Capítulo 16

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Kamélia Sorthur

Kamélia não conseguiu prestar atenção em todo o discurso de Bae, embora tentasse constantemente se concentrar ao máximo na mulher.

Tinha a impressão de que estava sendo julgada. Observada muito mais escancaradamente agora que estava longe de Kang e isso lhe incomodava.

E ela queria beber alguma coisa. Qualquer líquido que fosse forte o suficiente para fazer os batimentos de seu coração baixarem e relaxar um pouco mais.

Só tinha medo de que sua rápida brincadeira com o álcool lhe fizesse se humilhar ao ponto de parar na casa de outro desconhecido. E justamente por isso, manteve-se sóbria.

— Vestido bonito, Kamélia — Maressa de repente falou, observando-a.

Ambas estavam de frente uma para a outra, sentadas em umas das mesas do local, enquanto um garçom servia-lhe a sobremesa. Torta de pêssego. Mas, diferente de Kamélia que não bebia nada além de água, a espanhola segurava uma taça de vinho branco, com um sorrisinho presunçoso nos lábios.

— Obrigada. O seu também é deslumbrante — Kamélia sorriu, fingindo simpatia enquanto saboreava um pedaço da torta e analisava o vestido verde da pintora. Combinava com os seus olhos esmeraldas.

— Onde você comprou? — Maressa indagou, curiosa. — Parece caro.

— Bom, para ser sincera, eu não o comprei.

— Não?

— Foi um presente.

— Um presente? De quem?

Era notório a sua curiosidade no momento.

— Não sei ainda. Admirador secreto?

— Que sorte, hein? — falou, com uma pontada de inveja.

— Com certeza. Muita sorte — concordou Kamélia.

Por algum motivo, embora tentasse, não conseguia gostar de Maressa. Na primeira vez que se esbarraram, semanas atrás, ao chegarem praticamente juntas no país, a jovem imaginou que fossem ser próximas. Que o fato de estarem correndo atrás de um mesmo sonho lhe tornariam melhores amigas.

E, nos primeiros dias, tudo correu tranquilamente bem. Até que Kamélia percebeu todo o egocentrismo exagerado da garota e resolveu fugir. Agindo sempre do seu próprio jeito, ignorando a vontade alheia, querendo sempre se sair por vencida em tudo.

Kamélia não gostava de acusações, mas também não duvidava que na noite anterior, quando todos resolveram ir à boate, tinha sido ela que resolveu se afastar primeiro e ir embora sem ao menos avisar, deixando-a sozinha.

Só não conseguia entender porque a garota estava conversando com ela agora. Quer dizer, costumavam trocar poucas palavras, mas elogios assim estavam totalmente fora de cogitação.

Maressa também provou um pouco da torta, antes de voltar a falar:

— Você chegou em casa bem ontem?

— Cheguei, obrigada por perguntar.

— Sinto muito por deixarmos você.

— Não tem problema.

— Aconteceu um imprevisto, sabe?

— Uhum...

— E não conseguimos te encontrar, então... Apenas fomos embora.

A forma como ela disse fez Kamélia pensar que ela não era importante. Mas ao invés de se abalar, sorriu, acenando com a cabeça, murmurando que estava tudo bem.

The Demon:  heaven or hell? ❄ Kwon JiyongOnde histórias criam vida. Descubra agora