A mulher de olhos esverdeados embalava o pequeno bebê como quem tinha bastante experiência. O som dos suspiros e a sensação do pequeno corpo em seus braços aqueciam seu coração.
— Você é mesmo uma vovó coruja.
— Diz o avô que comprou um cavalo para um recém-nascido.
— É tradição de família.
Carolina sorriu, pensando no livro de histórias infantis que tinha partilhado com Lara naquela manhã. A alegria era genuína com a declaração da jovem ao dizer o quanto a primogênita da família Souza era uma madrasta tão especial.
O pequeno Álvaro bocejou.
— Ainda não acredito que aquela carrapato conseguiu essa façanha.
— Uma bela homenagem ao pai da dona Bianca — o contador defendeu — Yasmin é uma Moura e ninguém conseguirá tirar isso dela.
Carolina lutou para não dar de ombros, ouvindo as demais conversas na sala.
— Já disseram o quão grande sua família é, amor?
Carolina franziu o cenho:
— Olha quem fala, Emanuel, fiquei muito impressionada dos meus filhos conhecerem todos seus parentes.
— Nossos filhos se tornaram amigos assim que conheceram. Você quem bancou a difícil.
Carolina mordeu a ponta da língua para não responder ao marido.
Marido.
Ela não precisava exatamente de uma festa ou evento.
Tanto é que eles compareceram à pequena capela.
Usava um de seus vestidos favoritos, o par de botas que amava e um lindo chapéu branco.
O ramalhete de flores ela mesmo tinha feito das diferentes rosas que mantinha no jardim de casa.
O par de alianças era um símbolo importante para o casal.
Carolina sorriu com o abraço do marido, envolvidos numa dança calma, juntos acalentando o pequeno Álvaro.
Uma criança que tinha sido disputada pelos tios ruivos, amada por seis avós e presenteado por bisas, tataravós.
E em Leotie, a outra criança jamais esquecida pelos patriarcas da família, observava a casa que moraria sempre que estivesse com o pai.
Seria verdade que José Pedro o abandonou uma vez?
O Luan de oito anos esquivou do abraço do peão e o encarou seriamente.
— Por que o senhor não me ama, papai?
DESPEDIDAS
Quarenta e duas mil palavras e embora o processo tenha sido exaustivo para uma geminiana encrenqueira, nem acredito que concluo hoje (28/10/2022) a primeira versão da história de Carolina. O roteiro de Em Um Som foi idealizado assim que aprendi sobre o significado de Som em uma disciplina específica de Física Acústica. Depois passei a prestar atenção aos diversos sons no ambiente e quase seis anos aqui estamos.
Contar essa história foi sair da minha zona de conforto, falar sobre o luto ainda é um gatilho para mim e Carolina se apresentou envolvida em muitas cascas. Diferente de Emanuel que, mesmo com uma bagagem de términos se interessa por Carolina e quer descobrir como ter uma história de amor com ela. Voltar ao passado sempre foi um contexto desejado, envolver uma fantasia e sendo a primeira escrita eu estou em êxtase!
Vocês perceberam que eu não consigo escapar de grandes núcleos, os personagens secundários me chamam. Mas, agora posso finalizar minhas férias mais tranquila que eu escrevi um final, resta trabalhar melhor nos capítulos e acredite será o objetivo de 2023.
E, sim, o livro de José Pedro surgirá em outro momento. Não me sinto preparada para compartilhar os capítulos. É uma história que envolverá uma criança do início ao fim, pelo andar da escrita Luan é nosso pequeno protagonista.
Sequência das histórias conforme cronologia:
1.Em um click
2.Em um gesto
3.Em uma matemática
4.Em um som
5.Em uma queda (não disponível)
Obrigada, leitor e/ou leitora, por ter me permitido escrever esse livro. Sempre que publico um capítulo eu aguardo em ritmo cardíaco acelerado sua resposta.
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Em Um Som
RomanceCarolina Moura Souza assoprou sua vela de quarenta e cinco anos. Ela detestava envelhecer, detestava ser descrita como a filha mais velha e serena, principalmente quando sentia dentro de si um vulcão escondido. E esse era o problema; a mata ao red...