Com grunhidos de insatisfação, Jisung se moveu entre seus lençóis.
O corpo ainda estava tão lento, se igualando ao seu cérebro que tentava processar o que estava acontecendo. Arrastou a cabeça pelo travesseiro, com apenas um olho aberto — já que o outro se recusava a abrir devido ao sono em demasia. Olhou ao redor, notando que tinha deixado a janela aberta e a lua cheia brilhava no alto, clareando todo o céu e, consequentemente, seu quarto. Sentindo despertar aos poucos, conseguiu identificar o barulho que o acordara; seu celular vibrando incessantemente em cima de sua mesinha de cabeceira.
Se esticou, mastigando o ar, tentando enxergar algo além dos fios desgrenhados de seus cabelos cheios que insistiam em cair por sua testa, tocando na altura do nariz. Bufou, resmungando algo incompreensível, enquanto uma mão jogava os fios castanhos para trás, a outra tateava a mesinha atrás de seus inseparáveis óculos.
A foto de Jeongin - seu único e melhor amigo - aparecia na tela, no topo do display 1:13 da manhã brilhavam.
— Eu vou te transformar em um bode! — A voz rouca, em consequência do sono que ainda existia em seu corpo, grunhiu furiosamente.
— Você não vem? — O mais novo ignorou a ameaça, ele realmente não dava a mínima. Jisung não lhe dava medo. Não mais.
— São uma da manhã. — Disse num tom de voz beirando o óbvio.
— Você me prometeu. — Ele disse manhoso. Jisung sabia que do outro lado da linha, Jeongin estaria com um bico imenso nos lábios.
— Eu minto às vezes. — Respondeu enquanto se jogava no seu colchão fofinho novamente, encarando o teto branco e sem graça do seu quarto.
— Ele é tããão bonito, tão inteligente, gentil e bondoso. Eu queria taaanto ele para mim, hyung.
Só então que ele notou como a voz do melhor amigo parecia diferente, distante, embargada e um tanto arrastada.
— Yang Jeongin, você bebeu? — Se levantou da cama em um sobressalto. — Está maluco?
— Sim, maluco, doido e crazy. Doente de amooor, procurei remééédio na vida noturnaaa.
— Garoto, vai pra casa brincar com seu hot wheels.
Jisung se apressou em procurar alguma roupa, enquanto escutava o melhor amigo cantarolar alguma música sobre amor não correspondido.
— Eu chego logo, não saia daí, não faça nada, se finja de morto!
— Tá bom, hyung.
Soju pulou em sua cama, o gatinho preto não desgrudava os olhos do dono, que vestia de maneira atrapalhada uma camisa amarela larga e comprida que pendia até a altura de seus quadris, uma calça jeans preta. Se apressou em calçar seus coturnos, enquanto com os olhos, vasculhava o cômodo à procura de sua jaqueta e o gorro preto surrado que sempre gostava de usar.
— Não faça bagunça. — Sussurrou para o felino.
O moreno andou pé ante pé, prendendo até a respiração no intuito de não causar nenhum barulho que pudesse arruinar sua fuga na madrugada.
Não podia deixar de pensar que a mãe estar em um congresso de bruxos, e o pai viajando a trabalho, era tão propício para suas aventuras, visto que a única pessoa que teria que passar a perna era seu irmão e, ao passar em frente ao quarto do mesmo, só se podia ouvir o ronco — que mais parecia um carro velho com escapamento estourado — de Changbin.
Foi estranhamente muito fácil sair de casa, pensava ele, enquanto pedalava em sua bicicleta em direção onde ele sabia que seu melhor amigo estava.
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(Não) Se Apaixone • HJS+LMH
FanfictionAzarado: adjetivo, substantivo masculino: Algo ou alguém que possui azar; que ocasiona azar; que tem falta de sorte: malsucedido. Em outras palavras: Han Jisung. Uma grande linhagem de bruxos espetaculares, e era suposto que o caçula da família Han...