– O que está acontecendo aqui?
Os três ficaram de pé e me encaravam.
Eram dois jovens e um homem mais velho.
Um dos rapazes ainda era um molecote, o outro devia ter mais ou menos a minha idade, e o terceiro, o que julguei ser um senhor, ergueu-se numa postura impetuosa, ficando bem mais alto que os jovens.
Ele tinha cabelos e barba levemente grisalhos, ombros largos e olhos perigosamente sérios.
Me senti intimidada em sua presença. Aquele par de olhos castanho pareciam me ofender.
– A caixa de lâmpada caiu, desculpe, vamos trazer lâmpadas novas. – Disse o rapaz que devia ter a minha idade.
– Fui eu, desculpe. – O molecote desculpou-se. O observei, devia ter uns quinze anos no máximo. Braços finos e compridos, cobertos por um moletom cinza surrado.
Foi então, que com um passo a frente, o homem mais velho se apresentou.
– Oi, eu sou o eletricista... – Ele esticou a mão para mim. – Estes são meus filhos.
– Ah, sim... – Fiquei presa em seus olhos castanhos. – Não disse seu nome.
– Miguel... – Ele disse por fim, percebi que segurava o riso, então apontou para os filhos. – Esse é Fabrício... – Apontou para o molecote e depois para o outro. – E este é Bruno.
– Eu sou Liana, herdei está casa. – Disse, mas me perguntei em seguida se isto era assim tão relevante na conversa. – Quer dizer, vou morar aqui.
– Já sabemos que era bem jovem, mas não sabíamos que era tão menina. – Ele então abriu um lindo sorriso. – Seja bem vinda à cidade. É uma pequena comunidade, mas todos aqui são muito hospitaleiros.
– Obrigada.
Miguel olhou a sua volta e para os filhos.
– Então... – Ele parecia um tanto desconcertado. – Bruno, pegue a moto e vá buscar mais lâmpadas... Enquanto isso vou usar as que sobraram inteira.
Ele olhou para mim e com aceno de cabeça, se foi.
Fiquei ali parada, olhando-os partir, até que meus planos voltam a minha mente.
– Senhor Miguel? – O chamei.
Ele virou-se, e voltou-se para mim.
– Sim?
– Pode me ajudar com uma coisa?
Ele olhou para os filhos, e eles se foram. E ele veio em minha direção, quando parou a minha frente, tinha um sorriso descontraído. Observei melhor o seu rosto, ele não devia ser tão velho assim... Seu rosto não tinha rugas ou pés de galinha.
– Por favor, só Miguel sim? – Disse, e olhou acima do meu ombro. – O que a menina quer?
– Tem uma escada ou coisa assim?
– Tenho uma no carro, mas é grande... Pode me explicar melhor?
– Tem um livro... – Apontei para dentro do escritório, e caminhei, sendo seguida por Miguel. – Mas está na ultima prateleira.
Miguel olhou para o livro em questão e sorriu. Depois me olhou de cima a baixo e ainda sorria.
– Tem um bom equilíbrio? – Perguntou.
Não entendi sua pergunta. Mas assenti.
– Está bem, tenho uma ideia. – Ele disse.
Deem oi para o 'papai'!
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Liana --------
RomanceLiana passou os últimos dez anos da sua vida em um internato religioso. Ao completar dezoito anos, ela quer recuperar sua vida.