Capítulo nove - Você?

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Abro levemente as pálpebras, sinto o vento frio refrescar minha pele enquanto levanto o mais devagar possível da cama, não consegui fazer nada ontem nem mesmo... ah, isso eu posso fazer outro dia. Vou até o banheiro, coloco uma calça e uma blusa qualquer. E volto a sentar na cama, fico observando as armas e coisas que eu coloquei para Cristina ver. Mas... onde ela está? A... foi dormir na casa de Patricia, poderia ter ido morar lá também. Mas eu tenho que guardar todas essas coisas em lugares que ninguém acharia, minha casa é toda assim... estou com saudades de pegar minhas ferramentas.

Olho no relógio e já são 7 horas da manhã, melhor eu sair logo. Saio pela porta e Phil não está na sala, afinal onde caralho ele está? Bem nem me importo. Saio e vou como sempre para o colégio fazendo as mesmas coisas, uma bela de uma rotina.

Chego na sala e já está cheia, e Bryan está lá na carteira da minha frente, enquanto eu ia ao meu lugar começo a encara-lo involuntariamente. Observo suas pálpebras, porque seus olhos estão fechados, assim eu vejo seus "vasinhos sanguíneos" em suas pálpebras, e seus cabelos estão levemente caídos em seus olhos.

—Hey, Ale. Que roupas ridículas são essas... ah... combina com você! – Patricia fala do outro lado em voz alta. Não dou bola e vou ao meu lugar.

Aula de química, muito chato. Por que não nos ensina a fazer bombas logo?

— Vocês sabem que não temos provas e nem avaliações. Então o que vai dar nota para vocês é o trabalho que eu vou passar... em dupla. - Ele fala em alto e bom som e então tira um desenho de sua bolsa e coloca no quadro.

— Um experimento químico? Sério! Não temos 10 anos. – Patricia fala alto e o seu grupinho, pessoas estupidas, começa a rir.

— Duvido que você possa fazer algo grandioso. – Solto as palavras pausadamente para ter certeza que ela possa entender perfeitamente.

— Continuando... .– ele pega a lista de chamada. – Agora eu vou escolher as duplas. – Anna e Julia. Patricia e Cristina, Jennifer e Ariela, Lucas e Diego, Anna e Fernando, Emanuelle e Alice... – ele para de falar.

— Ela pode fazer o trabalho com você já que vocês se conhecem? – O professor olha fixamente para essa garota, nunca vi na vida e nem me importo. Mas ela encara Bryan.

— Claro! – Da um leve sorriso, ainda fitando Bryan.

— Continuando, Bryan e Alexia...

Essas palavras penetram tanto em minha mente que eu não escuto o resto das duplas. Por que tinha que ser ele? Volto a mim quando observo que ele me encara com um olhar estranho e depois volta a olhar para frente.

— Bem vocês sabem que isso é para apresentação na frente de algumas turmas – ele senta –... para os alunos novos que não sabem.

— Dois dias e meio para fazer algo grandioso. – ele da um sorriso sarcástico – Aconselho que comecem hoje mesmo. O horário que vocês têm que estar aqui é 18 horas.

Ah.. o sinal, finalmente. Vou ao meu cantinho dos sonhos, ao passar pelo corredor percebo algumas risadinhas. Chego e sento, me sinto calma até Bryan sentar ao meu lado.

— Que horrível você ser minha dupla! – Ele olha fixamente para a paisagem.

— Concordo. – Digo firme e o olho de canto. Isso definitivamente está longe de ser um romance.

— Mas eu vou sobreviver. Você não vai tentar me matar... de novo. - Sinto sua mão em meus cabelos, fazendo "carinho"?

— Não me toque! – Dou um tapa forte em sua mão para tira-la, minha voz ecoa levemente pelo local.

— Vou te seguir até sua casa e vamos fazer esse "trabalhinho" – Ele faz aspas com mão.

— Nós dois não vamos fazer nada. – Me levanto, quem ele pensa que eu sou?

— Vamos sim! Você não vai atrapalhar o meu futuro. – Ele diz firme, segura minha mão e se levanta. — Você me irrita, sabia?

Bryan me encara com seus olhos azuis, me sinto culpada. Culpada por que afinal? Tanto faz. Vejo ele se curvar um pouco e seus nariz fica a centímetros do meu.

—Está bem. – Me afasto e saio. — Você é um idiota mesmo.

As aulas terminaram e eu vou andando, vejo Bryan me alcançando.

Aumento minha velocidade de caminhar, mas consigo ouvir o barulho de seu coturno encostando no chão.

— Está tentando fugir de mim? - O sinto segurar minha bolsa o que me faz parar de andar.

— Talvez. – Viro de frente para ele. — É difícil despistar um verme feito você.

— Vamos ir comprar as coisas hoje?

— Não. – Viro o rosto para não encarar aquele olhar doce

— Então amanhã? – Ele toca em meu rosto com suas mãos frias e me faz virar lentamente. Tiro sua mão, dou de ombros e começo a andar.

— Vou te acompanhar até chegarmos, você não pode me impedir. – Ele me segue.

— Tanto faz.

Alguns minutos em silêncio e chegamos a minha casa, estava prestes a entrar quando ele segura minha mão. Sinto meu coração acelerar e um frio na barriga. Maldita historinha de adolescente.

— Quando? – Ele me faz olhar diretamente para seus olhos que parecem tão doces quanto antes.

— Amanha 10h30min da manhã, aqui na frente. Eu não vou para a aula mesmo.

— Por quê? – Ele me parece curioso o que faz seus lábios ficarem levemente abertos.

— Nada.

— Quem é o misterioso agora?

Faço-o soltar minha mão e entro. Quando vejo esta Cristina e outros três garotos se agarrando no sofá.

— Está achando que aqui é o que? – Falo em tom alto.

— Calma. A gente já vai para o quarto. – ela se ajeita

— Hum. Tanto faz. – Me viro e vou em direção ao meu quarto. Prestes entrar...

— Você conhece a estranha? – Algum dos rapazes diz a Cristina e solta uma risadinha

— Mas ela não é de se jogar fora. – Escuto outro rapaz falar, mas não tenho tempo para me incomodar com pouca coisa. Entro no quarto.

Sento na cama e olho para o chão.

"Será que eu poderia me apaixonar por ele se eu fosse normal? Por que eu me sinto assim... Por que ele é gentil? Onde está Christian? Por que minha mão esta morta? Por que Phil é assim?"

Ouço uma arma cair de minha prateleira, interrompendo meus pensamentos.

— Bem tenho que guardar tudo isso. – Falo comigo mesma em tom pensativo.

Volto a minha cama e fico olhando um retrato da minha mãe e ao lado da foto tem uma beretta m9, minha arma preferida.

Deito levemente e fico olhando o teto branco imaginando muitas coisas.

A vida é um lixo.

Apaixonada Pela TorturaOnde histórias criam vida. Descubra agora