Capítulo 6

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Kamélia Sorthur

Kamélia não esperava receber flores naquela noite. Entretanto, quando adentrou a sala dos funcionários outra vez, no fundo da galeria, deparou-se, em cima de suas roupas sujas de tinta, um belo buquê de camélias brancas enroladas em papel madeira.

Eram belas. Muito, muito belas. E por algum motivo, a garota sentiu seu coração aquecer com tamanho gesto.

Olhou em volta, não havia ninguém. Então se aproximou com um sorriso bobo nos lábios e notou um envelope escondido entre as flores.

Não sabia dizer exatamente quão grata estava por receber algo assim e se pegou imaginando quem, de todas aquelas pessoas cujo conversou na noite de hoje, seria o remetente.

Deslisou o dedo até a barra do envelope, prestes a abri-lo enquanto as camélias eram apoiadas pelo braço gentilmente e retirou o papel. Se sentia extremamente ansiosa. Como se algo muito bom fosse capaz de acontecer apenas por isso.

Todavia, quando seus olhos leram a informação que continham ali, Kamélia fez uma leve careta, tanto surpresa quanto confusa. O que era isso?

"Céu ou inferno, querida Kamélia?" É tudo o que está escrito no papel.

A letra é bela, suave e tem um ar desconhecido. Pinceladas finas e precisas, traçadas lateralmente como uma pintura, e confusas, assim como uma obra de arte.

— Céu ou inferno, querida Kamélia? — dessa vez, leu em voz alta.

Céu ou inferno, querida Kamélia.

Querida.

Kamélia.

Apesar de não ser religiosa, Kamélia sentiu o poder daquelas palavras. 

Céu ou inferno. Era uma escolha. Isso significava que ela precisaria fazer tal decisão? E em qual momento de sua vida? Embora tentasse desvendar, não era capaz.

Mas uma coisa era óbvia: essa pessoa sabia seu nome. E isso era estranho.

Mesmo que deixasse sua assinatura em todos os seus quadros, ninguém nunca desvendou o significado deles. 

Bem, até hoje.

Escutou o som de saltos finos baterem contra o chão e guardou o envelope entre as belas flores. 

Logo olhou para trás, avistando a diretora Bae, mas o contrário do que pensava que seria aquela sua "conversinha" de mais cedo, sua orientadora parecia calma demais.

— O que você fez foi extremamente errado — a mulher repreendeu.

— Eu sei, sinto muito — Kamélia disse, sincera.

Realmente sentia muito, mas não alteraria em nada aquele acontecimento caso outra chance como essas surgisse novamente em sua vida.

— Desculpas não são suficientes se você não está verdadeiramente arrependida, Kamélia. Tem noção disso? Você quebrou as regras. Regras que existem justamente para que não ocorra uma confusão. O que acha que acontecerá agora? Todos estão se sentimento extremamente enganados. Todos os outros artistas.

A diretora passou a mão por seu cabelo, preso num rabo de cavalo e suspirou profundamente. Estava esperando que Kamélia falasse algo, mas o que poderia dizer?

Tinha realmente quebrado as regras e não se surpreenderia se fosse desclassificada. Se os demais patrocinadores apenas desistissem de ajudá-la na carreira como artista.

— O que vai acontecer? — Kamélia perguntou.

Odiava suspense e o silêncio entre as duas estava começando a ficar incômodo, como aquela breve pausa nos filmes de terror antes de algo muito horrendo ou triste acontecer.

The Demon:  heaven or hell? ❄ Kwon JiyongOnde histórias criam vida. Descubra agora