Bem, no caso dos assassinatos.
— Ah... Terrível não? Que tipo de monstro faria algo assim? – Meu tom sai mais sarcástico do que eu esperava.
— Já que estamos conversando podemos dar um volta agora? – Ele se levanta.
Começo a caminhar sem responder-lhe, ele me segue, mexendo nos cabelos enquanto olha para baixo.
— Você ainda tem essa mania terrível de mexer nos cabelos, isso é trágico.
— Você ainda tem essa mania horrível de me criticar... – Ele ri. – Quer ir ao cinema?
Paro um instante de andar. — Não comece a me tratar como sua irmãzinha! – Grito. — Há um cinema nessa cidade? – Falo em voz um pouco mais baixar.
— Eu soube que está passando um filme ótimo de assassinatos. Você sempre se interessou por esse tipo de filme... – Ele olha para mim procurando algum sinal de felicidade. — Lembra que íamos ao cinema com a ma... Enfim, lembra que íamos quando você era criança? Na sua infância.
— Christian, não existe mais infância na minha vida. Se você parar de falar do passado eu aceito ir.
Ele sorri. – Venha, meu carro está ali. — Sabe dirigir?
— Sei. Pelo menos Phil serviu para alguma coisa na minha vida. – Enquanto entramos em seu carro um silencio devastador paira pelo ar.
— Quer me contar algo sobre você, sabe o que você tem feito todos esses anos...
— Tenho matado pessoas. – Falo séria, olho pelo espelho do carro e fico um pouco assustada como meu olhar parece ter saído das profundezas do inferno.
Ele ri tanto que me por um segundo sinto vontade de degolar lhe.
— Eu tenho encontrado e colocado bandidos na cadeia. Não somos muito diferentes então... – Ele me olha com um sorriso tão sincero que meu corpo se retesa. — Bem, chegamos.
Saímos, os cartazes estão lá, a bilheteria também. Quanto tempo eu não vejo um lugar desses...
[...]
— Como assim a policia prende ele no final? – Estamos andando enquanto critico o filme, Christian me observa atento. — Ele fez tudo àquilo pela filha... E... af, a filha dele acaba morrendo porquê ele vai preso. Isso é justiça?
Ele sorri e diz. — Bem, estamos acostumados com o maniqueísmo e quando ele não é explicito nos indignamos porque sabemos que aquilo é injusto. Mas matar pessoas é certo?
O olho, admirada, esse é meu irmão? Ficou tão responsável... Tão bom, e bem, eu sou o mau aqui? Ele é o bem e eu sou o mau... Não podemos conviver juntos, nunca poderemos.
Sorrio para Christian. Passo meus dedos por seus braços fortes, nem parece mais o menino magrinho de antes... O abraço, mais forte que eu posso e ele retribui... Novamente, sinto calor humano, mas agora a intensidade é menor, mas não chega a não ser intenso, muito pelo contrario, ele é meu irmão... O carinho é intenso!
Sinto minha cabeça latejar. Sinto as coisas chegando ao fim, sinto meu destino se aproximando.
Dou-lhe um beijo na bochecha me viro e vou embora, abandono aquele momento sentindo um laço de emoção me envolver.
[...]
"Está na hora de um novo trabalho, Alexia. Mate esse garoto e poderá ver Bryan respirar por mais um mês.
Assinado: Roberto"
— Ma... Matar... Daniel?
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Apaixonada Pela Tortura
Mystère / ThrillerAlexia, a garota anti-social, uma assassina em série que tortura suas vitimas, ela tem sentimentos? Ao conhecer Bryan as coisas começam a mudar, mesmo ela apontando uma faca para seu pescoço ele insiste mas Alexia conseguiria ama-lo? E ele se apaixo...