Ficar quieto e fugir!

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Como todos os anos, o governo dos Estados Unidos possuíam um feriado onde todos os crimes eram legíveis durante a noite inteira, podendo portar armas apenas até a classe 4. Armas acima disso eram estritamente proibidas…

Então com o passar dos anos, ao ver a eficácia desse feriado, outros países decidiram adotar esse "evento." E a Coreia do Sul foi um deles, com o intuito de aliviar a população coreana do estresse diário que sofriam na sociedade, como na escola e no trabalho.

Então resolveram aderir esse evento para os dias quatro e três de dezembro, usando a noite deste fim de semana para se "purificarem''. A purificação anual começaria às sete horas da noite, dando pouco tempo para o jovem Lee correr com os relatórios que recebeu durante o dia.

Sua mesa estava abarrotada de papéis, os policiais e detetives corriam de um lado para o outro, também estando estritamente atarefados horas antes do feriado se iniciar.

Suas lentes âmbar incomodavam seus olhos devido ao tempo que já estava usando. Não chegavam a ser lentes de contato com grau, apenas a usava para esconder a verdadeira coloração dos seus olhos e não denunciar a verdadeira classe aos outros.

Diferente dos ômegas lúpus ricos que possuíam bastante proteção, o destino decidiu pregar peças quando nasceu com essa classe sendo pobre. Então decidiu se defender como podia, usando supressores para anular o seu cheiro, maquiagem para cobrir qualquer traço delicado que tivesse e roupas mais largas para deixá-lo maior, assim como o salto discreto em seus sapatos.

— Você fica tão lindo concentrado. — revirou os olhos ao ouvir a voz aveludada do alfa que estava retido por desordem, como sempre.

— Por que você não volta a sonhar acordado de que é o líder da Red Lights? — desviou o olhar do computador para ver a feição indignada do maior que cruzou os braços.

— Não é um sonho! Eu, Hwang Hyunjin sou o líder da maior máfia do país? Red Lights! — estufou o peito com orgulho e segurança, arrancando risadas de todos da delegacia por ter exclamado isso alto.

— E eu sou a Cinderela! Viu meu sapatinho de cristal?! — rebateu Christopher em frente a cafeteira, esticando um de seus pés com os coturnos que vestia, gargalhando junto aos demais. Sem se importar com o rosnado emburrado do alfa.

Voltou toda a sua concentração nas planilhas a sua frente, tentando dar um fim naqueles relatórios o mais rápido possível, pois já eram quase quatro horas da tarde e seu expediente acabava às seis horas.

O relatório do caso 45 era o último e uns dois mais curtos, então não seria tão difícil de terminá-lo. Apenas precisava prestar atenção na hora de registrar a prova do crime, mas o nervosismo que o preenchia tornava tudo difícil.

Estava com medo de não conseguir acabar a tempo ou de ser incapaz de chegar em casa a salvo. Céus, já sentia falta do seu gatinho e até mesmo dos brownies que haviam sobrado de ontem. Queria tanto sua cama quentinha ou o conforto de ler um bom livro antes de dormir.

— Ei, príncipe! Estou entediado. — tornou a ouvir a voz do Hwang, suspirando profundamente e tornando a ignorá-lo para acabar logo. — O que significam esses papéis?

— Significa que eu vou socar eles bem na sua bunda se não parar de me interromper! — a voz grave fez o maior sorrir de lado, provocando um revirar de olhos e culpa por ter sido mal educado. — Desculpa… eu estou estressado…

— Relaxa, meu bem… você me trata assim com bastante frequência. — se sentou no chão de frente para as grades que ficam próximas da mesa do Lee, formando um sorriso ladino logo em seguida. — Sorte a sua que eu adoro ser maltratado por homem bonito.

Não conseguiu reprimir a risada desacreditada ao ouvir aquelas coisas sendo direcionadas a si, aliviando um pouco do seu estresse e o encarando um pouco antes de responder. — Essas folhas são relatórios dos casos que já foram concluídos.

