05 - Verdades.

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Pov. Max

Tinha acabado de colocar Sophia na cama, brincamos tanto hoje que ela dormiu rapidamente pela exaustão. Sempre que a Nancy sai, eu gosto de fazê-la se distrair um pouco para não pensar muito nisso, então sempre brinco com ela até ambas estarem exaustas, isso me ajuda muito também a me distrair um pouco. Falamos com a Nancy antes dela dormir, a mesma avisou que estava tudo bem e tranquilizou a pequena, não só ela, mas a mim também. Sophia pediu para contar um pouco sobre a Robin, e só depois disso, ela dormiu.

Passei a mão pelas madeixas da pequena garotinha dormindo profundamente ao meu lado. Céus... até quando dorme se parece com a Robin, é uma cópia, só que menor. Escutei alguém chamar do lado de fora da tenda, uma voz chata e irritante, assim como o dono.

– Eu sei que está acordada, dá para ver a luz da lamparina acesa. - Apaguei a luz e o ouvi murmurar alguma coisa - Max.

– Não está. - Respondi sem ânimo algum.

– Eu só vim levar a Sophia para casa. - Levantei com as sobrancelhas franzidas e abri o zíper da tenda.

– Ela vai ficar comigo até a Nancy voltar.

– Amanhã você vê ela de novo. Está ficando frio e ela pode pegar um resfriado nessas tendas. Sabe como ela é fraquinha para essas coisas. - Ele não estava errado, Sophia tem a imunidade baixa e qualquer ventinho, já está com o nariz escorrendo. Mas aquela tenda, apesar de não parecer, é quentinha por dentro, então não tinha problema.

– Ela já dormiu várias vezes aqui comigo e nunca ficou resfriada. Fora que eu a enchi de cobertor. - Ele dá uma olhada para dentro da tenda, em direção à cama onde Sophia dormia.

– Eu só estou preocupado com a saúde da minha filha. Estamos sem remédios e se ela ficar doente agora, será um problema.

– Não será um problema, se ela ficar doente, farei questão de revirar essa cidade do avesso para encontrar remédios para ela. E não, ela não é sua filha.

– Pode não ser minha filha de sangue, mas eu a considero como uma e, ela não vê problema nisso, nem Nancy, então porque você deveria? Aliás, qual é o motivo de você implicar tanto comigo, hein? Eu nunca fiz nada para você. Por que não gosta de mim?

– Eu sou obrigada a gostar de você agora?

– Não. Mas... Qual é o real motivo por não gostar de mim? - A verdade é que eu não suporto ver ele tomando um lugar que não é dele, odeio ver ele onde... onde era o lugar dela. Eu sei, é problemático e errado pensar assim, mas eu só... é difícil ver outra pessoa no lugar que era para ser dela - É por que eu estou com a Nancy? Eu sei que vocês tem uma amizade bem forte pelo tempo que passaram juntas, mas ela está feliz comigo, está aprendendo a... amar novamente, não poderia ficar feliz por ela também?

– Vai ver se eu estou na esquina. - Ameacei fechar o zíper, mas ele impediu - Quer ouvir a verdade? Sabe que a Nancy não gosta de você do jeito que você gosta dela, não é? Ok, você foi bom para ela, mas a verdade é que chegou em um momento que ela estava vulnerável. Precisava de alguém para... preencher o vazio, a dor que... ficou. E você chegou, dando o que ela precisava naquele momento de fragilidade, ela deixou você entrar porque precisava. Mas não confunda com amor porque não é. Vai por mim, ela pode até sentir um carinho por você, gratidão e tudo mais, mas não é amor.

O silêncio se instaurou.

Ele virou-se em um completo silêncio, dando as costas e sumindo na escuridão da noite. Ok, posso ter pegado um pouco... pesado, mas eu só disse a verdade, e ele sabe que é verdade, mas mesmo assim continua querendo insistir. Fechei o zíper da tenda e voltei para a cama, arrumando o cobertor da Sophia. Não estava conseguindo dormir, então apenas continuei o carinho nos longos fios da pequena enquanto olhava ela dormindo serenamente.

[...]

Pov. Nancy

Já era a segunda cidade que passamos e nada de bom foi encontrado, apenas poucas coisas que não durariam nem um dia. Decidimos ir mais longe, e assim fizemos. Quase não dormíamos, tínhamos que economizar o pouco de água e comida que trouxemos. Estava difícil, admito, mas iríamos conseguir. A única coisa que conseguimos encontrar em bastante quantidade foi a gasolina, o que é bom também.

– Precisamos parar para abastecer. - Alice, uma das melhores atiradoras do grupo que eu trouxe comigo, avisou.

Paramos o ônibus já avistando alguns mortos-vivos que se aproximavam. Matamos eles usando apenas armas brancas, para não desperdiçar munição. Era uma regra nossa: usar armas apenas em situações de grande risco. Enquanto derrubavamos mais mortos-vivos que apareciam, uma das pessoas abastecia o ônibus. Assim que estava tudo pronto, entramos no ônibus novamente, seguindo nosso rumo por aquela pequena estrada de terra silenciosa.

Estava inerte em meus pensamentos quando escutei o chiar do walkie-talkie e a voz de Sophia logo em seguida. Sorri, tirando o walkie-talkie da mochila e conversando com a minha pequena.

Olá, mamãe. Como está? Espero que esteja se alimentando e descansando direitinho. - Disse com uma voz sonolenta.

– Sim, querida, não se preocupe. - Sorri para o vento que adentrava pela janela aberta do ônibus - Acordou agora?

Acordei.

– E onde está a sua tia?

Mimindo, ainda. - Soltou uma risadinha adorável que eu amava escutar - Ontem ficamos brincando muito, então ela deve ter ficado cansada. Talvez seja a idade chegando. - Ri de seu comentário.

– Max não é velha, ela ainda é muito jovem.

É, mas tem um pique de velha. Ela cansa muito rápido, mamãe. - Riu novamente. Pique? Onde ela está aprendendo essas coisas?

– Como estão? Está tudo bem por aí? - Olhei para a janela, vendo a floresta do lado de fora, onde havia poucos zumbis perambulando.

Estamos bem, mamãe. - Escutei ela respirar fundo - Hm... quando volta? Estou com saudades.

– Eu sei, meu bem, mamãe também está com saudades. - Suspirei, fechando os olhos por alguns segundos - Talvez... em breve.

Tá. Hm... titia irá me levar para o campo hoje.

– Que legal, querida. - Sorri - E como foi sua noite? Dormiu bem?

Muito bem! Ontem, titia me contou várias coisas sobre a mamãe antes de eu dormir. Foi muito legal. - Sorri novamente, escutando sua voz repleta de animação. Gostava de como ela ficava feliz apenas por falar da... Robin, com empolgação, mesmo não a tendo... conhecido

Suspiro, segurando a aliança que eu deixava como um "pingente" na correntinha que usava. Tiro a corrente e fico observando aquela aliança, sentindo um aperto no peito e uma saudade absurda se manifestar dentro de mim.

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Sobreviva Ou Morra_2° Parte. (Ronancy) G!p Onde histórias criam vida. Descubra agora