20. Algumas coisas são trazidas à tona

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Ei, ei, semideusada! Finalmente voltei!

Desculpem o atraso no capítulo, dia 26 foi meu aniversário e eu acabei me enrolando muito, aaaaaah! Perdão!

A gente se vê nas notas finais!

[ᚠ]

“Como posso transformar isso em palavras
Quando isto é quase demais para a minha alma sozinha?
Eu te amei, e te amei,
E te perdi”

Hurts Like Hell, Fleurie

[ᚠ]

Depois que saímos da caverna, deixando meu coração inteiro para trás, Festus continuou voando cada vez mais para cima, até que alcançamos as nuvens.

Eu chorei tanto que senti que já não tinha mais lágrima alguma para colocar para fora, minha cabeça estava explodindo e meu peito parecia estar sendo sufocado por um peso invisível.

Eu gritava, em agonia, sem me importar se estava sobrecarregando meus pulmões, sentindo uma tristeza inexplicável, esperneava e chorava, como se eu fosse uma criança de novo.

Meu corpo inteiro estava dolorido e a sensação de ter abandonado duas pessoas tão importantes estava me consumindo, eu nunca havia me sentido daquele jeito. Se eu não estivesse sendo segurada por Leo, já teria me jogado daquela altura, e não estava nem aí se morreria ou não na queda, na verdade, eu torceria para que sim.

O mundo inteiro girava, e não importava o quanto eu gritasse e soluçasse, a dor parecia não querer ir embora. Ela só parecia crescer a cada segundo, como se um buraco estivesse sendo aberto em meu peito e crescendo cada vez mais.

Sempre tinha ouvido a expressão sobre nadar muito para morrer na praia, mas nunca havia sentido aquilo de um jeito tão vívido e real, todos os meus esforços para me manter viva nos últimos dias pareceram inúteis.

De que adiantava continuar nesse mundo se eu já havia perdido quem eu amava?

Eu devo ter perdido a consciência em algum momento, de tanto chorar em aflição, pois quando fui me dar conta de algo, eu estava na cobertura de um prédio que parecia ser residencial. Meus olhos inchados demoraram a perceber o que eu estava vendo: havia anoitecido, dali de cima eu conseguia enxergar as luzes noturnas da cidade, o movimento de alguns veículos e pedestres, os postes iluminando o local de maneira leve.

Eu tinha acabado de perder minha mãe e meu melhor amigo, mas o mundo continuaria do mesmo jeito. As pessoas ainda sairiam para trabalhar, as crianças continuariam crescendo, todos seguiriam sua vida, o planeta continuaria girando.

Mas eu sentia que nunca mais poderia ser a mesma de antes. E me sentia idiota por ter acreditado que as coisas dariam certo para mim.

[Era mesmo muita inocência da minha parte. Quando que algo deu certo para mim?]

— Oi. — Alguém disse e eu ergui meus olhos para ver Leo Valdez me observando com a face mais branda que eu já encontrei. Eu ainda estava apoiada nele, ambos encostados em Festus, que estava em seu modo de repouso, as engrenagens ronronando baixinho às nossas costas. Em outra ocasião, eu ficaria pelo menos um pouco constrangida por estarmos deliberadamente agarrados, mas naquele momento, fiquei feliz de estar com ele e tê-lo como apoio.

Pisquei, os olhos inchados de tanto choro.

— Oi. — Respondi, minha voz saindo esquisita, meio rouca. Olhei para os lados, parecíamos estar em Kodiak, ainda. — Ashley e Frank…?

Diário de Uma Semideusa em Crise [ᚠ] Conheça suas origensOnde histórias criam vida. Descubra agora