Encrencado

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Jisung leu e releu tantas vezes o conceito de má sorte, que ele sabe recitar até de trás para frente. E em cinco idiomas diferentes.

Má sorte: Relativo a ter azar, passar por muitas desventuras ou infortúnios. Quem tem má sorte, tudo o que faz dá errado ou então sempre acontecem revezes com esta pessoa.

As palavras giravam em sua mente, enquanto uma parte sua pensava se podia ganhar uma grana se tivesse seu rosto estampado bem abaixo dessa definição - já que ele é o exemplo perfeito -, a outra parte gritava enfurecida para ele se levantar, ver o estrago que causou e dar um jeito antes que ficasse pior. Porque ele tem certeza que há de piorar.

Vamos lá, você é um homem ou um rato?

Pensou, abrindo os olhos devagarinho.

Não sabia o que doía mais; se seu corpo ou sua dignidade.

— Você se machucou? — Perguntou, a expressão era de pura preocupação.

Minho estava com o rosto muito próximo do seu.

Um rato. Definitivamente um rato! Sua mente respondeu, fechando os olhos com uma careta de puro assombro.

A expressão de Minho ficou mais preocupada, apalpando o menino caído para ver se ele estava inteiro. Os dedos calejados e quentes resvalando por seus braços e tronco a procura de machucados, foram os causadores dos pelos eriçados do bruxo.

— Você quer que eu te leve na enfermaria? – Jisung nunca tinha escutado a voz dessa forma, tão calma e meiga. Só podia ser um sonho estranho.

Mas o Lee o cutucou de novo, arrancando um gemido dolorido.

— É sério, fala comigo, tô ficando preocupado.

Jisung abriu os olhos de uma vez. Podia sentir a magia pairando sobre o Lee, era tão pesado quanto o olhar de preocupação que ele lançava.

— Não me machuquei. — Sibilou, tentando se mover dignamente, sem querer demonstrar que, na verdade, queria sair correndo e gritando por sua mãe.

Sua calça agora tinha rasgos nos joelhos, que sangravam, suas mãos também estavam machucadas e ele sentia o cotovelo latejar.

Nada se comparava a ter o olhar penetrante que parecia examinar todo o seu ser. O desespero do que estava acontecendo e o que tudo aquilo podia significar, só piorava para aquela sensação de sufocamento. Os pensamentos estavam a mil, o coração acelerado, mãos suando.

A vergonha que o consumia, rastejando lentamente, como um comichão, vindo da nuca, se espalhando por seu rosto vermelho e deixando todo seu corpo quente.

— Machucou, sim. — Minho declarou em um muxoxo. Os olhos felinos o examinaram mais uma vez e ele puxou sua mão, limpando delicadamente a palma machucada.

Involuntariamente, os olhos de Jisung viajaram para esquadrinhar o rosto do mais velho. As sobrancelhas estavam franzidas, seus lábios assumiram um biquinho concentrado enquanto ele tirava as pequenas pedrinhas que grudavam em suas mãos suadas.

Ele ia morrer.

— Jisung! — A voz de Jeongin soou ao longe, fazendo com que os dois se separassem rápido. — Eu não entendi nada da sua mensag– O que aconteceu? Minho, o que você fez?

— Eu...

— Minho! — Uma quarta voz se fez presente, fazendo com que todos ali olhassem para o mesmo portão que Jeongin acabara de passar. Felix arregalou os olhos assim que terminou de examinar o local.

(Não) Se Apaixone • HJS+LMHOnde histórias criam vida. Descubra agora