Miguel (ponto de vista)

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Capítulo por Miguel

O cheiro dela não saia de minha memória. Não sei quantas vezes me senti de pau duro desde que provei um pouco dela... Como eu queria me afundar naquela garota!

Meu Santo Deus, ela tinha idade para ser minha filha.

Bruxa!

Estava sobre o feitiço dela... Sobre a tentação de sua pele clara, rosada e perfumada. De seus olhos esverdeados e intensos. Suas curvas suaves e perfeitas.

Em minhas mãos ainda podia sentir os cabelos macios dela. Lindos cabelos loiros, cheios e macios. Um perfume de cravo com rosas.

Na manha seguinte, tomei banho e vesti minha farda. Precisa trabalhar, sabendo dos meus compromissos na corporação. E aliviado, talvez assim colocasse meus pensamentos em ordem.

Contudo, foram às vinte e quatro horas de plantão mais dispersas de toda minha carreira militar.

Todos os meus parceiros de trabalho chamavam minha atenção vez e outra.

Quando voltei para casa, meu filho mais velho, Bruno, estava na cozinha. Ele havia acabado de completar dezessete anos e naquele ano, terminaria o colegial. Tínhamos planos de ele mudar-se para a cidade e cursar faculdade.

Vivíamos apenas nós três.

Claudia, que Deus a tenha, havia nos deixado no parto de Fabrício, nosso caçula.

Minha Irmã ajudou a criar os meninos, enquanto por muito tempo vivi o meu luto. Desde então estive sozinho, sem mulher alguma. 


Minha Irma tentou fazer com que eu me aproximasse de sua melhor amiga, Patrícia. Tivemos um breve relacionamento, nada mais que isso.

Não me apaixonei por ela, e não poderia continuar nutrindo planos de casamento quando não sentia nada por ela.

– Fiz bife. – Bruno disse assim que entrei em casa.

– Obrigado filho! – Toquei seu ombro.

Fui até o aparador, retirei minha arma do coldre e a coloquei na gaveta. Retirei a jaqueta da minha farda e sentei-me a mesa.

Bruno colocou uma bandeja cheia de bifes quase queimados. Ri disto.

– Sua tia não esteve aqui hoje? – Perguntei, pois ela sempre nos deixava comida.

– Passei na cafeteria mais cedo, quando sai da escola. – Ele dizia. – Ela não estava se sentindo bem.

– Onde está seu irmão?

– No quarto, ele disse que tá sem fome. – Ele então riu. – Tá é fugindo da minha comida.

– Eu também fugiria se não tivesse com tanta fome! – Disse ironicamente.

– Eu também! – Ele disse rindo.

Peguei dois bifes e coloquei em meu prato. Apesar de quase queimados, estavam bem temperados.

– Não vi sua moto lá fora... – Comentei.

– Ah, eu precisei voltar a pé da escola. Acabou a gasolina.

– Mas eu deixei dinheiro para a gasolina... – Disse, encarando meu filho, que a cada dia parecia mais com sua mãe.

– Eu esqueci o dinheiro em casa... – Ele disse, mostrando com o garfo as notas sobre a bancada. – Sei lá o que me deu.

– Amanha vamos com a caminhonete busca-la.

– Tá... – Ele deu de ombros e comeu de forma esfomeado aquela carne. Não havia mais nada que bifes para a janta. – Ah, pai... – Ele me olhou, falando com a boca cheia. – Vi a Patrícia hoje... – Ele soltou um risinho. – Ela perguntou pelo senhor.

Liana  --------Onde histórias criam vida. Descubra agora