“O que há de errado comigo?
Por que estou me sentindo assim?
Estou enlouquecendo agora”DISTURBIA, Rihanna
[ᚠ]
Confesso que ficar me segurando para não ir procurar onde meu amigo havia se enfiado durante as aulas, foi a coisa mais difícil que eu já tive que fazer em todos os meus dezesseis e ridículos anos de vida.
Adriana, na fileira ao meu lado, havia prestado atenção durante todos os períodos, e enquanto eu surtava internamente, ela copiava o que se achava escrito no quadro, calma e plena.
[Uma dádiva dos ninjas.]
Peguei o ônibus de volta para casa, a ansiedade se fazendo presente em mim em forma de embrulhos dentro do meu estômago.
Foi quando tudo começou a parecer que estava prestes a desmoronar.
Quando desci do transporte público, sem nenhuma explicação lógica ou racional, eu comecei a carregar a sensação — que é horrível, devo dizer — de estar sendo seguida. Aquilo me deixou cem vezes mais confusa do que antes. Cocei a cabeça.
Parada, em pé, na calçada, olhei para os lados. E então para trás.
Não havia ninguém.
Suspirei, fechei os olhos e sacudi minha cabeça, fazendo com que meus cabelos escuros sacudissem. Fiz meu melhor para afastar aqueles pensamentos e segui meu caminho, andando os poucos metros que me separavam de casa.
Eu só podia estar ficando louca.
[ᚠ]
— CHEGUEI! — Dei um berro, entrando em casa, já para que ficasse clara a minha chegada.
Eu fazia aquilo todo dia quando chegava, minha mãe não era a maior fã dos meus gritos, mas já havia aprendido a lidar com o fato de que a filha possuía uns parafusos a menos.
— Oi, oi. — Acenei, fingindo ser gente, para meu pai, Jorge, que estava sentado no sofá da sala.
— Como foi na escola, hoje? — Perguntou, casual.
Ah, antes que eu prossiga, você talvez se interesse em saber que Jorge não é meu pai biológico. Minha mãe e ele não falavam muito sobre, mas eu sabia que algo havia acontecido ao meu pai quando eu ainda não era nascida e, então, durante um período difícil, minha mãe o conheceu e eles se casaram. Jorge sempre foi presente e eu não poderia ser mais grata por ter um pai tão bom quanto ele. E também sempre foi um ótimo marido para mamãe, então eu não tinha nada a reclamar.
— A escola foi a mesma porcaria de sempre. — Menti e dei de ombros, ainda andando, ele não precisava saber das minhas paranoias. Não, não, esse tipo de lombra a gente deixa exclusiva para nossos terapeutas, obrigada.
Continuei a me mover e parei na frente da porta da cozinha, onde minha mãe estava virada de costas para mim, mexendo nas panelas do fogão.
— Mãe.
— Oi, Lis. Vai almoçar agora?
— Preciso fazer umas lições e não estou com fome. — Menti mais uma vez, apesar de eu estar varada de fome, sabia que minha ansiedade não deixaria qualquer tipo de alimento se manter dentro do meu estômago. — Compro algo para lanchar na cantina do inglês.
Minha mãe encarou-me por uns segundos, claramente não acreditava no que eu dizia. Deu de ombros e deu um suspiro, ciente de que não iria conseguir me fazer comer.
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Diário de Uma Semideusa em Crise [ᚠ] Conheça suas origens
Fanfiction[1] Muitas vezes nós reclamamos da vida que nós temos, não é? Melissa Duarte não era uma exceção. Ela, como qualquer um de vocês que estão lendo isso agora, tinha que estudar as matérias chatas e que não faziam o menor sentido, no colégio, como uma...