Os últimos dias foram extremamente cansativos. Eu sentia enjôo quase toda hora, eu tinha consultas no médico, eu tinha escola, e além de tudo tinha que cuidar da minha tia que ficou doente. Claro, ela é adulta, mas ela foi minha responsável durante quase dezesseis anos, preciso retribuir de alguma forma.
Não havia contado ainda para ela já que não tinha quase nem forças para falar, não podia trazer mais problemas para ela. Eu prefiro esperar mais um tempo para contar a minha tia sobre isso. Só não sabia quando.
———— Eu tenho médico às 15:00, não posso ir nesse tal lugar de grávidas com sua mãe.
———— Preciso ir nesse médico?
Ele estava me acompanhando em algumas consultas médicas que eu tive na semana passada.
———— Só se você quiser.
———— Tudo bem. Pode ser.
Eu queria muito falta nessa última aula. Na maioria, eu ficava com muito sono e dormia, quase que perdia a aula toda se não fosse por Bailey me acordando. Tinha vezes que eu ficava na enfermaria da escola somente para dormir.
———— Se eu matar a última aula, você não vai contar para ninguém, não é?
———— Claro que não, vamos matar aula juntos.
Gostava de quando ele concordava fazer certas loucuras comigo, como matar aula. Última vez que fizemos isso foi no oitavo ano, em um dia de prova, não tínhamos estudado e com certeza, iríamos mal naquela prova. Depois levamos uma bronca da mãe do Bailey já que minha tia estava viajando e a mãe dele é uma "segunda mãe" para mim, então nunca vi problema dela me dar bronca já que minha mãe talvez faria isso também.
A segurança da escola era horrível, se alguém saísse, o máximo que iriam ver era nas câmeras, mas isso só a noite ou no fim do mês, então tanto faz se a gente matasse a aula.
———— Onde quer ir dessa vez?
———— Tem uma sorveteria perto do Shopping que abriu faz pouco tempo. A gente pode ir lá.
Assenti. Na última vez, fomos no cinema do Shopping, o que foi loucura porque tínhamos treze anos e não sabíamos quase nada sobre dinheiro já que éramos crianças irresponsáveis. Mas aquele dia foi tão legal.
———— Onde conheceu esse lugar?
———— A Savannah falou dessa sorveteira quando saiu com o namorado.
———— Legal. É bem bonito aqui.
Pedimos nossos sorvetes e depois saímos, tinha uma praça do outro lado então decidimos se sentar lá. Ainda não tinha comido meu sorvete, eu não sabia se podia.
———— Por que ainda não tomou seu sorvete?
———— Não sei se posso tomar. Por causa do bebê.
Eu tinha pesquisado o que eu podia comer ou não, mas eram tantas coisas que eu não conseguia lembrar. Provavelmente eu podia. Mas e se eu não pudesse? Isso faria mal para o bebê, certo?
———— Pode sim.
———— Como sabe?
———— Sei lá. Minha mãe fica falando disso toda hora, parece maluca.
———— Será que depois do médico eu posso ficar na sua casa por algumas horas? ———— pergunto mudando o assunto ———— Vai vir umas amigas da minha tia em casa e eu não quero ter que ouvir as conversas delas.
———— Achei que ela estava doente.
———— E está. Mas as amigas delas acham que se forem lá, ela fica curadinha. Tipo, mágica.
Eu nunca gostei das amigas da minha tia, então sempre que elas vinham em casa, eu já saia e ia direto para a casa do Bailey. Acho que lá era muito melhor que minha casa.
Ficamos andando por aí sem nenhuma direção até dar o horário do médico. Foi bem legal até, eu gosto disso, fazia tempo que não saíamos desse jeito, na maioria do tempo ficávamos na casa um do outro.
Assim que deu o horário do meu médico, apenas fomos na consulta e o médico me deu algumas vitaminas que eu precisava tomar. Não era nada demais, a minha próxima consulta só seria no mês que vem.
———— Você sabe quanto tempo as amigas da sua tia vão ficar lá?
———— Três horas.
———— O que elas ficam fazendo?
———— Bebendo.
Se virou.
———— Você tem certeza que não quer dormir aqui?
———— Não posso. Ainda tenho que cuidar dela.
Aos dez anos, minha tia ficou bêbada por conta dessas brincadeiras entre elas e foi tão sério a situação, que a polícia apareceu na minha casa e ela teve que ficar um tempo fora. Era bem complicado esse assunto, ela sempre teve um certo problema com bebidas.
———— Nunca sei se é uma boa ideia você ir cuidar da sua tia depois que ela bebe.
———— Claro que não. Mas acho que deixar ela sozinha em casa também não é a melhor ideia.
Se sentamos no sofá. Estávamos só nós em casa já que a mãe e as irmãs dele saíram para algum lugar.
———— Posso tocar na sua barriga?
———— Minha barriga 'tá normal. Ainda demora 'pra crescer, mas você pode tocar, se quiser. ———— falo.
Ele colocou a mão na minha barriga. Eu comecei a rir.
———— Por que está rindo?
———— Sua mão está gelada.
———— Minha mão está gelada?
Confirmei.
———— O que achou de tocar na minha barriga?
———— Achei engraçado. Quando sua barriga estiver maior, eu toco de novo.
———— Só quando sua mão estiver quente.
Decidimos ficar assistindo alguns filmes até eu ter que ir para casa. Mas acho que acabei dormindo no segundo filme.
Quando cheguei em casa, não soube dizer onde minha tia estava, provavelmente no chão da cozinha chorando após quase cinco copos de tequila.
———— Oi, tia. Está tudo bem?
———— Sinto falta da sua mãe.
Aquela frase me machucou por dentro. Não gostava de falar sobre minha mãe com outras pessoas, a única pessoa que eu falava sobre isso era com o Bailey já que ele meio que entendia minha dor.
———— Também sinto.
Ela se levanta devagar. Deixou um copo cair no chão, na hora nem me importei. Mas sabia que ela ia deixar cair mais copos por conta das lágrimas. E eu teria que limpar isso.
Mas acho que algum dos vários cacos de vidros caíram nas minhas pernas. Não sabia se caiu perto da minha barriga, mas eu tinha medo disso acontecer. Porque se isso acontecesse, eu não iria saber o que fazer.
Seu estresse foi acabando aos poucos e ela decidiu sair de casa. Nunca sei onde vai, nunca me conta.
Me viro quando a porta é aberta. Suspiro fundo.
———— Sua tia não sabe quebrar os copos em um volume baixo e eu não sabia se você estava bem. O que aconteceu?
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ᴘʀᴇɢɴᴀᴛ
Fiksi Penggemar༆ Onde Shivani, uma adolescente que ficou grávida, pede para seu melhor amigo assumir o bebê dela.