14. Sua Própria Mortalidade

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"Então, minha querida, você não tem ossos de vidro. Pode suportar os golpes da vida."

- O Fabuloso Destino de Amélie Poulain

- O Fabuloso Destino de Amélie Poulain

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PALÁCIO DE LEONTIUS, PORTO REAL
REINO DE LEONTIUS

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UM DIA DEPOIS DE MINHA CONVERSA com Andromeda, na qual revelei a ela parte de meu passado, me vi de pé desajeitadamente na porta em frente aos aposentos da rainha. Ao meu lado estava um jovem servo, o mesmo da última vez, confuso com minha hesitação. Antes que eu pudesse pedir para que me desse um momento, ele já havia batido na porta para mim; provavelmente viu a breve indignação que passou por meu rosto, mas não pareceu se importar. Vários segundos depois, passos se aproximaram da porta e um homem, vestido todo de branco, abriu a porta. Era mais baixo do que eu, com cabelos escuros já se tornando grisalhos e olhos castanhos com um pouco de verde.

- Aguarde um pouco, por favor - falou com voz calma, e a porta voltou a se fechar.

Vários minutos se passaram até que esse mesmo homem retornasse e fizesse um gesto permitindo a minha entrada. Encontrei a rainha de pé em uma das poltronas, de costas para mim. Suas mãos foram levantadas para a cabeça, talvez ajeitando os cabelos ou esfregando os olhos, e então se virou. Hoje ela usava um vestido marrom, que eu consideraria simples se não fosse pelos bordados de ouro; uma faixa segurava os cabelos castanhos escuros para trás, e nenhum outro enfeite ou trança havia neles.

- Bom dia, Basilides, estou feliz em vê-lo - disse Andromeda, educadamente.

- Bom dia, Vossa Graça.

Eu tinha quase certeza de que estava quebrando algum tipo de protocolo real pela maneira como me dirigi à ela. Seria Vossa Graça ou Majestade? Ou as duas formas estavam corretas? Poderia chamá-la pelo nome, mas esperava que o homem de vestes brancas terminasse de recolher uma bandeja com vários itens e por fim se retirasse, dando as costas para nós dois.

Tive a súbita sensação de que talvez estivesse interrompendo algo e, observando Andromeda, notei que em seus braços, aparecendo brevemente por baixo das mangas elegantes do vestido, estavam bandagens recém colocadas. Havia também um cheiro agradável de flores e bálsamo no ambiente, o que me fez supor que talvez fosse parte de sua medicação. Compressas para a febre ou talvez a doença estivesse deixando marcas vermelhas em sua pele. Respirei fundo, tentando não deixar transparecer a pena que senti.

A rainha não falou comigo nos primeiros minutos, tentou andar, movendo-se para trocar de lugar; avancei dois passos em seu auxílio, mas ela recusou com um gesto.

- Por favor, não - falou em sua voz macia - Sente-se onde quiser, e fique à vontade.

A segui enquanto ela caminhava até sua mesa, e sentei-me de frente para ela; observei enquanto colocava ali pilhas de cartas e pergaminhos, o que notara que também havia na mesa de Chrysaor nas vezes em que fora ao seu escritório. Observei seus movimentos lentos e firmes, uma mão mais imóvel que a outra. Perguntava-me o que poderia fazer para ajudá-la, já que o senescal tinha partido brevemente da corte para resolver algo, assim como Eurynax, e visto isso a segurança de Andromeda dependia de mim.

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