Kamélia Sothur
Kamélia nunca foi o tipo de garota que se metia em encrenca. Até mesmo em sua adolescência, a fase rebelde e de extrema loucura não havia a fisgado.
A menina sempre foi uma boa filha. Sempre obedeceu sua mãe, sempre agiu de acordo com as expectativas dos outros, sempre tentou dar orgulho.
Mesmo após sua pessoa mais preciosa morrer, ela tentou ser forte, ignorando a tristeza dominadora que buscou lhe derrotar dia após dias. Ignorando a solidão.
Poderia dizer que amou arte desde a primeira vez que sentiu o toque de liberdade ser emanado da palavra em si, mas estaria mentindo.
Sua mãe era sua arte. O motivo de Kamélia ser tão apegada a coisas significativas como quadros, momentos e sentimentos. As cores. As sensações.
Tudo que era derivado a loucura e ainda assim, a mais pura graça.
Porque desde que se entendia por gente, a imagem de sua mãe pintando era a coisa mais clara que tinha diante todas as suas lembranças conturbadas. Diante de todo o caos interno. E ela quis seguir isso também. Ela quis ser o orgulho, mesmo que essa não fosse seu objetivo inicial.
Entretanto, levar um legado... não era tão fácil quanto imaginava ser.
Sua mãe, Margari Sorthur, era diferente. E para Kamélia, não importa quantas vezes tentasse, nunca seria capaz de alcançá-la. Na arte, na beleza, nos mais intensos sentimentos.
Ainda assim, não desistiria. Mas também não significava que precisaria sempre ser a boa garota de antes. Aquela que preferia a simplicidade das coisas ao invés dos desafios de verdade. Aquela que permanecia em casa, esperando algo bom acontecer.
Kamélia não estava mais em sua terra natal no Canadá. Não era mais a triste garota que perdera a mãe talentosa num terrível acidente de carro antes mesmo de concluir o colégio.
Ninguém a conhecia nesse novo lugar. Ninguém sabia seu passado. E se quisesse realmente fazer valer a pena, precisava começar aproveitando sua vida como nunca.
Mas isso estava totalmente além de seus limites e ela não era loucura.
Beber algumas dozes de álcool, ou até mesmo se afundar em álcool, tudo bem.
Se drogar com maconha e insulina era totalmente além e estava fora do seu ideal de diversão.
— Eu não quero, obrigada — ela recusou a oferta do garoto que havia se aproximado.
Havia oferecido um cigarro assim que entrou, no qual ela também recusou, e agora isso?
— Tem certeza? Não sabe o que está perdendo. É mais divertido assim, você nem vai perceber quando ficar chapada.
O garoto era alto, forte e parecia ter a mesma idade que ela. O cabelo platinado combinava com os olhos castanhos e a forma de sorrir era até que tentadora.
O problema é que estava lentamente começando a incomodar com tamanha insistência.
E Kamélia só queria se divertir um pouco como uma pessoa normal. Precisava disso antes de voltar para a galeria e receber notícias das quais provavelmente não desejaria escutar.
É por isso que havia decidido de última hora se juntar aos colegas da exposição quando a chamaram para sair.
Estava tão vazio quando chegara, mas agora, com essa quantidade absurda de pessoas, não encontrava-os em lugar algum.
— Ótimo, então você pode se divertir do seu jeito que eu vou continuar apenas dançando — disse, bebendo um pouco mais do soju.
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The Demon: heaven or hell? ❄ Kwon Jiyong
FanfictionO demônio. É assim que um dos maiores traficantes da Coréia do Sul é chamado pelos policiais e detetives que o procuram. Ninguém sabe quem ele é. Ninguém sabe onde ele se esconde. Ninguém sabe como tudo verdadeiramente começou. A única coisa que de...