Capítulo quinze - De volta a loucura (parte II)

359 28 7
                                    

Jogou-me na cama e colocou a mão na minha perna, sentia repulsa e nojo. Sentia suas mãos por todo o meu corpo... E em um segundo estendi minha mão ao céu.

No momento seguinte ela desceu com a fúria em suas mãos, acertando a agulha diretamente em seu pescoço e lá foi depositado toda a minha dor e sofrimento, todo o meu nojo e todo o meu... medo?

— O que você fez desgraçada? – Pedro se levantou e eu também, apenas sorri para ele que caiu na cama.

— É só um veneno. – Respirei. — Você não vai morrer, seu corpo está paralisado, mas você pode falar sussurrando.

— Vadia! – Tentava gritar, mas sua voz saia fina.

Olhei no relógio e eram 10:40 p.m. — Não posso fazer nada ainda. Então vamos conversar. – Seus olhos estavam arregalados e podia sentir sua raiva me fitando. — Eu realmente odeio ter que fazer isso por dinheiro ou para Phil. E eu não faço ideia de quem quis isso para você.

— Va.. – Começou a movimentar sua mão.

— Como você pode trair a sua mulher com prostitutas? – Subi em cima da cama me sentindo desconfortável seminua. — Você deve estar pensando "Como essa vadia me enganou assim?", e eu lhe respondo por que você é burro demais. – Dei um chute em seu rosto e voltei-me a sentar.

— Quando eu conseguir... – O interrompi

— Também deve estar pensando: "por que me submeto a isso?" ou "por que não mato Phil de uma vez?". – Olhei para os seus olhos castanhos que me faziam ter ânsia. — Eu já tentei mata-lo, varias e varias vezes. Uma vez dei três tiros em seu peito enquanto ele dormia e o desgraçado estava de colete a prova de balas, teve outra que eu cortei seu pescoço e o desgraçado sobreviveu. – Ri de ódio. — Como ele sobreviveu? Desgraçado, parece imortal. E eu sempre recebia um castigo do tipo ficar em cima de brasas ou surras piores do que você pode imaginar.

— vadia. – Gritou não tão alto.

— Shhh! – Coloquei os dedos nos lábios dele. — Que tipo de pai tenta beijar sua filha de oito anos na frente da mãe dela e depois lhe da uma surra por impedir? – Uma lagrima escorreu de meus olhos. — Foi uma experiência horrível. Mas quer saber eu também sou uma assassina.

Fechei os olhos e deitei na cama. — Eu sei o que eu sou e o que o destino me reserva, e você também sabe! – Levantei e peguei a minha bolsa.

Ele já conseguia movimentar suas mãos. — Eu vou te matar! – Gritava com intensidade.

O olhei friamente, coloquei a mão na bolsa e tirei a sua redenção. — Como seu filho se chama?

Seus olhos estavam arregalados e ele parecia assustado. — Se chama...

Dei três tiros nele, com uma bela arma com silenciador que Phil colocou junto com as outras coisas. Um tiro na testa e em seus olhos distribui um tiro para cada olho. Essa era a sua redenção dessa vida medíocre, de ser uma escória no mundo.

— Agora vem a parte difícil. – Coloquei as mãos na cintura e olhei para o exagerado lustre preso no teto.

Eu odiava ter que obedecer a Phil, e para ele o serviço não podia ter nenhum erro. Uma vez eu sem querer deixei um fio de meu cabelo no corpo e Phil teve que "mexer os pauzinhos" para não chegarem nem perto de suspeitar de nós e eu inclusive ganhei um belo de um castigo, tive que o ver matar meu gato, que tinha adotado da rua, com suas mãos cruéis e sem piedade. Pobre Nami, eu ainda sinto falta de quando ela me dava carinho a noite com seu pelo branco.

— Droga, esse cara deve ser pesado. – Voltei a mim enquanto encarava o corpo.

Peguei em seus pés e comecei a arrasta-lo com muita dificuldade, joguei-o dentro da imensa banheira e a enchi de água. Peguei todos os produtos de limpeza e álcool, joguei dentro da banheira junto com os lençóis.

Caminhei até onde começava o rastro de sangue, me ajoelhei e comecei a limpar aqui. Quem diria eu estava fazendo isso novamente, sinto nojo de mim.

Voltei ao banheiro e evitei olhar para aquilo na banheira, peguei o meu sobretudo, coloquei. Peguei a bolsa sai, respirei fundo, esse tinha acabado.

Comecei a caminhar, sabia que o carro não estaria ali. Observei as belas casas que havia nesse bairro.

A alguns metros o carro estava lá, foi como se eu estivesse no piloto automático: entrei, fechei os olhos, abri os olhos e desci.

Estava em um bairro completamente diferente, fui até um beco e lá joguei os vestígios, e também a meia 7/8 e coloquei fogo. Coloquei as roupas reservas e sapatilha, ainda estava com a arma na bolsa, tinha que evitar toca-la agora que estava sem luvas, ainda usava a peruca, Phil se livraria dos dois depois.

Voltei ao carro e esperei chegar, me sentia sujo por trabalhar por dinheiro, que eu nem chegaria a ver.

Cheguei em casa me sentindo horrível, só queria dormir.

Levei a arma que estava dentro do saco plástico, a bolsa e a peruca todos de volta de onde tirei, Phil se livraria de tudo.

Tomei um banho e deitei.

Amanhã seria um dia melhor, talvez eu pudesse abraçar Bryan... Ou não?

Antes de adormecer imaginei uma vida feliz, tão feliz que cheirava a rosas. Meu pai e mãe, junto, felizes sorrindo. Eu e meus dois irmãos conversando na varanda de casa sobre qualquer assunto de adolescente. Essa não seria uma vida perfeita? Mas ela estava morta, ele havia me deixado e minha mãe, bem ela não foi forte o bastante. E lá no fim havia Phil, me erguendo pelo pescoço até seus dedos deixarem doces marcas roxas. E eu ainda estava aqui, sobrevivendo, ou melhor, vivendo como ele. Eu sinto que me tornei ele. Como cheguei a esse ponto? Eu sou um monstro?!

Apaixonada Pela TorturaOnde histórias criam vida. Descubra agora