— Então quando recebem os casos e finalizam, fazem relatórios para depois serem arquivados? — questionou vendo um aceno positivo vindo do loiro. — Mas e as provas do crime? Elas também precisam ser registradas?

— Se for para o caso ser arquivado, então sim. — estava impressionado com a percepção do alfa, voltando a dar atenção para o relatório que registrava, notando a risada soprada do mais velho. — O que foi?

— Eu sou mais que um rostinho bonito, sabia?

— Realmente, além de bonito, é muito insuportável.

(...)

Suspirou aliviado ao ver que havia acabado a tempo, ficando somente Felix, Christopher e Hyunjin. Sentia-se animado por finalmente estar saindo há tempo de conseguir correr para casa.

Já era seis e meia da noite, teria de correr.

Era isso que achava até o Bang chegar para falar consigo. — Felix, preciso que arquive novamente o caso 143. Ele tem prazo de urgência para a segunda-feira . — estendeu a pasta para o sardento que o encarou com confusão, tentado a questionar se poderia fazer isso na segunda-feira de manhã.

— S-Senhor meu expediente já acabou, não posso fazer isso na segunda de manhã? — tentou ocultar o nervosismo e o medo em sua voz, mas isso foi algo extremamente falho.

— Receio que não, o capitão disse que precisa disso o quanto antes. Mas como ocorreu um erro no sistema, a prova do caso precisa ser registrada novamente. — suspirou entendendo o medo do menor. Faltavam poucos minutos para a purificação, mas duvidava que a delegacia seria o lugar escolhido pelos civis. — Eu entendo sua preocupação, de verdade. Mas estará seguro aqui, o sistema de proteção contra esse feriado é o melhor do país, tem um quarto nos fundos, poderá descansar lá. — afagou os fios claros do Lee tentando acalmar o menor que assentiu.

— Isso mesmo, lindinho. Estarei aqui para te proteger. — Hyunjin se pronunciou com um sorriso, arrancando risadas descrentes dos dois que estavam do lado de fora da cela.

— Qualquer coisa, não evite me ligar. — sorriu ao receber um sinal positivo do Lee, se virando para ir embora. — Protege ele, líder da Red Lights!

— Pode deixar, soldado! — respondeu no mesmo tom, virando sua atenção para o loiro que suspirava com toda aquela situação.

Abriu a pasta do documento pegando o pendrive que estava guardado dentro de um saco plástico transparente, se dirigindo até sua mesa para vestir suas luvas e analisar a prova. Mas antes, resolveu trancar toda a delegacia e ativar a proteção contra a purificação anual, sem sequer perceber o olhar atento do alfa em si.

Não entendia como um alfa bonito, com o físico invejável e com uma voz atraente conseguia sempre ser preso por desordem. Com o passar do tempo em que a convivência se tornou algo habitual, acabou conversando e sendo cantado algumas vezes pelo cafajeste.

Retornou a sua mesa e se assustou ao ouvir a sirene tocar, ouvindo a mensagem de que a expurgação havia começado, ficando com as mãos trêmulas ao pegar o pendrive novamente que não havia sido retirado do plástico ainda.

— Calma gatinho, vai ser apenas eu e você a noite toda. — de uma forma mansa, atraiu os olhos medrosos do menor. — Nada vai dar errado.

Foi isso o que pensaram ao ouvir uma explosão vinda do primeiro andar, se entreolhando aflitos com aquilo, sentindo o medo e o pânico atingindo seus corpos.

Agora Felix tinha apenas uma escolha; ficar quieto e fugir!

Notas finais:

Espero que tenham gostado! Estou muito animado em escrever essa história!

Tadinho do Felix, felicidade de pobre dura pouco.

Até logo!

Caso 143 / Hyunlix [ABO]Onde histórias criam vida. Descubra agora