Espreguicei-me na cama, com preguiça de levantar.Demorei a dormir na noite anterior, após levar um 'bolo' de Miguel. Eu havia me preparado para ele, preparado meu quarto. Imaginando em minha cama.
Virei-me e olhei para o grimório sobre a mesa de cabeceira.
Sentei-me, dei um nós nos meus cabelos e peguei o grande livro.
Folheei algumas páginas até para em uma pagina, onde uma fotografia antiga estava colada ali.
Haviam algumas mulheres, sentadas com suas roupas da época, como singelas damas. Reconheci a sala, era a grande sala do casarão. Elas seguravam xícaras de chá.
Eu queria ver os detalhes da foto.
Então, corri até o escritório e peguei aquela lupa.
Voltando ao quarto, pulei em minha cama e peguei o grimório. Observando cada detalhe da foto. Atrás delas, a lareira de mármore estava decorada por folhagens e velas altas. Havia também uma espécie de estrela feita de galhos.
No chão, á frente delas, um amontoado de folhas e uma espécie de panela ao meio. Lembrei do adia anterior, quando Viridiana tinha um caldeirão e folhas na mesma sala.
– Não acredito!
Fechei o grimório e desci da cama o segurando.
Caminhei descalça sobre o piso de madeira super limpo do casarão, e fui até a grande sala. O caldeirão não estava mais lá.
Observei ambas as lareiras, limpas, sem nada sobre elas.
A curiosidade sobre o passado me tomou. E pela primeira vez, decidi remexi em toda essa história sobre a Baronesa ser uma bruxa. Que espécie de Bruxa ela era?
Havia alguns cômodos no casarão, que estavam fechados, com moveis e bugigangas.
Fui até a cozinha, ainda carregando comigo o grimório, e encontrei Viridiana batendo claras em neve.
– Bom dia. – Ela disse, sem ao menos me olhar.
– Onde estão as chaves daqueles quartos fechados?
Ela então deixou a bacia sobre a mesa e me encarou, observou que segurava o grimório sobre o peito.
– Você está bem?
Assenti.
Ela então pegou a bacia e voltou a bater as claras.
– Estão na gaveta da mesa do escritório... – Disse, eu já corria para fora do quarto quando ela falou em voz alta. – Estou fazendo omelete para o almoço!
Não dei ouvidos... Provavelmente não veria carne naquela casa por muito tempo.
No escritório, livre de qualquer poeira. Observei as prateleiras limpas e ocupadas com poucos livros. Fui até a mesa e encontrei na primeira gaveta, uma argola de ferro com algumas chaves antigas.
Havia muitas coisas ali dentro. Além de muita poeira.
Eram cadeiras sobre uma mesa semi-desmontada. Algumas caixas repletas de coisas que me pareciam inúteis. Um grande guarda roupas estava em dos cantos. Abri, e ali ainda havia roupas antigas. E cheiravam mal, um misto de mofo e poeira.
Abri as duas grandes janelas e sai do quarto. Para que arejasse.
Fui até o segundo quarto e ali, encontrei os moveis, que de alguma forma reconheci. Eram lindas poltronas de veludo verde escuro, em madeira talhada. Eram as mesmas poltronas que estava na foto.
Não havia condição de mexer naquele quarto sozinha. Então fiz o mesmo que fiz no outro. Abri as janelas para arejar e voltei para o meu quarto, para tomar um banho e tirar de sobre mim a poeira daqueles cômodos.
Ao sair do quarto, já tomada de banho e arrumada, fui até a cozinha.
Viridiana tinha um livro de receitas antigo em mãos, e lia o mesmo enquanto mexia algo na panela de ferro antiga.
Cheguei perto e vi que era caldo de lentilha.
Sem saber o porquê, dei um beijo em sua bochecha e avisei que estava saindo.
– Vou a cidade. – Disse. Ela sorriu para mim, sendo surpreendida pelo meu gesto. – Quer algo?
Olhei para a panela e torci o nariz. Ela ainda sorria.
– Quero sim, um momento. – Ela baixou o livro sobre a mesa e fui mexericar enquanto ela abria uma gaveta do armário e pegava um papel que parecia aquele antigos papel que se enrolava pão. – Aqui, Leve até a Patrícia. Deixe essa lista com ele e volte para buscar depois, para que dê tempo a ela de reunir tudo.
Olhei brevemente a lista e debochei.
– Coisa de bruxa? – Perguntei.
Viridiana não se importou com minhas palavras.
– Sim, ela faz parte do coven.
– Percebi! – Disse, e sai.
Nos falamos nos comentários...
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Liana --------
RomanceLiana passou os últimos dez anos da sua vida em um internato religioso. Ao completar dezoito anos, ela quer recuperar sua vida.