Capítulo 17

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Kwon Ji Yong

Não estava nos planos de Kwon Jiyong adotar um animal.

E isso, apesar de não ter deixado transparecer em seu rosto um mísero segundo sequer enquanto seguiam viagem até a casa de Kamélia, o estressou para caramba.

Um bicho. Fala sério.

O demônio tinha tentado se manter distante de responsabilidades assim durante toda a sua vida e poderia facilmente passar a noite inteira discutindo com a garota sobre aquilo, negando e negando, até ela desistir, não ele.

Afinal de contas, não era culpa de Jiyong se ela havia sido inconsequente. Se havia se deixado levar pelo calor do momento, ao invés da razão, e agora, estava completamente encrencada.

Eram escolhas. E escolhas tinham consequências.

E consequências sempre precisavam ser encaradas.

Em qualquer outra situação, era isso o que ele faria. Seria sincero e explicaria, como um adulto, que aquela confusão era problema dela.

Só que negar aquele pedido significava negar o seu carisma e ele precisava levá-la para casa, pois sabendo que não só ele, como outras pessoas estavam atrás da pintora, deixá-la vagando por aí era algo que poderia custar muito caro futuramente. Por isso, foi obrigado a ceder.

— Você sabe como cuidar de um gato? — Kamélia indagou, com uma leve pontada de insegurança, quando o notou, olhando-a no fundo de seus olhos.

— Não — respondeu, simplesmente.

— Ele precisa de água e comida.

— Sobrevivência básica.

— Então pode fazer isso?

— Não irei matá-lo de fome se é isso o que está pensando, Kamélia.

— Não estou falando que você vai.

— Seus olhos parecem duvidosos.

— Não é sobre isso — falou, receosa.

— Então é sobre o quê?

Ele esperou uma resposta que fosse capaz de clarear sua mente, mas Kamélia se manteve em silêncio, acariciando o animal, que dormia em seu colo presunçosamente.

Encarando-a, ele continuou, com calma, quando ela não o respondeu:

— Se está pensativa, conte-me o motivo.

— Disse antes que não queria o gato.

— É verdade. E ainda não o quero.

— Por que então mudou de ideia?

— Porque cumpro os meus tratos.

Poderia não desejar um animal, mas tão pouco era um monstro. Quer dizer, mais ou menos.

Matar pessoas estavam em sua lista de atrocidades e ele não poderia ignorar isso, é verdade. Mas um gato indefeso estava muito além de sua péssima índole. Jiyong não tinha motivos para isso. Maltratar o bixano simplesmente por diversão.

— Precisa dá-lo carinho, Kang.

— Carinho? — o homem quase gargalhou com o comentário.

— Sei que vai alimentá-lo bem, mas ele também precisa de cuidados como esses.

— Não tenho tempo para isso, sinto muito.

Kamélia passou as mãos pelas madeixas escuras, percebendo que Joseph estacionar o carro. Ela olhou para além da janela, uma vila pequena de casas com três andares. A sua era a primeira, no segundo andar.

The Demon:  heaven or hell? ❄ Kwon JiyongOnde histórias criam vida. Descubra agora