Demorei um pouco para encontrar a rua onde havia estacionado meu Jipe. Todas as ruas pareciam iguais e me confundiram.Mas puta que pariu! Quando virei à esquina, minhas pernas falharam.
Eu havia pensado que já tinha levado uma dose extrema do absurdo de gostoso que o Miguel era, mas vê-lo usando farda, fez meu corpo aquecer.
Ele estava de frente ao meu Jipe. Recostado a sua viatura.
Firmei meus passos e continuei. Miguel olhou em minha direção e sorriu discretamente para mim.
– Boa tarde. – Ele disse, quando parei ao lado do meu Jipe, de frente para ele.
Sorri, o olhei de cima a baixo e não respondi.
Virei-me de costas e comecei procurar a chave do Jipe em minha bolsa.
Percebi que ele se aproximou, parando bem atrás de mim... Muito perto.
– Ainda estou esperando sua visita. – Murmurei, ainda de costas.
O ouvi abafar uma risada.
Virei de frente, já segurando o chaveiro.
– Quero te propor algo. – Ele falou baixo, olhando a sua direita.
Olhei na mesma direção, e vi que seu parceiro de profissão estava voltando.
– E o que seria? – Perguntei, olhando em seus olhos castanhos.
Observei ele olhando em meu decote, e depois em meus olhos.
– Quero te encontrar... Para conversar, é claro... – Ele olhou novamente para o parceiro vindo, cada vez mais próximo. – Mas precisamos ser discretos.
Ri.
– Eu falo sério, garota. – Ele disse.
Assenti. Pensando, e olhei seu parceiro se aproximando.
– Tudo bem... Me encontre no portão do casarão, hoje, às onze horas.
Miguel assentiu, sorrindo satisfeito e se foi.
Observei ele entrar na viatura, em seguida seu parceiro também e se foram. Só então entrei em meu Jipe e fui para casa.
Ao chegar em casa, já passavam das dezoito horas. Era inicio da noite. Dona Viridiana estava em seu quarto, podia ouvir a TV ligada.
Passei direto e fui para o meu quarto.
Tomei um banho e deitei em minha cama. Fazia calor naquela noite, mas ao invés de ligar o ar-condicionado, abri as janelas e deixei a brisa da noite entrar.
Olhei para o céu, e uma linda lua cheia abrilhantava a noite.
Voltei para a cama, usando uma camisola de algodão branca e sem nada por baixo. Deitei, e peguei o mesmo livro que estava tentando me concentrar a alguns dias. Mas, aquelas ervas que havia ganhado de Patrícia, estavam sobre a penteadeira, ao lado de minha bolsa, e eu fiquei as observando com a mente cheia de perguntas.
Foi então, que lembrei do grimório que Dona Viridiana havia comentado. Para que eu o pegasse para estudo, para conhecer um pouco de quem fora minha ancestral, a Baronesa.
Não havia voltado do escritório desde então.
Desci da cama e calcei meus chinelos e fui para o escritório.
Usei de toda a minha força para empurrar a mesa de madeira que ficava ao centro do cômodo para próximo da prateleira e subi nela. Ficando nas pontas dos pés, consegui finalmente alcançar o tal livro.
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Liana --------
RomansaLiana passou os últimos dez anos da sua vida em um internato religioso. Ao completar dezoito anos, ela quer recuperar sua vida.