Kamélia Sorthur
Kamélia sentiu o coração palpitar quando observou a caixa preta em cima de seu colchão branco. O envelope ao lado, numa cor reconhecível aos seus belos olhos.
Era a mesma folha daquela noite, dentro da galeria. A mesma folha cujo havia vindo junto ao maravilhoso buquê de flores.
E mesmo que houvesse ficado feliz noite retrasado por causa daquele ato após todo o caos, afinal, fora sua primeira carta na vida, não sentia-se mais tão contente assim.
Na verdade, seu coração batia rápido e ela estava assustada.
Como sabiam seu endereço?
Como entraram em seu lar?
Vivia em um apartamento afastado do centro de Seul e não tinha lá muitas pessoas que sabiam. Com exceção de Bae, óbvio, e alguns entregadores de comida fast-food.
Apesar disso, tentou ignorar o medo e se aproximou do objeto, afastando a sensação de que algo estava errado ao seu redor. Afastando a sensação de perigo.
"Vinho definitivamente combina com você. Tenho certeza que ficará maravilhosa usando-o hoje à noite, linda Kamélia."
Sentiu seu corpo tremer com a frase, e imaginou que fosse apenas isso, até que seus olhos pousaram no final do papel. Uma pequena continuação se encontrava escrita minuciosamente no local.
"E então, céu ou inferno?".
Dessa vez, a garota não respondeu. Apenas abriu a caixa, sentindo os olhos saltarem com todo aquele brilho. Dentro do recipiente, um vestido estava dobrado com delicadeza.
E sem notar, viu-se prendendo a respiração.
Kamélia não sabia como reagir. Estava espantada demais. Sua mente tentando assimilar os motivos de estar recebendo algo tão lindo e em troca de quê?
Seja lá qual a resposta, seu admirador tinha um ótimo gosto para roupas.
Passou a mão pelo tecido, tirando-o da caixa e caminhou até o espelho de seu quarto, depositando todo aquele tecido chique em frente ao seu corpo.
Era lindo. Simplesmente maravilhoso. E com toda certeza, bem melhor que qualquer coisa que tivesse dentro de seu guarda-roupa.
Mas seria certo usá-lo?
— Ele deve ser maluco — retrucou para si mesma, com os olhos em si. É verdade, o vinho combinava com ela. — Certamente alguém que eu devo manter distância.
Quando sua mãe estava viva, Kamélia e ela costumavam comprar roupas, esbanjando em lojas chiques e renomadas, como um passa tempo normal para uma vida nada habitual. E foi uma época feliz, até ela descobrir as dívidas acumuladas pela mulher. E que a diversão de mãe e filha, era na verdade, uma forma de sua mãe fugir da triste realidade.
Por isso havia parado de ligar tanto para beleza, e não tinha tantas roupas assim. Sequer sabia a última vez que entrou em um shopping ou comprou realmente algo em uma loja cara.
Kamélia amava a mãe, e sabia que ela havia sido uma mulher forte, uma mulher incrível, digna de muitas coisas. Mas também tinha seus defeitos, os segredos escondidos. E ela não queria ser assim também.
Ela respirou uma vez, depois outra, e outra.
Não conseguia parar de pensar nela mesmo se quisesse. Mesmo que tentasse com todas as suas forças. Mesmo que não quisesse esquecer, mas sim viver.
Então começou a se despir, juntando coragem para experimentar. E por alguns segundos, sentiu como se aquela roupa fosse feita exatamente para ela.
Kamélia estava linda, deslumbrante, como a noite de hoje também deveria ser.
— Céu ou inferno? — ela disse para si, os olhos vermelhos. — Qual é o verdadeiro significado disso?
Em qualquer outra situação, seu eu do passado de recusaria a usar algo assim. Um vestido de marca dado por alguém desconhecido. Um vestido que ela sabia que não era capaz de comprar ainda. Que sua mãe adoraria tanto quanto ela.
Presa ao passado.
Tinha que deixar as coisas para trás.
A pintora não demorou muito para se arrumar.
Tomando um banho gelado, passou um perfume no corpo e se permitiu maquiar como se fosse a pessoa mais importante que entraria naquela galeria em algumas horas. As madeixas escuras soltas, esvoaçantes, os olhos marcantes com um delineado gráfico, seus lábios vermelhos da mesma cor que o batom. E o vestido. Aquele maravilhoso vestido desconhecido, valorizando as curvas de seu corpo.
Qualquer pessoa que a encontrasse daquele jeito, ficaria abismado, comparando-a com a mesma garota que entrou na galeria.
Deixou o salto alto para calçar apenas quando fosse sair e se permitiu comer uma fatia de pizza em sua geladeira. O nervosismo parecia estar crescendo dentro de si e somente agora Kamélia parecia pensar melhor.
O que eles anunciariam hoje? Por que Bae havia passado aquelas informações daquele jeito, como se ela estivesse envolvida em algo?
Talvez fosse apenas coisas da cabeça dela. Falsas suposições.
Céu ou inferno...
A frase continuou rondando sua mente, quando ela saiu de casa, após trancar sua porta, e esperou o táxi chegar.
Estava rezando para tudo ocorrer bem hoje à noite. Estava rezando para os seus dias em Seul serem magníficos.
— Será que ele vai estar lá? — deixou a pergunta sair de seus lábios quando entrou no carro.
O homem excêntrico da galeria. Aquele que ajudou-a na boate, que lhe cedeu um espaço de sua casa temporariamente para a garota.
E como reagiria na frente dele? Ela não fazia ideia.
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Esse jantar... aiaiai
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The Demon: heaven or hell? ❄ Kwon Jiyong
Fiksi PenggemarO demônio. É assim que um dos maiores traficantes da Coréia do Sul é chamado pelos policiais e detetives que o procuram. Ninguém sabe quem ele é. Ninguém sabe onde ele se esconde. Ninguém sabe como tudo verdadeiramente começou. A única coisa que de...