Epílogo

1K 110 506
                                    

Um mês se passou desde o dia que voltamos de missão, era bom estar de volta ao Acampamento Meio-Sangue.

[Eu evitava pensar naquilo, mas era inegável que aquele lugar tinha se tornado minha única casa. Eu não era mais uma recém-chegada perdida, eu já era parte daquilo, e uma moradora permanente… Eu sabia disso.]

Ashley tinha sido colocada no chalé de Hermes, mas só enquanto era providenciada a construção de um novo chalé, para ela e os futuros filhos reclamados como semideuses de Quione.

Eu estava com medo do que poderia acontecer, uma vez que tínhamos levado ela para o Acampamento ao invés de cumprir a ordem da deusa da neve, mas eu já tinha problemas demais para me preocupar com aquilo. Resolvi só ignorar aquele temor e, uma vez que a garota estava segura, me obriguei a não pensar mais no assunto.

O Sr. D, que havia voltado para o Olimpo no dia que eu chegara, voltou para o Acampamento e talvez quase tenha me pulverizado por eu “não ter modos com seres superiores”. Descobri um pouquinho tarde que aquele cara era o deus Dioniso, mas como ele só prometeu me transformar num golfinho se o irritasse de novo, concluí que eu até tinha me saído bem.

Apesar de eu não me dar bem com o único outro semideus que ocupava o chalé cinco, depois da missão, eu e Frank passávamos muito tempo conversando e treinando juntos, eu adorava ouvir as histórias dele e de Hazel sobre o Acampamento Júpiter, eles até me convenceram de fazer uma espécie de intercâmbio para lá, quando as coisas se acalmassem. Uma pena que eles tiveram que voltar uns dias depois para o acampamento romano.

Paulo e eu agora conversávamos quase todo dia, era maravilhoso ter um pedacinho do Brasil dentro do acampamento com ele ali. Ele era um cara muito legal, alguém que você quer estar perto. 

[Ok, era bem irritante quando ele me via e cantava a letra de “Zap Zum” da Pabllo errado — ele trocava “zap, zum, zum, zum, no cometa eu vou” por “zap, zum, zum, zum, vou comer teu vô”, só porque ele tinha um fraquinho por Apolo.]

Ele também virou um grande amigo meu, nós tínhamos até convencido os campistas de Apolo a treinarem algumas coreografias de músicas brasileiras com a gente duas vezes por semana na arena de artes e ofícios. 

[Will arrasava em todas, perdi as contas de quantas vezes vi Nico ficando corado enquanto assistia aos ensaios.]

Os únicos dois campistas de Afrodite acabaram se juntando a nós, eles tinham um rebolado muito bom, Valentina principalmente, ainda mais quando se empolgava e percebia que Paulo estava olhando-a.

[Eu nem precisava ser o Rodrigo Faro para saber que vai dar namoro.]

E falando em namoro… Eu sei bem o que você quer saber.

No fim das contas, para a surpresa de ninguém, eu acabei aceitando o pedido de Leo e estamos oficialmente juntos.

Antes disso, porém, tivemos uma longa conversa onde combinamos que os dois faríamos terapia com as dríades do Acampamento semanalmente. É bem claro que nós dois temos condições psicológicas e emocionais a serem resolvidas, então foi a melhor decisão para começarmos um relacionamento de forma segura e saudável.

E eu não posso mentir e dizer que não estava feliz de namorar o filho de Hefesto mais gostoso do século, porque eu estava simplesmente radiante.

Quando eu não tinha nada para fazer, ia direto para o Bunker 9, ou para ajudá-lo com algo ou apenas assisti-lo trabalhando. As duas coisas eram muito boas distrações, algumas vezes eu até pegava no sono no meio do dia, ouvindo aquele maquinário todo que, por algum motivo, me acalmava demais.

Diário de Uma Semideusa em Crise [ᚠ] Conheça suas origensOnde histórias criam vida. Descubra agora