Capítulo vinte e dois - Entre irmãos: Entre o bem e o mal?

227 14 3
                                    

Esse lugar me da um tédio extremo, crianças brincando em gangorras, felizes... Ah, que droga de lugar, o céu está iluminado, que dia horrível.

No caminho para a minha casa Bryan não disse absolutamente uma palavra, e eu também não. Agora me encontro aqui olhando essas crianças nojentas em um parquinho qualquer que eu nem sabia que existia na cidade...

— Você parece tão inocente olhando essas crianças. – A voz que vem de trás me assusta, mas continuo observando.

— Christian... – Volto meu olhar ao céu que me incomoda muito, o sol batendo em minha pele é como se um vampiro estivesse virando cinzas e sendo levado pela brisa do vento.

— Que bom que se lembra do seu irmão! – Ele senta ao meu lado. — Não vai nem me abraçar?

— Não tenho um irmão. – Respiro fundo. –... Não tenho um irmão a muito tempo.

— Você é cruel, sabia? – Ele ri enquanto olha para baixo. — Quer dar uma volta?

— Não!

Ele olha em volta, parece um pouco envergonhado. Nem chego a me importar, mas ele está diferente.

— Ah... Quer voltar depois de todos esses anos e agir como meu irmão mais velho? – O encaro.

— Alexia... – Sua expressão passa de envergonhado a extremamente sério. — Você sabe que eu não poderia continuar aqui depois do que aconteceu e...

O interrompi. — E eu podia, não é? Eu podia continuar com Phil enquanto você estava melhor em outro lugar...

— Eu estava estudando para poder cuidar de você e de seus estudos mesmo de longe... E, bem, há algum tempo eu sai e vim para cá... Estou trabalhando com a polícia...

— Quanto tempo está aqui? – Me levando meio indignada.

— Oito meses, mas... Ale... – Ele me olha como se suplicasse piedade, sinto tanta raiva.

— Eu volto para te buscar... ele disse. – Gargalho da forma mais sarcástica que posso. — O que faz aqui? Está trabalhando em qual caso?

— Por que esse interesse repentino? – Ele me olha com um misto de curiosidade e espanto. — Bem, no caso dos assassinatos.

— Ah... Terrível não? Que tipo de monstro faria algo assim? – Meu tom sai mais sarcástico do que eu esperava.

— Já que estamos conversando podemos dar um volta agora? – Ele se levanta.

Começo a caminhar sem responder-lhe, ele me segue, mexendo nos cabelos enquanto olha para baixo.

— Você ainda tem essa mania terrível de mexer nos cabelos, isso é trágico.

— Você ainda tem essa mania horrível de me criticar... – Ele ri. – Quer ir ao cinema?

Paro um instante de andar. — Não comece a me tratar como sua irmãzinha! – Grito. — Há um cinema nessa cidade? – Falo em voz um pouco mais baixar.

— Eu soube que está passando um filme ótimo de assassinatos. Você sempre se interessou por esse tipo de filme... – Ele olha para mim procurando algum sinal de felicidade. — Lembra que íamos ao cinema com a ma... Enfim, lembra que íamos quando você era criança? Na sua infância.

— Christian, não existe mais infância na minha vida. Se você parar de falar do passado eu aceito ir.

Ele sorri. – Venha, meu carro está ali. — Sabe dirigir?

— Sei. Pelo menos Phil serviu para alguma coisa na minha vida. – Enquanto entramos em seu carro um silencio devastador paira pelo ar.

— Quer me contar algo sobre você, sabe o que você tem feito todos esses anos...

— Tenho matado pessoas. – Falo séria, olho pelo espelho do carro e fico um pouco assustada como meu olhar parece ter saído das profundezas do inferno.

Ele ri tanto que me por um segundo sinto vontade de degolar lhe.

— Eu tenho encontrado e colocado bandidos na cadeia. Não somos muito diferentes então... – Ele me olha com um sorriso tão sincero que meu corpo se retesa. — Bem, chegamos.

Saímos, os cartazes estão lá, a bilheteria também. Quanto tempo eu não vejo um lugar desses...

[...]

— Como assim a policia prende ele no final? – Estamos andando enquanto critico o filme, Christian me observa atento. — Ele fez tudo àquilo pela filha... E... af, a filha dele acaba morrendo porquê ele vai preso. Isso é justiça?

Ele sorri e diz. — Bem, estamos acostumados com o maniqueísmo e quando ele não é explicito nos indignamos porque sabemos que aquilo é injusto. Mas matar pessoas é certo?

O olho, admirada, esse é meu irmão? Ficou tão responsável... Tão bom, e bem, eu sou o mau aqui? Ele é o bem e eu sou o mau... Não podemos conviver juntos, nunca poderemos.

Sorrio para Christian. Passo meus dedos por seus braços fortes, nem parece mais o menino magrinho de antes... O abraço, mais forte que eu posso e ele retribui... Novamente, sinto calor humano, mas agora a intensidade é menor, mas não chega a não ser intenso, muito pelo contrario, ele é meu irmão... O carinho é intenso!

Sinto minha cabeça latejar. Sinto as coisas chegando ao fim, sinto meu destino se aproximando.

Dou-lhe um beijo na bochecha me viro e vou embora, abandono aquele momento sentindo um laço de emoção me envolver.

[...]

"Está na hora de um novo trabalho, Alexia. Mate esse garoto e poderá ver Bryan respirar por mais um mês.

Assinado: Roberto"

— Ma... Matar... Daniel?

Apaixonada Pela TorturaOnde histórias criam vida. Descubra agora